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TRADIÇÃO

Colono e Motorista: feriado para celebrar as tradições movimenta o interior de Santa Cruz

Foto: Albus Produtora

Chuva deu trégua e permitiu o desfile das mais de 20 sociedades presentes no 56º Encontro de Sociedades de Damas e Cavalheiros

O frio e a chuva fina não atrapalharam a participação do público na grande programação de homenagens ao colono e ao motorista, neste feriado de 25 de julho, no distrito de Boa Vista, em Santa Cruz do Sul. Logo às 9h30, um culto ecumênico foi celebrado na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, promovido pela Sociedade de Canto Cruzeiro do Sul, que completa 96 anos em novembro.

A celebração foi marcada por intercalar as falas de religiosos com canções interpretadas pelo coral Cruzeiro do Sul, do próprio distrito, formado por 19 homens. Um dos momentos mais marcantes do culto foi quando pessoas, caracterizando um grupo de agricultores, entregaram verduras, hortaliças e outros produtos para os participantes, simbolizando o trabalho.

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“Esse é um dia muito festivo, porque lembramos nossas origens, daqueles que vieram da Alemanha e colonizaram. Essa distribuição de alimentos é simbólica, mas é o que acontece até hoje; eles que põem o alimento na nossa mesa, sem contar a homenagem aos caminhoneiros, que carregam nossas riquezas para todo o País”, comentou Ingo Paulo Stertz, de 75 anos, que há 15 é diácono da paróquia de Linha Santa Cruz.

“Precisamos, neste dia, mais do que nunca, reconhecer a vida dessas pessoas, porque tanto o colono quanto o motorista prestam um serviço à comunidade. São pessoas que fazem diferença na sociedade”, complementou o pastor Jandir Sossmeier, de 60 anos, que completou nessa terça-feira, 25, cinco anos atuando na Paróquia de Monte Alverne. Ele animou os presentes no culto com momentos musicais. “Podemos sempre usar a música para animar a sensibilizar as pessoas”, disse o religioso, que trabalhou por sete anos na Igreja Evangélica na Alemanha, antes de vir a Santa Cruz do Sul.

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Schafkopf na mesa

Mesmo com a chuva fina, a carreata foi mantida e saiu da igreja em direção ao Ginásio de Esportes Cláudio José Schaefer, onde estava marcada a sequência dos eventos do dia. No caminho, diácono e pastor abençoaram os veículos. O local ia ficando lotado à medida em que o público estava chegando do culto, mas as batidas em uma das mesa atraíam a atenção de qualquer um que passasse próximo. Um grupo de quatro animados moradores da região disputavam um tradicional jogo de cartas alemão, o Schafkopf.

As batidas na mesa, aliás, davam o tom do jogo: geralmente desferidas na hora de descartar uma carta ruim, elas indicam que o apostador recebeu, antes, uma carta boa. Conforme um dos jogadores, o aposentado do setor do tabaco Renato Stulp, de 60 anos, que mora em Alto Boa Vista, Schafkopf, em alemão, significa cabeça de ovelha, que é uma alusão ao impacto da cabeçada desferida pelos ovinos, quando arredios. “Jogo desde criança, e sempre disputamos as partidas quando estamos aqui”, disse Renato.

Um grupo disputava o Schafkopf, tradicional jogo de cartas alemão, com direito a batidas secas e fortes na mesa, atraindo a atenção | Foto: Albus Produtora

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Uma comitiva da Prefeitura, chefiada pela prefeita Helena Hermany, também marcou presença no evento. “O colono planta e o motorista transporta. Graças a eles podemos ter mais qualidade de vida e depositamos a eles, hoje, nossa gratidão”, salientou a prefeita. Um dos principais momentos do evento foi a chegada da coordenação executiva da 38ª Oktoberfest, que contou com a presença das soberanas da Festa da Alegria. Após o almoço, houve apresentações solenes e artísticas. Depois, teve início um baile, animado pelas bandas Magia Musical e Feliz em Festa.

Sociedades reuniram-se em Linha Monte Alverne*

Uma tradição de mais de cinco décadas teve prosseguimento na tarde dessa terça-feira em Linha Monte Alverne com a realização do 56º Encontro de Sociedades de Damas e Cavalheiros. Centenas de pessoas lotaram o salão comunitário para prestigiar as atividades, que começaram por volta das 14 horas, com a animação do Grupo Meninos do Astral. Além da prefeita Helena Hermany, secretários municipais e vereadores, esteve presente também a comitiva de divulgação da 38ª Oktoberfest, com a participação da rainha Camila Schaefer e as princesas Marília Fischer e Daniela Schoeninger.

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Para o presidente da Sociedade Lanceiros Gaúcho e anfitrião da festa, Roque Sehn, a preservação das tradições germânicas é uma tarefa passada de geração para geração, e as sociedades têm papel fundamental nesse trabalho. “Em 2023, completamos 110 anos de existência e há 56 realizamos essa celebração no mesmo dia, o 25 de julho.” Na sequência da programação, houve a recepção de mais de 20 instituições oriundas de diversas localidades do interior de Santa Cruz do Sul e de municípios vizinhos, todas com as tradicionais bandeiras fixadas nas lanças.

Em Linha Monte Alverne houve desfile de Sociedades de Damas e Cavalheiros | Foto: Albus Produtora

Entre as diversas autoridades presentes, uma das mais requisitadas foi o deputado federal Heitor Schuch (PSB), um dos principais defensores da agricultura familiar e das pequenas propriedades no Congresso Nacional. Para ele, muito da pujança existente no Vale do Rio Pardo só foi possível em função da colonização germânica e da cultura trazida e fixada por eles. “Muita gente acha que colono é uma palavra pejorativa, e não é; os colonos foram os pioneiros que abriram linhas e picadas e deram início a tudo isso que comemoramos hoje.”

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O parlamentar falou ainda sobre o pontapé inicial para as comemorações dos 200 anos da chegada das primeiras famílias germânicas ao Rio Grande do Sul, cuja comemoração será em 25 de julho de 2024. “Estou acompanhando isso, sei que já existem comissões em diversos municípios e coloquei o meu gabinete à disposição para o que for preciso. Acho que devemos fazer mesmo uma grande festa; afinal, um bicentenário só se celebra uma vez na vida.”

Depois de encerrado o protocolo, todas as sociedades tomaram seus lugares para o desfile no entorno da igreja e do salão comunitário. Quando todas já haviam retornado, foi realizada a tradicional polonaise, com a participação de dezenas de pessoas. Por fim, o baile seguiu no restante da tarde, com muita dança e animação. Não houve cobrança de ingressos, somente venda de lanches e bebidas no local.

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Helena anuncia recursos para grupos de damas e cavalheiros

Durante as celebrações, prefeita Helena assinou o repasse de recursos às instituições | Foto: Albus Produtora

A prefeita Helena Hermany aproveitou a ocasião para assinar a sanção da lei 9.341/2023, cujo texto autoriza o Executivo municipal a repassar até R$ 3 mil em premiação cultural para as sociedades de damas e cavalheiros de Santa Cruz. Para tanto, foi aberto um edital de chamamento público por meio do qual as instituições poderão se habilitar. O valor total é de R$ 150 mil, sendo que até 50 sociedades poderão se inscrever entre os dias 20 de julho e 2 de outubro, na Secretaria Municipal da Cultura.

“Fizemos isso porque valorizamos demais o trabalho de cada um de vocês em manter essas sociedades de pé. Sabemos o quanto isso é difícil e não queremos ficar só na palavra”, disse Helena. Ela ressaltou que essa tradição já se perdeu na Alemanha e por isso é tão importante preservá-la no Brasil. “Quero também cumprimentar aqui todos os agricultores e motoristas. Vocês plantam e transportam, são fundamentais para que a comida saudável possa chegar na mesa da população.”

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Essa dificuldade foi relatada por Marlise Grasel, presidente da Sociedade de Damas Sempre Verde, também de Linha Monte Alverne. Apesar da incerteza quanto à renovação dos quadros, uma situação percebida em todas as sociedades, ela acredita que as celebrações terão prosseguimento. “Os jovens já não participam tanto, mas, enquanto nós estivermos vivos e dispostos, tenho certeza que essas festas vão continuar.”

Ao comentar sobre a iniciativa da Prefeitura, Marlise diz que é de grande relevância para a preservação da cultura e das tradições do interior. “É excelente! Nós esperávamos por isso há muito tempo, porque está difícil de angariar recursos e honrar os nossos custos.” Segundo ela, o cenário já era difícil e ficou ainda pior depois da pandemia, período em que houve uma desmobilização geral em função das restrições para as atividades sociais. “Essa ajuda será muito boa e nós agradecemos muito ao poder público municipal.”

*Por Iuri Fardin

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