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2024/2025

Colheita da soja começa de forma antecipada; safra deve movimentar R$ 2 bilhões no Vale do Rio Pardo

Falta de chuva em dezembro e janeiro afetou desenvolvimento da planta e resultou em grãos miúdos ou defeituosos | Foto: Vinícius Bolzan/Prefeitura Rio Pardo

A colheita da safra 2024/2025 de soja no Vale do Rio Pardo já começou. De forma tímida e antecipada, por conta da estiagem, produtores já estão em meio às lavouras fazendo a retirada dos grãos. Com cerca de 11% de área já colhidos no Estado, a estiagem antecipou o ciclo da cultura, acelerando o amadurecimento e, por conta disso, sendo necessária a colheita das cultivares plantadas precocemente. O trabalho deve se concentrar no fim do mês e nas primeiras semanas de abril. 

Para quem já está em meio à colheita e também de acordo com as perspectivas de quem ainda iniciará o processo, as produtividades são muito variáveis, por conta do ano de La Niña – com chuvas irregulares –, seguido pela estiagem que afetou algumas regiões. “É um mosaico de patamares produtivos em toda a região, pois algumas mostram 60 sacas por hectare enquanto outras mostram 30 sacas. Então, fica difícil fazer estimativas próximas de quanto realmente ocorrerá de quebra, o que se terá com mais clareza após a colheita, com levantamentos da produção”, salienta o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise. Mas ele já adianta que apontamentos mostram quebra de 30% na região.

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Conforme Parise, de maneira geral a estatura da planta ficou abaixo do normal. Quanto ao grão, em algumas lavouras já colhidas o tamanho também ficou inferior ao normal. Porém, no geral das lavouras, o grão tem tamanho e peso, por conta da chuva de fevereiro que favoreceu as lavouras em enchimento.

Grãos sem uniformidade

Em Santa Cruz do Sul alguns agricultores estão nos preparativos para a colheita. Em São José da Reserva e Capela do Couto há registro de produtores com sacas colhidas. Mas as perdas também devem ser sentidas. Em laudo da Emater, a estimativa é de uma redução de 3.366 toneladas no município, totalizando mais de R$ 7 milhões de prejuízo. 

Em Vale do Sol, produtores já iniciaram a colheita na última semana. Por sua vez, Moisés Carvalho, 25 anos, da localidade de Linha Faxinal de Dentro, começará no início da semana a retirada do que foi semeado no começo do mês de novembro. Com quebras registradas nas últimas quatro safras, a expectativa dele é de que esta seja um pouco mais rentável. No entanto, a falta de chuva entre dezembro e janeiro afetou o desenvolvimento da planta – e, consequentemente, dos grãos – em cerca de 70% da área cultivada. Eles se apresentam sem uniformidade, variando entre grãos miúdos, defeituosos e bem formados. 

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“Com certeza haverá quebra novamente. Mas mesmo assim a expectativa é de se conseguir fazer uma boa colheita. No ano passado, a perda foi de cerca de 2 mil sacas em virtude da chuva. Por isso, nesse ano plantamos mais cedo para iniciar a colheita ao menos uns 15 dias antes”, explica. 

Na última semana, Moisés precisou aplicar dessecante em partes da área, para alcançar a uniformidade da lavoura e poder iniciar a colheita nos próximos dias. Nos 125 hectares plantados, em Vale do Sol, Vera Cruz e Herveiras, a estimativa é colher, em média, 25 sacos por hectare. “Gostaria de colher uns 50 por hectare, mas vai ser difícil. É uma loteria a céu aberto. O custo de produção está muito alto”, acrescenta ele, que calcula uma média de R$ 3 mil a R$ 3,5 mil o custo por hectare, no qual estão inclusos os insumos, como defensivos, adubo e diesel. Além disso, ainda soma-se o gasto com o arrendamento.

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“Para suprir esse custo, preciso vender cerca de 18 sacas. E hoje o valor dela está em cerca de R$ 125. Para que tivéssemos uma boa margem de lucro, o ideal seria estar em torno de R$ 170”, estima Moisés, que planta soja há sete anos e tem ampliado gradativamente a área cultivada. “Se a colheita desta safra for satisfatória, aumento mais um pouco na próxima”.

Produtores como Moisés Carvalho, de Vale do Sol, devem começar o trabalho nesta semana | Foto: Inor Assmann

Na região de Pantano Grande e Rio Pardo, a colheita já está num ritmo mais acelerado. Mas o quantitativo que está sendo colhido é frustrante para os produtores. Levantamento registrado no Decreto de Emergência assinado pela Prefeitura de Rio Pardo – maior município em área produzida –, no dia 25 de fevereiro, dá conta de que as perdas passam de R$ 190 milhões. Elas são resultado da quebra de mais de 20 sacas por hectare em 75,6 mil hectares de área plantada. A média de colheita cai de 55 sacas por hectare para 34,83. No momento, o preço médio de mercado do produto é de R$ 125,13, a saca.

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Pelo Estado

De acordo com dados estaduais da Emater/RS-Ascar, em grande parte do Rio Grande do Sul os rendimentos e a maturação permanecem sem uniformidade, reflexo da variabilidade na distribuição das chuvas ao longo do ciclo. Essa irregularidade climática impactou tanto a eficiência operacional da colheita quanto a qualidade final dos grãos. Menor peso e qualidade dos grãos, além de produtividade reduzida, são as maiores queixas. A produtividade inicial está menor que a estimada. A área de cultivo inicialmente projetada é de 6.811.344 hectares, e a produtividade média, em 3.179 quilos por hectare.

A falta de chuva, especialmente nas áreas com menor precipitação registrada em 9 de março, continua prejudicando as plantas em fases críticas, como floração, formação de vagens e enchimento de grãos. A insuficiência de volumes adequados de precipitação preocupa os produtores, uma vez que as perdas podem se intensificar ainda mais. Nas áreas sob estresse hídrico, os grãos apresentam tegumento enrugado e coloração esverdeada. Em casos mais extremos, observam-se perdas devido à abertura de vagens e debulha, além de um aumento significativo na demanda por cobertura do Proagro.  

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Já nas lavouras que sofreram com o estresse hídrico em janeiro, mas foram beneficiadas pelas chuvas de fevereiro e início de março, é possível observar vagens em diversos estágios de desenvolvimento, desde a formação inicial até o enchimento completo dos grãos, bem como a emissão de novas folhas nas plantas.

Safra vai movimentar cerca de R$ 2 bilhões no Vale do Rio Pardo

A atual safra da soja deverá movimentar em torno de R$ 2 bilhões brutos nos 28 municípios que compõem o Vale do Rio Pardo, com o aumento de 11,89% em relação ao ano passado. O cálculo tem como referência as estimativas de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do mês de dezembro de 2024, com base nos dados obtidos nas Reuniões de Estatísticas Agropecuárias (Reagros Municipais) e a cotação dos produtos agrícolas feita pela Emater/RS-Ascar na última semana. Os números podem variar até o final da colheita, de acordo com as tendências de possível aumento na quebra da produtividade e valores de comercialização.

A projeção para esta safra, no final do ano passado, apontou aumento de 7,05% na área de colheita da soja e o crescimento de 7,6% na produção em comparação à safra passada. No entanto, mesmo em dezembro, os dados do IBGE já apontavam a queda de 3,6% no rendimento médio por hectare, decorrente de condições climáticas desfavoráveis desde o início do plantio. O preço médio da sacao de 60 quilos na última semana estava 4% mais elevado em comparação à cotação do final de maio do ano passado.

O município com maior área de soja na região é Rio Pardo, com 23,45% de toda a extensão cultivada no Vale do Rio Pardo. Na sequência aparecem Encruzilhada do Sul, Salto do Jacuí, Pantano Grande, Candelária, Barros Cassal e Estrela Velha. As menores áreas de produção ficam em Herveiras, Mato Leitão, Vera Cruz e Vale do Sol. Entre os 28 municípios, apenas Estrela Velha, Pantano Grande, Rio Pardo e Salto do Jacuí apresentam parte das lavouras com sistema de irrigação.

Prognóstico de 2025

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