Oriundo de família tradicional e de continuada atuação política, Ciro Gomes foi prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro de Estado nos governos Itamar Franco (1993-1994) e Lula (2003-2006), deputado estadual e federal. Um extraordinário currículo!
Entretanto, com histórico pessoal de atitudes comprometedoras e ofensivas social e politicamente, o que determinou a ocorrência de dezenas de processos judiciais por danos morais alheios, Ciro revela um frequente viés de intempestividade e de extremo personalismo.
Aliás, o que provavelmente explica o rápido trânsito por inúmeros partidos ao longo de sua vida pública. Quais sejam, de acordo com o ano das respectivas filiações: PDS-1982 (antiga Arena), PMDB-1983 (hoje MDB), PSDB-1990, PPS-1997 (antigo PCB-Partido Comunista Brasileiro), PSB-2005, PROS-2013 e, finalmente, PDT-2015. Oito partidos!
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Desde a eleição presidencial de 2018, quando foi candidato pelo PDT, Ciro tem feito periódicas tentativas de aproximação e diálogo com o ex-presidente Lula (PT), no ânimo de protagonizar (ele, Ciro!) uma alternativa eleitoral da esquerda. E, agora, especialmente, em oposição ao bolsonarismo. Porém, todos os seus esforços foram em vão.
Na última semana, frustrado e incapaz de obter o apoio do lulo-petismo, Ciro “virou a mesa” e inverteu totalmente o polo de disputa. Depois de um bate-boca com o próprio Lula, e por tabela com Dilma Rousseff, ele revela sua nova estratégia eleitoral. Na verdade, é uma aposta, um “chute”.
Animado com seu ótimo desempenho em 2018, Ciro aposta que a dita terceira via – anunciada como de centro, a exemplo dos pré-candidatos Doria, Leite, Mandetta e outros – não passará de medíocres números, e que também Bolsonaro chegará fragilizado à disputa final. Logo, Ciro passaria a polarizar com Lula.
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Ou seja, inverte radicalmente o foco e polo eleitoral, e apresenta-se como uma alternativa via centro-direita. E, possivelmente, com alguns espasmos apoios da centro-esquerda, como seu próprio partido, o PDT. Aliás, partido imediatamente dividido com a atitude surpreendente de Ciro em relação ao PT. Muitos pedetistas preferem apoiar Lula.
Em outras palavras, se Bolsonaro, Doria e outros fraquejarem, sem expressão nas pesquisas prévias, desde já, em sua quarta tentativa em corridas presidenciais, Ciro lança suas derradeiras cartas e se apresenta como alternativa para enfrentar Lula (PT).
Essa suposição e equação enseja tanto elementos contraditórios quanto algum conteúdo lógico. Afinal, processos eleitorais são dinâmicos. Logo, seria uma calculada ousadia? Ou, simplesmente, uma reação intempestiva, ratificando o instável histórico emocional de Ciro?
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