A estação florida do ano iniciou no Hemisfério Sul nesta quarta-feira, 22 de setembro, e se estende até 21 de dezembro, com a chegada do verão. Junto a chegada da Primavera, temos o Dia da Árvore, comemorado no Brasil neste 21 de setembro. A época está ligada ao reflorescimento das plantas, fazendo surgir paisagens coloridas do chão até o topo das árvores.
A data que lembra um bem essencial para o equilíbrio do planeta, as árvores, tão próxima do início da primavera, simboliza o propósito de conscientizar a população sobre o desmatamento e a importância de preservar recursos naturais. Quem tem colocado em prática no dia a dia não somente o cuidado, mas a renovação desta forma de vida, é o morador de Passa Sete, Hélio Scherer, 73 anos. O comunicador, radialista e jornalista aposentado, encontrou em sua propriedade um refúgio, para descansar e fugir da rotina apressada dos dias. No entanto, o que nos levou até ele, foi um hobby que tornou-se compromisso: plantar árvores e semear o futuro.
O que surgiu como uma ideia, transformou-se em uma prática incentivada à família. A esposa de Hélio, dona Laura, quem o auxilia diretamente neste cuidado com o amplo jardim da residência na área central de Passa Sete. Os filhos e netos também tem participação, com árvores plantadas por eles e uma casinha na árvore que está ganhando contorno. O espaço é um encanto e muda conforme as estações do ano. Segundo Scherer, que mostra com orgulho cada árvore que cresce naquele lugar, cada planta possui o seu próprio tempo para se desenvolver. Não se pode ter pressa, é preciso acompanhar o processo e então desfrutar dos diversos benefícios que trazem.
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Desde 1992, quando construíram a nova morada sobre o terreno, é possível admirar a paisagem também através das janelas amplas. Ora repleta de folhagens verdejantes, ora coloridas com as flores ou o tom alaranjado do outono, ou ainda se despedindo das folhas para viver um novo ciclo, mas sempre estão lá, imponentes.
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Quando a chuva cai, ou em dias mais reclusos em casa, a cada novo passeio pelo jardim, conforme Hélio, é sempre tempo de descobertas. Flores surgindo, pequenas mudas que ganham tamanho e se incorporam às árvores com mais idade. “Aqui a natureza que manda, é tudo natural. Laura ganhou algumas mudas para plantar recentemente. A gente sempre acha que não vai ter espaço, mas sempre dá para plantar mais algumas”, conta ele, que dedica boa parte dos dias a esta atividade. Os passarinhos são seus parceiros nesta empreitada. “Eles me ajudam. Os passarinhos e o próprio vento”, acrescenta Scherer.
Das três propriedades da família, nas quais costumam dedicar-se ao plantio, para se ter uma ideia, somente na residência que fica às margens da ERS-400, próximo a Escola Cristo Rei, em aproximadamente um hectare de terra, encontram-se dezenas de variedades de árvores nativas, de frutas silvestres, e outras provenientes de distintos continentes, como Acer Palmatum, Liriodendrum, Liquidambar, Tacsodium, Castanha Européia, entre outras. As árvores são provenientes de sementes que chegam com os passarinhos, pelo vento, ou de mudas adquiridas, ganhas ou produzidas por Hélio. “A nossa Mata Atlântica tem muitas riquezas”, destaca Scherer, recordando também de árvores conhecidas como “do mato”.
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O amante da natureza já não consegue quantificar as árvores plantadas ao longo das décadas. “Eu perdi a conta. Teve um período que aos fins de semana plantava sempre mais do que sete árvores, dez, vinte, até trinta, então cheguei à conclusão que havia plantado mais do que uma árvore por dia, em média, durante um certo período”, destaca. O exemplo passado aos filhos, deseja que seja seguido também pelos netos e, porque não, por todos nós, que precisamos cuidar deste nosso lar chamado “planeta”.
Araucária, a árvore símbolo de Passa Sete, é uma das espécies que tem recebido constante produção de mudas e plantio pelo casal nas áreas que possuem no interior, além da distribuição de sementes para amigos e projetos que envolvem a comunidade, como um realizado há alguns anos, no qual estudantes receberam sete sementes cada para plantar na propriedade dos pais ou familiares, ou ainda, a muda que é entregue para a família de cada bebê que nasce no município, desde o ano passado. “Este ano deu uma grande produção em um único pinheiro aqui. As caturritas vão lá e derrubam. Então quando os pinhões já estão no chão juntamos em um cesto, não derrubamos a pinha. Esse ano deu bastante em uma única árvore”, destaca o entusiasta, que distribuiu grande parte desta produção.
Ainda sobre a ligação com as árvores, conforme resgata Scherer, quando Passa Sete emancipou-se, foi convidado a assumir a Secretaria de Administração e a contribuir, tempo depois, com a criação da Festa do Pinhão. “Neste período fui pesquisar a Araucaria Angustifolia, o nosso pinheiro, então tem na prefeitura a Lei que instituiu esta como árvore símbolo do município, com todas as justificativas”, destaca Hélio sobre o projeto que elaborou. Ele ainda acrescenta que, a excluir-se a Avenida Adolfo Emílio Karnopp, que já tinha denominação, as demais ruas do município receberam nome de árvores, por sua sugestão.
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A paixão pelas árvores, remetida à infância, ganhou força ao estudar na Escola Rural de Vila Gramado, em Sobradinho, participando também do Clube 4S, sendo incentivado à agricultura, o que permaneceu quando estudou em Instituto de Educação Rural de Osório, obtendo conhecimento em matérias técnicas como horticultura, olericultura, apicultura, entre outros.
Foi em 1984, quando o jornalista e empresário vendeu o Jornal da Serra/Paladino Serrano (atual Gazeta da Serra), do qual esteve à frente por aproximadamente dez anos, que comprou a área onde reside atualmente e passou a se dedicar, entre outras funções, ao plantio de árvores. “Cerquei todo o terreno em volta, plantei hortênsias e comecei já naquele ano a plantar árvores. Existiam apenas plataneiras, um cipreste pequeno, um arvoredo antigo e eucaliptos”, recorda-se sobre a forma anterior do espaço, onde também ficavam casas antigas.
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Nos últimos tempos, especialmente, o hobby ligou-se também ao universo das palavras. Um poema e uma árvore por dia, formularam um auto-desafio do escritor, membro da Academia Centro Serra de Letras. O resultado foi o livro Bem ditos e Mal ditos, publicado em 2015 pela Editora Centro Serra e muitas mudas de árvores plantadas. Estão são apenas algumas das ramificações (iniciativas) e contribuições. Sementes germinadas no passado, presente e futuro para inspirar gerações: “Plantar é um ato de poucos minutos e cuidar de uma árvore é algo que nos dá prazer para toda a vida”, enfatiza.
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