Antônio Bartolo Júnior, 47 anos, foi criado no picadeiro. Malabarista, locutor, equilibrista e até vendedor (de pipoca, refrigerante, churros e brinquedos), ele se considera um cidadão do mundo. Nasceu em Vitória de Santo Antão, Pernambuco, mas já percorreu todo o País e a América Latina. Tudo por conta dos espetáculos circenses.
“Circo é para criança de 0 a 100 anos. Aqui não tem maldade. Vem família, vem criança, vem pai e avô”, diz todo orgulhoso. Até o próximo dia 27, o artista, a mulher, os três filhos e mais uma equipe de 50 pessoas estarão instalados no Parque da Oktoberfest. O motivo é a estada do Circo Italiano em Santa Cruz do Sul. Com apresentações diárias às 20h30, o lonão da alegria tem em suas performances atrações clássicas como malabarista, equilibrista, palhaços, globo da morte e conhecidos personagens infantis.
Representante da quinta geração de artista de circo por parte de pai e sétima de mãe, o malabarista Júnior diz se sentir realizado em poder contar com a família na estrada. É no interior do motorhome, batizado de “casa”, que afirma ter conforto. “Antigamente passávamos mais perrengue. Hoje o nosso fogão é igual (ou até melhor) que o das casas que você vê por aí”, exemplifica.
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Quando não está na direção ou no picadeiro, é no interior do veículo que cozinha, assiste a filmes com os filhos ou descansa no pequeno quarto de casal montado no fundo do ônibus. “Muitas pessoas precisam se programar para viajar e desbravar novos lugares. Eu posso fazer isso enquanto trabalho. Esse é o brilho.”
Picadeiro é o lugar preferido. Foto: Rodrigo Assmann.
“A burocracia está matando o circo”
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Bartolo Júnior diz não trocar a vida nômade por outra profissão. Até já tentou. Em 1994, aos 24 anos, mudou-se para a casa do pai, em Campinas, e trabalhou por seis meses como pintor. “Eu não aguentei. Ficar muito tempo em um só lugar, com as mesmas conversas e a mesma rotina, me angustiava. Para mim não tem vida melhor do que estar aqui.” Sabe, entretanto, que nem tudo são rosas. “A burocracia está matando o circo. O mais difícil para nós, hoje, é entrar na cidade e conseguir o apoio devido.”
CIRCO ITALIANO
Espetáculos diários às 20h30
Sábados e domingos também às 16 horas, 18 horas e 20h30Publicidade
Família envolvida
Minutos antes de o espetáculo começar, a família Bartolo se mostra ativa. Todos os membros, de alguma forma, contribuem para que o ditado “vida longa ao circo” seja cumprido. Paula, a mulher de Júnior, que já foi trapezista, hoje costura e confecciona as roupas especiais do marido e ainda vende brinquedos e objetos típicos dessa arte. Enquanto isso, o filho mais velho, Daniel, 14, auxilia na iluminação e sonorização.
Já Antônio Neto, 7, e Alice, 12, ainda são preservados pelo pai. A menina assiste à novela preferida no interior do motorhome. Já o mais novo corre e brinca pelo gramado no Parque da Oktoberfest. Nem por isso deixam de projetar um futuro nas lonas do circo. Aos poucos, Alice começa a ensaiar o número “força capilar”. Neto tem dois sonhos na ponta da língua: quer ser o Homem Pássaro e aprender a andar na corda, assim como o pai.
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Não é pelo envolvimento com o Circo Italiano, entretanto, que deixam de estudar. Amparados pela Lei Federal 6.533, a qual assegura a mudança de escola em escola, mediante apresentação de certificado da instituição de origem, eles frequentam as aulas na cidade onde estiverem hospedados. “É bom porque eles têm uma experiência única de vivência. Sofrido, pois precisam se acostumar a mudar”, complementa Bartolo.
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