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Colônia: fé e exuberância às margens do Rio Reno

Às margens do grande Rio Reno, cidade de Colônia mantém sua importância desde o período romano | Foto: Acervo Pessoal

Com uma região metropolitana de quase 4 milhões de habitantes, Colônia (Köln) mantém a importância econômica e cultural desde os dias em que se chamava Colonia Agripina, capital da província romana Germania Inferior. Mais tarde, o Sacro Império Romano trouxe forte influência do norte italiano em suas tradições. O Carnaval, por exemplo, importado de Veneza, segue sendo intensamente celebrado na capital da Renânia do Norte-Westfália (Nordrhein Westphalen), cidade que destoa do noroeste e do norte da Alemanha por ter um espírito mais caloroso e hospitaleiro, materializado nos animados bares e na saborosa Kölsch, a cerveja da região. Em outra curiosidade local, pescoços e punhos do mundo homenageiam Colônia indiretamente desde 1709, ano em que a Água de Colônia (Kölnisch Wasser ou, em francês, Eau de Cologne) começou a ser produzida na cidade. A palavra “colônia” acabou se tornando sinônimo de perfume em várias línguas.

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Há muito para descrever sobre este belo e peculiar centro urbano, porém um ponto de interesse é, de longe, seu maior tesouro. Cidade relativamente pacata até o início do século 12, o lugar teve sua grandeza selada quando o arcebispo Rainald von Dassel adquiriu os ossos dos Três Reis Magos, que haviam sido surrupiados de Milão pelo Imperador Sacro-Romano Frederico Barbarossa.

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Sobre o local de antigos templos romanos e cristãos, à beira do portentoso Rio Reno, foi planejada uma catedral extraordinária, a maior megaestrutura do período medieval, para abrigar as preciosas relíquias bíblicas. Iniciada em 1248, a construção foi interrompida em 1473 e, por quatro séculos, o esqueleto da magnífica igreja se tornaria parte integral de Colônia.

No final do século 19, a redescoberta do plano original, aliada ao desejo de superar a arquitetura gótica dos invasores franceses recentemente expulsos, motivou a retomada da construção. O imperador Wilhelm I inaugurou a Catedral de São Pedro de Colônia em 1880, 632 anos depois do início da construção, almejando também afirmar a recém-criada nação. As torres gêmeas de quase 160 metros de altura (o dobro da catedral de Santa Cruz) representavam, na época, a construção mais alta do planeta.

A riqueza do exterior deixa a todos boquiabertos, mas tal êxtase artístico fica menor quando passamos pelas magistrais portas e avistamos a nave central do templo antropomórfico (em forma de cruz), com um nível de detalhes e riqueza artística espetaculares. A construção é, possivelmente, o ápice da arquitetura gótica, superando as magníficas catedrais francesas.

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A altura das paredes, construídas há mais de 700 anos, e os magníficos 8.300 metros quadrados de esplêndidos vitrais coloridos foram a forma genial encontrada para deixar que a luz celestial inundasse as cavernosas naves. Reforçar uma estrutura dominada por vidros de milímetros de espessura só foi possível graças às vigas e suportes laterais que formam o esqueleto do prédio sem prejudicarem o acesso à luz. Do centro da catedral, observa-se a estrutura típica das construções góticas, onde cada linha que sai do teto converge até o chão conectada aos pilares principais.

Emoldurando o altar, uma urna dourada guarda as relíquias de Belchior, Baltasar e Gaspar. Ao longo de mais de três décadas, dezenas de viagens de trabalho me levaram a Colônia e à vizinha Düsseldorf, permitindo várias visitas e momentos de reflexão na majestosa catedral. Ao desembarcar na envidraçada estação ferroviária central, colada à Kölner Dom, a primeira visão são as portentosas torres, a floresta de pináculos e as sinistras gárgulas que decoram a catedral às margens do grande Rio Reno. Muito mais do que um feito extraordinário de engenharia e arquitetura, as linhas que apontam para o céu atingem seu objetivo maior: tornarem-se fonte de inspiração e expressão da glória divina.

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Mais de cem artistas trabalham permanentemente na Catedral de Colônia, enriquecendo detalhes e recuperando o que é perdido pela erosão das mais de 120 mil toneladas de rocha arenítica usadas na construção. De alguma maneira, a edificação iniciada há mais de sete séculos, assim como a história e a fé testemunhadas pelas pedras da magnífica catedral, não cessará jamais.

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