Cientistas de Harvard e MIT criam máscara que detecta Covid-19 em 90 minutos

Uma máscara facial criada por engenheiros da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ambas dos Estados Unidos, detecta se o usuário está contaminado pelo novo coronavírus em cerca de 90 minutos. O teste de alta precisão e baixo custo pode ser adaptado para indicar variantes ou outros patógenos, como bactérias e toxinas, conforme os pesquisadores.

Para realizar a testagem, o usuário deve primeiro utilizar a máscara por um tempo médio de 15 a 30 minutos. Após esse período, pressiona um botão no exterior do equipamento e, em cerca de uma hora e meia, os resultados aparecem na face interna da máscara. A interpretação é semelhante à leitura de um teste de gravidez: uma primeira linha de controle e uma segunda que, caso preenchida, indica contaminação.

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Um artigo publicado na revista Nature Biotechnology, nessa segunda-feira, 28, fornece mais detalhes sobre a invenção. A parte interna da máscara de papel é revestida por biossensores capazes de detectar partículas virais por meio do hálito e da respiração.

Inicialmente, esses biossensores estão liofilizados, ou seja, desidratados por uma técnica que conserva o material estável por um longo período de tempo – o método consiste em congelar a vácuo e depois retirar a água congelada por sublimação, do estado sólido direto para o vapor. Quando o usuário aperta o botão para realizar o teste, uma pequena quantidade de água é liberada, hidratando e reativando o material, que torna-se capaz de detectar a presença do Sars-Cov-2.

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Os engenheiros responsáveis afirmam que a tecnologia tem sensibilidade comparável aos testes PCR padrão-ouro (moleculares) mas com a vantagem do tempo – exames PCR demoram para ter os resultados divulgados. Outro atrativo está relacionado ao baixo custo para produção do dispositivo. Sem levar em conta a embalagem, foram necessários US$ 5 para produção do protótipo, o equivalente a cerca de R$ 25,00.

Segundo o artigo, o teste pode ser adaptado para identificar outros patógenos, como o vírus da gripe, e até diferenciar variantes da própria Covid-19. Além disso, o engenheiro Luis Soenksen, pesquisador da Clínica Abdul Latif Jameel do MIT, afirma que a tecnologia oferece múltiplas possibilidades de formato. Segundo o cientista, ela pode ser incorporada, por exemplo, a trajes militares com objetivo de detectar agentes químicos nocivos ou a jalecos de laboratório para alertar sobre a presença de superbactérias.

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A equipe já entrou com pedido de patente e procura parceiros comerciais para produção em larga escala. Ainda que não seja uma realidade até o final da pandemia atual, os pesquisadores acreditam que a invenção pode impedir o desenvolvimento de outras crises sanitárias no futuro. “Ao levar o laboratório até as pessoas, você pode obter uma resolução muito maior de quão rapidamente elas estão sendo infectadas”, opina Nguyen.

A pesquisa foi financiada pelo setor de inovação da Johnson & Johnson, o Grupo de Fronteiras Paul G. Allen e a Agência de Redução de Ameaças de Defesa, do governo americano, além de fundações ligadas às instituições participantes.

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Pesquisa com biossensores começou em 2014

Combinar biossensores com peças de roupas não é uma ideia nova. O projeto inicial que resultou na máscara utiliza descobertas feitas seis anos antes do início da pandemia do novo coronavírus. Em meados de 2014, o pesquisador James Collins, professor de engenharia médica e ciência do MIT, demonstrou que era possível extrair, liofilizar e incorporar ao papel mecanismos utilizados pelas células para detectar moléculas de RNA derivadas de patógenos, e junto a eles aliar uma proteína capaz de indicar a detecção, seja mudando de cor ou ficando fluorescente. Em um primeiro momento, essa abordagem foi utilizada para diagnosticar os vírus ebola e zika.

A pesquisa avançou em 2017 com a criação do método de sensores Sherlock, que utiliza enzimas para detectar ácidos nucleicos, sejam eles RNA ou DNA. Quando liofilizados e ativados pela água, esses sensores interagem com as moléculas-alvo e produzem um sinal, como uma mudança de cor. Mais recentemente, junto com Nguyen e Soenksen, Collins começou a testar a incorporação dos sensores em peças têxteis. O objetivo era criar jalecos para profissionais de saúde ou outras pessoas com potencial exposição a patógenos. A fase final do estudo coincidiu com a proliferação da Covid-19, no início de 2020. Com isso, os pesquisadores decidiram adaptar a descoberta e usar a tecnologia para criar a máscara de diagnóstico.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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