A chuva que caiu na última sexta-feira em Santa Cruz do Sul deixou um rastro de destruição em locais que ainda nem haviam se recuperado da enxurrada do dia 28 de janeiro. Uma das ruas mais atingidas pela enxurrada de sexta-feira foi a Boa Esperança no trecho que passa ao lado da Unisc, no Bairro Universitário. No local, a filha e o genro de Juraci Quoos, de 59 anos, precisaram resgatar a moradora, que está em uma cadeira de rodas após um acidente.
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Na mesma quadra, a casa de Janete Almeida foi também destruída pela força da água. No chalé, que faz divisa com a Unisc, a enxurrada também entrou pelos dois lados, destruindo os poucos móveis que haviam restado dentro da residência e comprometendo sua estrutura.
Várias tábuas estão rachadas e podres, e o muro que fica aos fundos apresenta fissuras e corre o risco de desabar. “Da outra vez nós já perdemos todos os móveis, sobraram só dois balcões, e agora foi tudo. Tinha algumas coisas que a gente ia aproveitar e agora vão ter que ir para o lixo.”
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Moradora do local há cerca de 30 anos, Janete também afirma que nunca passou por situação semelhante. “Antigamente juntava água mas não dessa forma. Quando chegava a entrar na casa nós colocávamos os móveis sobre tijolos e resolvia, mas agora simplesmente não teve o que fazer, e veio muito rápido”, relata.
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A água trazida pela enxurrada tinha também esgoto, o que deixou os móveis e outros pertences inutilizáveis. “Foi roupa, foi louça, tudo. As minhas patroas me ajudaram, nós tentamos lavar mas aquilo está com um cheiro que não sai.” Com a casa condenada, Janete está morando em um espaço emprestado enquanto pensa em como retomar a vida daqui para frente.
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Relato semelhante é feito por Valdomiro Job de Souza e pela esposa Nerelice Souza. Proprietários de uma casa no terreno ao lado de Janete, eles dizem que a situação começou recentemente. “Nunca tinha acontecido. Antes juntava um pouco de água no pátio, mas depois que fizeram a canalização da Unisc isso tinha terminado. Agora voltou”, afirma Valdomiro. A residência, que é utilizada para locação, está atualmente vazia. Mesmo assim, o casal havia limpado tudo após a última enxurrada, e agora terão que repetir o trabalho.
Desastre estava anunciado no Germânia
Na Rua Professor José Soder, no Bairro Germânia, o desastre ocorrido em janeiro se repetiu – e ele era previsto. No trecho final da rua, existe um corredor onde a família Lessing mora há mais de 40 anos. O relato deles é o mesmo já proferido diversas vezes, por diferentes pessoas, de vários bairros: essa situação nunca tinha acontecido antes.
Os fundos do terreno são fechados pelos muros da residência vizinha e também da fábrica da Germani Alimentos, formando uma barragem que impede o escoamento da água da chuva. “O meu primo da outra vez já tinha perdido tudo e agora perdeu de novo. Meu tio mal consegue entrar em casa porque abriu um buraco bem no meio do caminho. A água chega, vai levantando e em questão de meia hora você não tem mais o que fazer”, diz Bárbara Lessing.
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“Vi que a enxurrada estava vindo e coloquei alguns panos na frente da porta para ver se não entrava tão rápido, para ter tempo de pelo menos levantar os móveis, mas é tanta água que não adianta”, completa Claudete Lessing. Moradora do local há 42 anos, ela diz que essas foram as primeiras vezes em que passou por essa situação.
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“A minha vontade é de sumir daqui”, diz morador
Ainda que os estragos dessa vez tenham sido menores, os transtornos continuam ocorrendo e preocupando os moradores da Rua Luiz Gama (também conhecida como Travessa Abrelino Pedroso), no Bairro Santa Vitória. A casa do casal Mário Lessing e Marlene Padilha foi, mais uma vez, invadida pelas águas, situação que já ocorre há pelo menos um ano e já foi duas vezes reportada pela Gazeta do Sul.
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Na manhã de sábado os dois, mais uma vez, estavam limpando o barro da área externa da casa. Cansada dos problemas que continuam se repetindo sem solução, Marlene se angustia: “A minha vontade é de sumir daqui.” A reivindicação do casal é para que a Prefeitura dê atenção aos bueiros do bairro e faça o nivelamento da rua, a fim de evitar que a correnteza atinja as residências mais baixas.
“Isso dá um desespero na gente. Aquela água vinha e eu dizia que não ia acontecer de novo. De repente veio mais uma enxurrada e começou a entrar e empoçar aqui, aí não adiantava fazer mais nada”, conta Mário. Toda vez que chove eles precisam puxar a terra e as pedras da rua para fazer uma espécie de barricada em frente ao portão, na tentativa de conter as enxurradas.
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