Na coluna anterior, recordamos da história de Johann (João) Beckenkamp, imigrante prussiano que foi cocheiro (Kutscher) e camareiro (Kammerdiener) de Dom Pedro II. Em meados de 1850, ele deixou o Rio de Janeiro para reencontrar sua amada Suzanna Herberts, que viera para o Sul.
Na Quinta da Boa Vista, o jovem conquistou a confiança do imperador. A pedido de Dom Pedro, ia ao porto receber os imigrantes, pois falava alemão e português. Foi aí que conheceu Suzzana, que estava de passagem para a colônia de Santa Cruz.
Apaixonado, Johann deixou a corte e veio atrás da jovem, que se encontrava em Rio Pardo. Naquela cidade, ocorreu o casamento em cerimônia mista, pois ele era católico e ela protestante. A união foi incomum para a época, e Suzzana precisou jurar que criaria os filhos sob as leis católicas.
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O professor Flávio Kothe (tataraneto do casal) acredita que os dois tenham residido por algum tempo em Rio Pardo. Lá, Johann recebeu o apelido de João da Ladeira (referência à rua onde morou). Também pode ter exercido alguma função de confiança do governo imperial, na alocação de imigrantes que vinham para a região.
Casados, vieram de muda para Linha Santa Cruz. Tiveram dez filhos e dedicaram-se à agricultura. João produzia vinho e foi tropeiro. Quando alguém queria um bom cavalo, pedia que ele fosse a Rio Pardo fazer o negócio.
Suzzana (falecida em 1904) foi parteira e ajudou no nascimento de muitos bebês. Em eventos especiais, o esposo (falecido em 1916) costumava usar roupas que trouxe da corte, inclusive luvas brancas.
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Johann deixou a Casa Real e viajou 1,6 mil km para viver com Suzzana no interior de Santa Cruz. Eles só foram separados na morte: como um era católico e outro evangélico, não puderam ser enterrados juntos. Ele está sepultado em Boa Vista e ela no antigo cemitério de Alto Linha Santa Cruz.
Colaboraram: Flávio Kothe/Elstor Beckenkamp/Clarice Beckenkamp
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