Em se tratando de universo feminino, uma constatação é certeira: toda mulher na fase reprodutiva, seja de que idade for, já sentiu ou irá sentir os desconfortos da menstruação. Um dos mais comuns é a cólica, cuja manifestação pode ser pontual ou durar a vida toda, com dores de intensidade variável.
O fato é que as oscilações hormonais permeiam o dia a dia das mulheres, durante grande parte da sua vida. A imensa maioria das meninas vai menstruar antes dos 15 anos e vivenciar esses ciclos até a menopausa, que geralmente ocorre entre 45 e 55 anos. É, portanto, um processo fisiológico de longa duração e que merece ser compreendido, já que afeta o organismo como um todo.
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Também chamada de dismenorreia, a cólica menstrual é provocada pela liberação de prostaglandina, substância que faz o útero se contrair para eliminar o endométrio (camada interna do útero que cresce para nutrir o embrião), em forma de sangramento, durante a menstruação, quando o óvulo não foi fecundado. Pelo menos metade das mulheres, em alguma fase da vida, sente dores antes ou durante a menstruação.
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Conforme explica a ginecologista Denise Müller, com 25 anos de consultório em Santa Cruz do Sul, trata-se comumente de uma dor aguda, sentida de formas e intensidades diferentes em cada mulher. Apresenta-se como um aperto no baixo ventre, por vezes irradiada para todo o abdome ou a lombar.
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De forma intermitente, com curtos períodos de acalmia, quando muito forte pode estar associada a outros sintomas, como náuseas, vômitos, dor de cabeça e nas mamas, além de inchaço. Quando intensas, essas cólicas não só interferem na rotina da mulher como se tornam algo quase incapacitante.
Nesses casos, reforça Denise, é preciso estar alerta para a investigação de doenças relacionadas, como a endometriose. “Na presença desses sintomas, é importante que seja feita uma investigação para se ter o diagnóstico adequado e o melhor tratamento para alívio dos sintomas.”
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Além do levantamento da história clínica, exames de laboratório e de imagem ajudam nesse processo. Essa investigação mais detalhada vai identificar, por exemplo, se há ou não alterações patológicas no aparelho reprodutivo, que, além da endometriose, podem incluir miomas, tumores pélvicos, fibromas, estenose cervical, entre outros.
A frequência desse tipo de queixa na clínica médica é variável, de acordo com Denise. Entre as recomendações de tratamento estão atividade física regular, bolsas de água quente e hábitos alimentares saudáveis. Um detalhe importante, em qualquer situação, é que a automedicação não se torne uma rotina.
Possibilidades de tratamento
Mulheres com cólica menstrual primária, caracterizada pela liberação de prostaglandina, geralmente se beneficiam com a adoção de algumas medidas, como a prática de exercícios aeróbicos que ajudam a liberar endorfina, aplicação de calor local e dieta rica em fibras. Quando a dismenorreia é secundária, associada a algum problema no sistema reprodutor, pode ser necessário recorrer ao tratamento cirúrgico.
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Nos dois casos, entretanto, há o recurso de medicamentos anti-inflamatórios para alívio da dor. Esse uso, porém, não deve ser indiscriminado e requer acompanhamento médico. Pelo fato de os hormônios contidos nos anticoncepcionais causarem atrofia do endométrio, local de produção da prostaglandina, a pílula é indicada nos casos de dismenorreia primária, para mulheres com vida sexual ativa e que não desejam engravidar.
Não se acostume com a dor
Algumas mulheres “se acostumam” a ter uma série de sintomas desagradáveis e que, em muitos casos, são subestimados. Isso porque a cultura de que é normal mulheres sentirem dor ainda está, de modo geral, enraizada. Mas viver com esses sintomas não é normal. É, na verdade, indicativo de que algo precisa ser investigado e tratado.
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É o caso da endometriose, uma afecção (modificação no funcionamento normal do organismo) inflamatória provocada por células do endométrio. Em vez de serem expelidas, elas migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.
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A endometriose profunda é a forma mais grave da doença. Como hipóteses de sua causa, acredita-se que parte do sangue reflua através das tubas uterinas durante a menstruação e se deposite em outros órgãos. Ou, ainda, que a doença seja genética e esteja relacionada com deficiências do sistema imunológico.
A endometriose pode ser assintomática. Quando os sintomas aparecem, podem causar cólicas menstruais que, com a evolução da doença, aumentam de intensidade e incapacitam as mulheres no exercício de suas atividades habituais; causam dor durante as relações sexuais; dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação; e infertilidade.
Na menopausa, pela queda na produção dos hormônios femininos, pode regredir espontaneamente. Como forma de tratar, as mulheres mais jovens podem se valer de medicamentos que suspendem a menstruação. No caso de haver lesões maiores, elas devem ser retiradas cirurgicamente.
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