A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) divulgou a Sondagem Industrial do RS relativa a setembro. De acordo com o levantamento, o setor voltou a registrar queda da produção e do emprego e aumento da ociosidade e dos estoques. O principal problema apontado é a demanda interna insuficiente. Essa é uma dificuldade que não chega a afetar a região, que tem na exportação o ponto forte, mas serve de alerta.
O presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI) Santa Cruz, César Cechinato, diz que no caso de alguns segmentos da indústria santa-cruzense a redução da demanda interna e a situação da Argentina causam preocupação. “No entanto, o setor do tabaco, até por ser um cluster mundial de excelência, sustentabilidade e capacidade de produção, continua e continuará com excelente desempenho nas exportações”, pondera.
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O Índice de produção registrou 43,6 pontos. Bem abaixo dos 50, aponta contração mais intensa do que a esperada, considerando a média histórica do mês, de 49,8 pontos. Desde setembro de 2022, a produção teve dez quedas, dois aumentos e uma estabilidade. Já o emprego na indústria fechou 12 meses consecutivos de recuo. O índice de empregados marcou 47,7 pontos em setembro, um ritmo de queda mais intenso que o padrão para o mês, cuja média é de 49,3. Os dois parâmetros variam de zero a cem pontos, e valores abaixo da linha divisória dos 50 indicam queda em relação ao mês anterior.
A indústria gaúcha utilizou 69% da capacidade instalada, dois pontos percentuais a menos do que em agosto, e 2,4 abaixo da média histórica do mês. “A produção industrial gaúcha não conseguiu sustentar o crescimento de agosto e para os próximos seis meses, os empresários revelam menor otimismo e pouca disposição para investir”, alerta o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.
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Na análise trimestral da Sondagem, as empresas responderam quais foram os principais problemas enfrentados entre julho e setembro de 2023. Apontado por 44,2% dos entrevistados, o maior obstáculo foi a demanda interna insuficiente, 1,5 ponto percentual a mais em relação ao segundo trimestre. A alta carga tributária ficou em segundo lugar, mas o percentual de assinalações caiu de 34,4% para 33% no período.
A taxa de juros elevada foi o terceiro problema mais significativo, indicado por 28,4% das empresas. Foi o item que registrou o maior recuo em termos absolutos ante o trimestre anterior: baixa de seis pontos percentuais.
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Em relação às condições financeiras no terceiro trimestre, não houve grandes alterações na comparação com o trimestre anterior. O índice de satisfação com a margem de lucro operacional registrou 43,8 pontos no período, menos 0,3 ponto ante os três meses precedentes. Já o índice de satisfação com as condições financeiras das empresas recuou de 50,1 para 49,2 pontos. Os dois índices, abaixo dos 50, denotam insatisfação. O segundo registrou o menor valor desde o segundo trimestre de 2020.
O acesso ao crédito ficou pouco menos difícil na passagem do segundo (40,5 pontos) para o terceiro trimestre (41,4 pontos), em linha com o ciclo de cortes da Selic que ocorre no Brasil. Para os próximos seis meses, o otimismo dos empresários da indústria gaúcha em relação à demanda, já bastante moderado, tende a diminuir ainda mais na Sondagem.
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Apesar de o otimismo do empresariado gaúcho ainda estar abalado, sobretudo pela sequência ruim nos números, o mercado brasileiro pode mostrar uma capacidade de resposta positiva. Isso se deve ao crescimento, mesmo que em ritmo lento, da renda interna. “Não é possível afirmar que a demanda interna esteja em queda, especialmente no setor de alimentos”, destaca o economista e pró-reitor administrativo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Heron Sérgio Begnis.
Ele alerta, no entanto, que setores como o de bens duráveis são mais suscetíveis ao momento atual de renda e de crédito. “Assim, o que explica o desaquecimento da demanda por bens duráveis é a elevada taxa de juros”, afirma.
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O presidente da ACI, César Cechinato, concorda com essa posição. Diz que a redução dos juros, a partir das decisões do Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central, serve como um fator motivacional para a melhoria do ambiente econômico. Acrescenta a sinalização de uma reforma tributária sem tantos “jabutis”, possibilitando o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA), que não extrapole os 25% e uma “razoável disciplina fiscal”.
Begnis alerta que, além desses fatores, para incrementar o desenvovimento industrial é necessário um volumoso investimento na formação e qualificação das pessoas. “A indústria somente se desenvolve em ambiente de elevada capacidade intelectual e técnica. Por isso, podemos enfrentar um ‘apagão’ da mão de obra de mais alto nível, aquela capaz de gerar alta produtividade e inovação, que é base para a competitividade da indústria”, explica.
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A sequência de problemas apontados pelos empreendedores como dificultadores do desenvolvimento, na Sondagem Industrial do RS, coloca a falta de mão de obra ou o custo de profissionais qualificados como um dos cinco maiores empecilhos. Foi um dos que representaram maior crescimento, se comparado com o segundo trimestre. Aumentou 3,2 pontos percentuais.
Nem mesmo a reativação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), em Porto Alegre, anunciada pelo governo federal, é vista por Begnis como algo que supere a necessidade de reverter a escassez de recursos humanos na área de tecnologia. “A reativação do Ceitec é um dos caminhos, mas com a falta de qualificação não há como reduzir a dependência externa”, reforça o economista. O centro deve reiniciar a produção de componentes eletrônicos, como chips, que costumam ser importados.
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