Eis que ingressamos em agosto, e lá se vão cinco meses nos quais nos vemos às voltas com a pandemia em realidade de Brasil. Por uma série de razões, esse processo estende-se muito além do que era conveniente, muito além do que ocorreu em outros países, e com enormes decorrências econômicas e sociais.
De fato, o mundo todo enfrentou o mesmo drama, e alguns até seguem convivendo com ele. No entanto, poucas nações lidam ou lidaram de forma tão controvertida, tão desunida, com o tema como é o caso do Brasil, em que parece que nunca conseguimos concordar em nada em relação a tratamento, procedimentos ou a medidas a tomar, e onde a preocupação real com uma necessária retomada econômica fica em segundo (ou terceiro) plano em relação a qualquer outra coisa, até mesmo a completas futilidades.
O resultado é que cinco meses se passaram, as mortes seguem sendo drama diário, e não houve uma única medida que tenha tido um mínimo de consenso ou de união, nessa polarização ou grenalização inconsequente e improdutiva que hoje marca nossa realidade. E que a ninguém pode ou deve interessar, a não ser aos diretamente implicados ou envolvidos na grenalização, os quais, por vias tortas ou estranhas, conseguem monetarizar ou lucrar com um tal bate-boca sem fim.
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Assim chegamos a agosto, submetidos a cada final de semana à ameaça, já quase um bullying social, de uma bandeira entre vermelha e laranja, na esperança de que venha a haver um tempo sem qualquer bandeira. Sem qualquer bandeira mesmo, nem de pandemia, nem de polarizações e partidarismos que só fragmentam a sociedade, como um espelho trincado no qual nunca nos vemos inteiros. Faltam apenas cinco meses para o final de 2020, e, se ainda esperamos algo desse ano, devemos nos empenhar logo, juntos, centrados e concentrados no objetivo de arrumar a casa, por assim dizer. Essa casa é o Brasil.
Agora, é mais do que tempo de firmar projetos e metas de retomada efetiva, como se viu e se vê em dezenas de países mundo afora. Já não é mais possível transferir a terceiros (à pandemia, ao governo, ao acaso) a responsabilidade: ela é coletiva, do conjunto das instituições e organizações, e cada uma terá de fazer a tarefa de casa. Quanto à ameaça da Covid-19, enquanto teimarmos em não acatar determinações da Saúde, transformandonos, cada um, em “especialista” de Facebook, o vírus seguirá presente. Pior do que o vírus da Covid-19 parece ter se tornado o vírus da polarização, para o qual, ao que tudo indica, nunca haverá remédio (e nem vacina). Até onde estenderemos a teimosia em não levar a sério as regras? Como queremos que regras sejam obedecidas se as desobedecemos de forma tão afrontosa?
Ou tomamos ciência agora, ou nos próximos cinco meses só estaremos propondo que nem o Papai Noel possa aparecer. E, cá entre nós, não merecemos. Ninguém merece! Bom final de semana.
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