Escrevo hoje minha coluna de número 176. Desde novembro de 2013 faço este exercício de reflexão quinzenal sobre fatos do cotidiano, acontecimentos de vida, informação médico-científica, educação e, claro, psiquiatria. Nestes 7 anos, fica a satisfação de ser fiel aos ditames da minha consciência e aos meus valores profissionais e pessoais.
Gostaria de compartilhar com o leitor qual é a minha ideia acerca de um bom articulista de jornal. Penso que um bom colunista é aquele que foge do óbvio, que busca ser disruptivo e que nos provoque a pensar de forma diferente do senso comum, que não tenha medo de transformar em palavras sua visão dos fatos, mesmo que contrarie o establishment. Bons colunistas são polêmicos e nunca irão agradar a todos. O objetivo é botar as pessoas para pensar, concordando ou não.
No campo das informações médicas, acredito que um bom colunista deve ter domínio do assunto que escreve, com ética e sem sensacionalismo. Tornar público conhecimento sobre transtornos, medicamentos e tratamentos, desmistificando crenças e ressaltando temas de relevância social, com linguagem clara e sem rodeios. Com espaço limitado, exercitar o poder de síntese é fundamental.
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Na minha prática médica, tive a oportunidade de receber muitas pessoas no meu consultório em razão de minhas colunas na Gazeta do Sul. Mas acredito que algumas pessoas deixam de consultar ou não consultam por não concordar ou não gostar das minhas opiniões. Gostaria de deixar claro que minha função de colunista é escrever sobre aquilo que EU considero importante e relevante, dolorido ou prazeroso, indignante ou admirável. Como médico psiquiatra, o mais importante é o paciente, sem julgamentos, preconceitos ou desaprovação. Sempre com sigilo e respeito, e acima de tudo, com a verdade.
Ao longo desses 7 anos, recebi muitos elogios, críticas e algumas ofensas. Com as publicações nas redes sociais, as manifestações de apoio são muitas. O alinhamento de ideias me proporcionou conhecer pessoas muito queridas e inteligentes. Críticas e visões antagônicas fazem parte do processo dialético e são muito bem-vindas. Mas infelizmente há pessoas, normalmente escondidas em perfis falsos, que ofendem e atacam a pessoa e não as ideias. Coisa de covarde e de quem não tem conteúdo. Mas isso não me abala em nada: a caravana passa enquanto os guaipecas latem.
Aproveito para agradecer ao Jones Alei pelo convite prontamente aceito há 7 anos. Gosto muito de fazer parte deste qualificado quadro de colunistas. Quero continuar escrevendo e sendo provocativo, contribuindo para a discussão de ideias e informando as pessoas sobre saúde mental. É muito bom compartilhar alegrias, perdas, indignações e conhecimento médico através da escrita. Polemizando e informando, gostem ou não (risos). Esse foi o compromisso assumido na minha primeira coluna. Abraços a todos os leitores.
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