Com falta de efetivo, bombeiros podem parar

Venâncio Aires é um dos municípios da região que poderão ter o Corpo de Bombeiros de portas fechadas neste mês, em razão da falta de efetivo. Estrela, Lajeado e Encantado também devem deixar as unidades sem atendimento. Segundo o comando regional, dos 205 bombeiros, 35 estão sendo empregados na Operação Golfinho. Aliado a isso, o pagamento de horas extras, que costuma ser reforçado no verão, desta vez sofreu um corte. Em Santa Cruz do Sul, ainda não se descarta que a unidade do Distrito Industrial tenha que fechar por um ou dois dias. 

“O efetivo está diminuindo e sem reposição. Nós já temos servidores que trabalham além da sua jornada, de forma voluntária. Mas chegou num limite, onde não temos mais essa possibilidade, de manter uma escala”, explica o comandante dos bombeiros de Venâncio Aires, capitão Gustavo Lock. Por isso, no dia 28 de deste mês, somente um telefonista ficará na sede da corporação para receber os chamados. O servidor será responsável por acionar os bombeiros de unidades vizinhas.  

Assim, ocorrências que normalmente são atendidas em poucos minutos terão que esperar até a equipe de Santa Cruz do Sul percorrer os 30 quilômetros que separam os municípios. Lajeado também poderá ser acionado para o atendimento. Além do tempo mais longo de espera, preocupa o fato de que os bombeiros de outras unidades podem ter mais dificuldade para se localizar. “Tem esse agravante. Quem vem de fora não conhece o município”, observa o capitão. Por isso, o servidor que atender aos telefonemas também precisará orientar, na medida do possível, os colegas. 

“O efetivo está menor e tivemos uma remessa de um quarto de horas em relação a dezembro de 2015. Chegamos no final do ano e temos a Operação Golfinho, o que diminui ainda mais”, reforça Lock. Dos 19 bombeiros do município, cinco foram enviados à Operação Golfinho. O capitão acredita que em 2017, caso o repasse de horas extras não seja ampliado, a situação poderá se agravar e a unidade ficará mais dias fechada. “É uma coisa que nós não queríamos estar vivendo.”

Espera por atendimento no dia 28 deverá ser mais demorada

Em Santa Cruz, remanejamento é a alternativa

Em Santa Cruz do Sul, segundo o comandante regional, César Eduardo Bonfanti, bombeiros da área administrativa estão sendo remanejados à operacional para suprir a falta de horas extras. O tenente-coronel não descarta, no entanto, que a unidade do Distrito Industrial tenha que ser fechada por um ou dois dias. “Nós estamos remanejando internamente nosso efetivo da parte administrativa para não fechar o Distrito. Não de forma permanente. Mas tem a possibilidade de que nós também talvez tenhamos que fechar”, ressalta. 

De acordo com Bonfanti, nesta época o pagamento de horas extras costuma ser elevado, já que parte dos homens é remanejada para a Operação Golfinho. Desta vez, no entanto, houve uma redução. “Tem uma carga horária que precisa ser cumprida, de 40 horas. E acima dessas 40 horas, os servidores têm direito a folga ou a hora extra. A nossa quantidade de horas extras caiu em um terço. Geralmente, no verão, nós tínhamos um acréscimo e agora diminuiu.” 

Os servidores da área de prevenção de incêndio também vão suprir a falta de efetivo. Isso deverá impactar nos prazos das vistorias. Sobre o fechamento das unidades, o comandante assegura que os municípios serão atendidos pelas cidades vizinhas. “As cidades vão ficar cobertas. Se der alguma ocorrência, Santa Cruz vai atender Venâncio Aires. Não é o ideal, mas é o que é possível.”

O que muda?

No dia 28 de dezembro, os moradores de Venâncio Aires e Mato Leitão que precisarem acionar os bombeiros poderão ligar para o 193. No entanto, o atendimento será feito pelas equipes de Santa Cruz do Sul ou Lajeado. Por isso, a chegada dos servidores deve demorar pelo menos meia hora. Em Lajeado, a previsão é de que a unidade fique fechada dia 30 e em Estrela, nos dias 22 e 27. Nesse caso, da mesma forma, quem fará o atendimento será a unidade mais próxima. A expectativa dos bombeiros é de que o governo do Estado sinalize com uma suplementação das horas até o fim deste mês, o que impediria fechamentos.