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Com brilho e resistência de ouro

Já não é mais tão comum, mas com frequência ainda se noticia em nosso meio, e nas páginas sociais do histórico jornal da comunidade, a nossa Gazeta do Sul, que ocorre a celebração de bodas de ouro, como é identificada a passagem de longos 50 anos de união de casais. É uma marca que de fato precisa ser destacada, diante também do visível enfraquecimento das uniões conjugais em tempos mais recentes, de um mundo de “relações líquidas” e menos sólidas, sobre o qual tem falado com propriedade o filósofo e escritor Zygmunt Bauman.

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Essa realidade já tem suscitado inclusive em nosso Estado, na região Noroeste, a realização de homenagens oficiais aos que atingem esse marco histórico. É o caso de São Paulo das Missões, que em 2022 aprovou lei concedendo o título de Honra ao Mérito a casais com no mínimo 50 anos completos de matrimônio ou união estável. De acordo com a vereadora Maria Regina Butzen, coautora do projeto, a homenagem é merecida diante da “situação difícil atual em que o vínculo familiar acaba se desgastando”, e que “a geração de hoje deve se espelhar no seu exemplo”.

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De fato, os tempos modernos têm colocado à prova a manutenção dos laços de casais, fragilizando as relações, em que o estresse impera cada vez mais e qualquer pingo de água é capaz de virar tormenta com poder de fortes estragos. Segurar as pontas nessas condições é um desafio diário para quem convive sob o mesmo teto, tanto que, num dos municípios onde também se presta a referida homenagem (Caibaté, da mesma região), é conferido o “Diploma de Convivência”.

Manter sólida essa convivência é tarefa árdua, testada a cada momento e que requer altas doses de tolerância, compreensão, renúncia, qualidades que, sabemos, andam em falta. De fato, isso não é fácil, conforme pode testemunhar quem vive uma história já de 44 anos de casamento (no caso, com nome estranho, bodas de carbonato, por isso, talvez, esquecidas pela primeira vez neste ano, o que de qualquer modo não serve de justificativa). Mas é inegável o esforço sempre reiterado nesse sentido, lastreado em uma base sólida, familiar e religiosa, que sem dúvida alimenta tais atitudes.

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Para quem está nesta prova, alcançar o ouro haverá de estar nas suas metas. Haverá de lembrar inclusive a origem de tal celebração, que seria da Alemanha medieval, de onde descendem seus ancestrais e onde já se festejava a conquista com o símbolo do ouro, por sua resistência, brilho e nobreza, que por certo caracterizam uma união mantida forte e inabalável durante tanto tempo. E, por fim, haverá de reafirmar que isso não fique só na promessa, significado que identifica originariamente a palavra “boda” ou “bodas”, do latim “vota”, ou “votum”.

Depõe a favor deste propósito o fato de se tratar de alguém que já passou pela política, onde procurava ser o mais fiel possível ao tão questionado cumprimento das promessas, o que, aliás, remete a mais uma virtude tão desafiada em nossos tempos: a fidelidade. Enfim, para atingir esse mérito, haverá de se ter ciência de que isso passa por campo minado, de muita exigência e sacrifício. Mas, também sempre é preciso ter presente que sem obstáculos é difícil chegar a conquistas fundamentais na realização humana, como maior segurança, estabilidade, paz interior e duradoura. Na véspera do Dia da Mulher, é momento oportuno para renovar a promessa de que vale a pena apostar nisso.

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Guilherme Bica

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