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Com 31 anos de estrada, Green Day testa sua fórmula da juventude

“Ai, eu não gosto nem de pensar muito sobre isso, não”, brinca Mike Dirnt, o baixista do Green Day, ao telefone. O fato é que o Green Day completou, em 2017, 31 anos de existência, idade suficiente para, caso fosse uma pessoa, como eu e você, já ter emprego, apartamento alugado, alguns relacionamentos colecionados e a preocupação de pagar boletos que chegam pelos Correios aos montes. Dirnt, Billie Joe Armstrong (voz e guitarra) e Tré Cool (bateria) parecem ter encontrado uma fonte da juventude e preferiram não dividir a milagrosa fórmula com o mundo. Com o bem-sucedido disco Revolution Radio, lançado no ano passado, eles voltaram à simplicidade do punk pop com o qual se destacaram em meados dos anos 1990.

A banda tem circulado o mundo com o disco que chegou ao topo das paradas dos EUA. Até o momento, foram 103 apresentações somente em 2017. Com a adição das quatro e últimas datas, no Brasil, o Green Day transformará este no quinto ano mais ativo da banda desde o início da carreira. 

É Dirnt quem liga para o celular da reportagem, após a conexão realizada pela gravadora Warner Music falhar por duas vezes. Estava preso no trânsito do Rio de Janeiro, a caminho da Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca, para a passagem de som. O show será nesta quarta-feira, 1º. Depois do Rio, o grupo segue para São Paulo (Arena Anhembi, na sexta-feira, 3), Curitiba (Pedreira Paulo Leminski, no domingo, 5) e Porto Alegre (Anfiteatro Beira-Rio, na terça, 7). “A parte boa de ter lançado um grande disco, como esse, é que isso nos permite viajar o mundo. É o que nos faz querer continuar criando novas canções e poder tocar na frente das pessoas. Já faz um tempo que não nos encontramos com os fãs brasileiros, então será divertido mostrar essas músicas. Depois disso, partimos para casa.” 

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A última passagem da banda pelo País ocorreu em 2010, quando o disco a ser trabalhado era 21st Century Breakdown (2009), um álbum injustiçado pela sua época de lançamento – ele foi o sucessor do endiabrado American Idiot, o álbum com o qual o Green Day redefiniu o conceito de ópera rock para dentro da estética punk. O longo intervalo de oito anos também se conecta ao período mais sombrio da história da banda, quando, em 2012, Billie Joe teve um surto durante o festival norte-americano iHeartRadio, também transmitido ao vivo pela TV.

Irritado ao descobrir que a apresentação do Green Day seria encurtada, quebrou sua guitarra, gritou alguns palavrões ao microfone e ergueu seu dedo médio para quem quisesse ver. No dia seguinte, a banda emitiu um comunicado com um pedido de desculpas e o anúncio de que o vocalista e guitarrista da banda se internaria em uma clínica de reabilitação para tratar do vício em álcool e drogas prescritas. O incidente deu vida curta aos discos ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré!, todos daquele ano. Anos depois, Amstrong admitiu que a quantidade de lançamentos, três discos de uma só vez, era confuso e desnecessário – e ele tinha razão. 

Portanto, Revolution Radio é um disco que se encaixaria na discografia do Green Day antes de tudo ficar grande demais para o trio, em algum período entre a segunda metade dos anos 1990 até 2004, ano de American Idiot. Direto, embora não tão inspirado. Conciso no tempo e nas temáticas, sem inventar narrativas complexas demais. Revolution Radio é um disco sobre os tempos de hoje, sobre os Troubled Times, nome de uma das canções do disco que pode ser traduzida como “tempos conturbados”. Para o Green Day, são tempos de líderes insanos e de alienação nas tantas redes sociais existentes. 

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“Entendo que esse disco é mais direto porque não pensamos só e exclusivamente neste trabalho, entende?”, diz Dirnt. Enquanto Armstrong lutava contra a dependência química, o baixista acompanhava a mulher, Brittney Cade, em uma batalha intensa contra um câncer que se espalhava pela mama dela. “Era importante que tirássemos esse tempo”, avalia. Com mais tempo de ver e viver o que existe ao redor, não coube a Amstrong bolar uma narrativa intrincada como fez na carreira. “Vivemos o que a vida tinha a oferecer. Isso nos inspirou.”

Dirnt e o Green Day tentam, mas é impossível escapar da ação do tempo – as questões de saúde que surgiram em 2012 foram os alertas. Todos têm mais de 40 anos, afinal. Isso não os impede de querer sentir a juventude, mesmo que anos distantes. Uma nova coletânea, chamada God’s Favorite Band, a ser lançada no dia 17 deste mês, brinca com a religião. No site da banda, o anúncio: “E no oitavo dia, Deus criou o Green Day”. “Eu não me importo com o que vão dizer sobre isso”, diz Dirnt. “A piada é muito boa.” E ri, como garoto. 

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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