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Cientistas criam embrião sintético de rato com coração pulsante; entenda

Cientistas criaram embriões “sintéticos” de camundongos a partir de células-tronco, ou seja, sem o esperma do pai e o óvulo ou o útero da mãe. Os embriões criados em laboratório são semelhantes a um embrião natural de camundongo com até 8 dias após a fertilização, contendo as mesmas estruturas – inclusive batidas de uma formação semelhante a um coração.

No curto prazo, os pesquisadores esperam usá-los para entender melhor os estágios iniciais de desenvolvimento embrionário e estudar os mecanismos por trás das doenças sem a necessidade de tantos animais de laboratório.

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A façanha também pode fornecer as bases para a criação de embriões humanos em laboratório no futuro, para a realização de pesquisas. “Estamos, sem dúvida, diante de uma nova revolução tecnológica, ainda muito ineficiente, mas com enorme potencial. É uma reminiscência de avanços científicos espetaculares como o nascimento da ovelha Dolly“, disse Lluis Montoliu, professor pesquisador do Centro Nacional de Biotecnologia da Espanha que não faz parte da pesquisa.

Um estudo publicado na revista científica Nature por Magdalena Zernicka-Goetz, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e seus colegas, foi o mais recente a descrever os embriões sintéticos de camundongos. Um estudo semelhante, feito por Jacob Hanna e outros pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, foi publicado no início deste mês na revista Cell.

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Magdalena Zernicka-Goetz, especialista em biologia de células-tronco, disse que uma das razões para estudar os estágios iniciais do desenvolvimento é obter mais informações sobre por que a maioria das perdas em gestações humanas ocorre em um estágio inicial e por que os embriões criados para fertilização in vitro não conseguem se desenvolver em até 70% dos casos.

Estudar o desenvolvimento natural é difícil por muitas razões, contou, já que poucos embriões humanos são doados para pesquisa e os cientistas enfrentam restrições éticas. A construção de modelos de embriões é uma forma alternativa de estudar essas questões. Para criar os embriões sintéticos, ou “embrioides”, como descritos no estudo, os cientistas combinaram células-tronco embrionárias e dois outros tipos de células-tronco, todas de camundongos.

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Eles fizeram isso no laboratório, usando um tipo específico de prato que permitia que os três tipos de células se unissem. Embora os embrioides não fossem todos perfeitos, disse Magdalena, os melhores eram “indistinguíveis” dos embriões naturais de camundongos.

Além da estrutura semelhante ao coração, eles também desenvolvem estruturas semelhantes à cabeça. “Este é realmente o primeiro modelo que permite estudar o desenvolvimento do cérebro no contexto de todo o desenvolvimento do embrião de camundongo”, disse ela. As raízes desse trabalho remontam a décadas, e os pesquisadores disseram que seus grupos trabalham nessa linha de pesquisa há muitos anos.

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Os próximos passos dos cientistas incluem tentar fazer com que os embriões sintéticos durem além dos oito dias – com o objetivo final de levar a “gestação” a termo, o que acontece em 20 dias para um camundongo. Agora, eles “lutam para ultrapassar” a marca de 8 dias e meio, disse Gianluca Amadei, coautor do artigo da Nature. “Achamos que seremos capazes de fazê-los superar os momentos mais críticos para que possam continuar se desenvolvendo”.

O esperado é que, após cerca de 11 dias de desenvolvimento, o embrião não consiga ir adiante sem uma placenta, mas os cientistas esperam também encontrar uma maneira de criar uma placenta sintética. No momento, eles também não sabem se conseguirão levar os embriões sintéticos até o nascimento sem um útero de camundongo.

Os pesquisadores disseram que não veem a criação de versões humanas desses embriões sintéticos acontecer em breve, mas sim com o passar do tempo. Outros cientistas já usaram células-tronco humanas para criar um blastóide, uma estrutura que imita um pré-embrião e que pode servir como uma alternativa de pesquisa para um real, mas esse trabalho está sujeito a preocupações éticas.

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Por décadas, uma “regra de 14 dias” guiou o cultivo de embriões humanos em laboratório. No ano passado, a Sociedade Internacional de Pesquisa em Células-Tronco recomendou o relaxamento da regra em determinadas circunstâncias. Os cientistas enfatizam que o crescimento de um bebê a partir de um embrião humano sintético não é possível nem está sendo considerado.

“A perspectiva é importante nesses estudos, pois, sem ela, a manchete de que um embrião de mamífero foi construído in vitro pode levar a pensar que o mesmo pode ser feito com humanos em breve”, disse o biólogo Alfonso Martinez Arias, da Universidade Pompeu Fabra, na Espanha, cujo grupo desenvolveu modelos alternativos de desenvolvimento animal baseados em células-tronco.

“No futuro, experimentos semelhantes serão feitos com células humanas e, em algum momento, produzirão resultados semelhantes. Isso deve encorajar considerações sobre a ética e o impacto social desses experimentos antes que eles aconteçam”, disse.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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