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Alerta

Clima favorece o aparecimento de animais peçonhentos

Aos 86 anos, o que Esterina Maria Cruxen não esperava mais era sentir uma dor tão forte quanto a provocada pelo veneno de uma aranha. O incidente aconteceu há cerca de uma semana, na casa onde mora, no Bairro Ana Nery. A idosa conta que foi até a calçada deixar um saco de lixo e, ao retornar para a moradia, perdeu o equilíbrio e se apoiou no portão. Nesse momento, sentiu um incômodo na palma da mão, mas não deu importância e seguiu o caminho para a residência. Foi então que se iniciou uma dor insuportável.

Sem saber como proceder, Esterina lavou as mãos com sabão no tanque e aguardou a chegada de um dos filhos para que a levasse ao hospital. Aos poucos, o ferimento inchou, provocou sensibilidade nos dedos e a dor subiu até o cotovelo. “Era uma dor diferente, uma dor como queimadura”, relata. Hipertensa, a mulher toma diariamente medicamento para controlar a pressão, que disparou para 27 por 13. Um susto e tanto. No hospital, passou a tarde em observação após ser medicada. A dor só desapareceu cerca de 48 horas depois.

Esterina não viu o animal que a feriu, mas foi informada pela equipe médica que a picada havia sido de uma aranha conhecida como armadeira. Segundo a bióloga do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Cynthia da Silveira, o ferimento desse aracnídeo é facilmente identificado, pois a dor é intensa. Além disso, provoca inchaço na região. Cynthia alerta que, para crianças e idosos, por terem a saúde mais frágil, o problema pode ser mais grave. De qualquer forma, ao procurar atendimento médico é realizado um exame para verificar a gravidade e, a partir dela, determinar se é necessário soro para neutralizar o veneno.

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Esterina sofreu dores insuportáveis após a picada da aranha

Foto: Rodrigo Assmann/Gazeta do Sul

Primeiros socorros

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Em acidentes com animais peçonhentos é necessário procurar atendimento médico urgente. Para aliviar a dor, a bióloga Cynthia da Silveira orienta alguns cuidados:

  • Para todos os casos, lave bem o ferimento com água e sabão (ou apenas água, na falta do produto).
  • Acidente com aranha ou escorpião: compressa morna.
  • Acidente com lagarta: compressa com água gelada.
  • Acidente com cobras: lave bem para evitar infecções.

Moradora afirma que há infestação de aranhas armadeiras

As condições climáticas são propícias para o surgimento de aranhas e outros animais peçonhentos nesta época do ano. Por isso, é importante estar atento. Moradora de um loteamento em Linha João Alves, Rosimeri Watte, 30 anos, afirma que há três semanas o aparecimento de aranhas armadeiras tem sido frequente. E o pior: elas estão invandindo as residências, o que não é comum. Até no fogão uma foi encontrada. “Só na minha casa foram mais de dez. Como é um loteamento novo, tem muita construção e terrenos baldios. Nem com veneno as aranhas vão embora.” 

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De acordo com a bióloga Cynthia da Silveira, o acúmulo de materiais de construção e a grama alta favorecem a proliferação de insetos, o que acaba atraindo aranhas. “O ideal é que os moradores entrem em contato com a vigilância ambiental para que um técnico avalie a situação e oriente o manejo adequado.”

COMO EVITAR

  • Manter jardins e quintais limpos, evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e material de construção nas proximidades das casas.
  • Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbustos, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada.
  • Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas.
  • Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas podem se esconder neles e picam ao serem comprimidas contra o corpo.
  • Não colocar as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres.
  • Quando for limpar jardins e quintais, o uso de calçados e de luvas de couro pode evitar acidentes.
  • Como muitos destes animais apresentam hábitos noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer.
  • Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques.
  • Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas, que se alimentam deles.
  • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas, colocar telas nas janelas.
  • Afastar as camas e berços das paredes, evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão, não pendurar roupas nas paredes.
  • Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que as aranhas se alimentam.
  • Preservar os inimigos naturais de aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos e coatis (na zona rural).

Animais peçonhentos comuns no período

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  • Aranha armadeira – Também conhecida como aranha do tijolo ou aranha-de-bananeira. Normalmente habitam áreas externas, locais escuros e protegidos. São encontradas em lenhas empilhadas, bananeiras e tijolos. São agressivas e podem saltar até 30 centímetros quando ameaçadas. Podem ter envergadura (distância entre um dos pares de patas) de até 15 centímetros. Nem sempre a picada aparece, porém, ela é identificada pela dor intensa e inchaço da região atingida.
  • Jararaca e cruzeira – Preferem ambientes úmidos e matos. No Vale do Rio Pardo, é mais comum o surgimento de jararaca. O veneno destrói tecidos e tem ação coagulante. Provoca também dor local, edema,  hemorrogia e sangramento.
  • Escorpião amarelo – Começou a surgir no Estado recentemente. A bióloga explica que é um problema de saúde pública porque ele se reproduz sozinho e gera sintomas fortes, que provocam “pane” no corpo (oscilação dos batimentos, dor e formigamento, náusea, vômito, agitação, apneia e até convulsão).
  • Aranha marrom – Diferente da armadeira, não é agressiva, é pequena (chega a medir 3 centímetros de envergadura) e prefere ambientes internos. Ficam escondidas dentro de casa. O acidente com esse tipo de aranha acontece quando ela é esmagada, momento em que libera veneno. A dor não costuma ser imediata. Geralmente, aparece um ponto preto no membro ferido, com uma bolha cercada por vermelhidão. A dor mais forte pode ocorrer até 24 horas depois. O ferimento causa necrose, muitas vezes sendo preciso remover a pele morta para que os tecidos possam se restabelecer. Dependendo da quantidade de veneno injetado e da gravidade do caso, pode provocar problemas renais ou mesmo anemia aguda.
  • Cascavel – Essa espécie costuma ser mais exigente com o ambiente. Já foi encontrada nas proximidades, como Butiá e General Câmara. Embora pouco comum, é o acidente com cobras que mais mata em razão da potência do veneno e da dificuldade em neutralizar o efeito. Alguns dos sintomas comuns são pálpebra caída, hemorragia, urina com cor escura, insuficiência respiratória aguda, dor intensa em todo o corpo e visão turva.
  • Mariposa (Hylésia) – As escamas do corpo batem na luz e acabam caindo. Ao entrar em contato com a pele, provocam dermatites. Quando há infestação dessa mariposa, é recomendado que se faça uma limpeza geral no ambiente, inclusive com troca de roupas de cama.
  • Aranha viúva-negra – Ainda não é comum no Estado, mas já foi registrado aparecimento desse tipo de aracnídeo em lavouras de tabaco. Por isso, é importante ficar alerta. Tem cerca de seis centímetros de envergadura e, geralmente, finge-se de morta, atacando somente após ser esmagada. Entre os sintomas estão náusea, vômito, salivação, retenção urinária e pálpebra caída. “Quem teve conta que a impressão é de que vai morrer. Sente dor em todo o corpo e até dificuldade de caminhar”, comenta Cynthia.
  • Coral – Embora seja comum em todo o Estado, são raros os acidentes com corais (o último teria sido em 2014). É pequena e não dá o bote, atacando somente ao ser atingida. Em razão das características dos dentes e da boca, nem sempre consegue injetar o veneno. Costuma estar entre folhas e em buracos. Apesar de acidentes com cascavéis serem os que mais matam, os com corais são mais graves por causa dos sintomas que provocam. “A musculatura para e a pessoa não consegue mais respirar”, diz a bióloga.
  • Taturana – É mais perigosa na fase de lagarta. O veneno nas cerdas causa hemorragia e sensação de queimadura. Costuma andar em grupo, de dia em troncos de árvores e, à noite, no topo das plantas. Diferencia-se de lagartas comuns por ter o corpo marrom e listras laranjas, e as cerdas mudam de cor conforme a fase (podem ser verdes ou marrons). Preferem ambientes quentes.

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