Harry Potter salvou o mundo. Ao acabar com o bruxo Voldemort, o adolescente com a cicatriz em formato de raio na testa livrou a comunidade bruxa e trouxa (aqueles que não são bruxos, na literatura criada por J. K. Rowling na série de sete livros protagonizados pelo personagem). Por cinco anos, após chegar aos cinemas o oitavo e último filme da franquia que adaptou a história criada por Rowling, o universo de Harry Potter viveu em estado quase vegetativo – no máximo, com pequenos textos publicados no site oficial, Pottermore. Última grande criação da cultura de massas, iniciada com o primeiro livro, Harry Potter e a Pedra Filosofal, em 1998, o personagem não ficaria encostado por muito tempo. E não ficou. O ano de 2016 será lembrado como o ano em que a máquina de fazer dinheiro chamada Harry Potter voltou a acordar.
A partir da meia-noite entre domingo, 30, para segunda, o novo livro da saga do bruxo estará nas prateleiras do País). Trata-se de Harry Potter e A Criança Amaldiçoada, uma edição do roteiro da peça de mesmo nome que estreou na Inglaterra em junho. A história, escrita por John Tiffany e Jack Thorne, foi aprovada por Rowling, e mostra o personagem-título não mais sozinho no protagonismo da trama. Um Harry 19 anos mais velho agora divide os holofotes com Alvo, seu filho do meio, vivendo o primeiro ano em Hogwarts, escola de magia e bruxaria onde seu pai se tornou herói.
Rowling não participou efetivamente da criação da continuação da história de Harry porque ela tinha outros planos. A autora mergulhara no universo de Newt Scamander, conhecido apenas pelos fãs mais ferrenhos dos livros e filmes. Newt é o autor do livro Animais Fantásticos e Onde Habitam, usados por Harry e sua turma na escola. O primeiro filme estrelado pelo personagem, protagonizado por Eddie Redmayne, chega aos cinemas brasileiros em 17 de novembro. Rowling, que assina o roteiro do longa, anunciou que o filme dará início a uma cinessérie de cinco longas.
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No cinema, as aventuras mágicas se passam anos antes do nascimento de Harry Potter. No teatro – e agora nas páginas do livro A Criança Amaldiçoada -, a história se passa 19 anos depois daquela que ficou conhecida como Batalha de Hogwarts, quando Harry Potter e o bruxo Lord Voldemort duelam pela última vez – o nome do vencedor é óbvio, certo?
A saída esperta é tirar a importância de Harry em ambas as frentes. O personagem conhecido como Menino que Sobreviveu teve seu protagonismo, mas, para fazer a franquia crescer, é preciso ampliá-la. O próprio livro, que novamente sai no Brasil pela editora Rocco, não tenta seguir passos da literatura de Rowling. O livro não foi adaptado para a linguagem literária e manteve seu esqueleto de peça teatral, com descrições e muitos, muitos diálogos.
Perde-se nas descrições inventivas e nos personagens complexos que Rowling tanto foi capaz de criar ao longo de sete livros, principalmente quando novos rostos são apresentados nessa trama. Ainda é, contudo, o universo criado pela autora num guardanapo. E isso, por si só, é mágico.
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