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MOBILIZAÇÃO

Chuva que atingiu Santa Cruz amplia atuação do Grupo do Bem

Foto: Rafaelly Machado

Voluntários entregam a ajuda onde for necessário, o que exige atuação constante, nos três turnos

A enxurrada que atingiu Santa Cruz do Sul no dia 28 de janeiro causou destruição e prejuízos a inúmeros moradores do município. Muitas pessoas tiveram as casas invadidas pela água e perderam todos os pertences. Na sequência da tragédia, o sentimento de solidariedade tomou conta da população, com doações de todos os tipos entregues no Pavilhão 3 do Parque da Oktoberfest. Juntamente com o esforço do Poder Público, o Grupo do Bem intensificou suas ações de apoio, com voluntários que trabalham sem parar desde então.

Com aproximadamente 30 integrantes atuando diretamente na assistência às vítimas das chuvas, o Grupo do Bem teve, nesses últimos oito dias, o período mais desafiador em seus 15 anos de atuação em Santa Cruz do Sul. “O trabalho está intenso, nós não paramos desde sexta-feira (dia 29) de manhã. Por volta das 7h30 reunimos o pessoal e começamos a entregar as doações. Foram umas dez caminhonetes cheias que deixamos no Pavilhão 3, muitos móveis, alimentos e roupas”, destaca a coordenadora Luciana Tremea.

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Os voluntários trabalham incessantemente nos três turnos para atender a todos os pedidos que chegam. “Tem muita demanda por alimentos, colchões, guardaroupas, geladeiras… São os mais variados pedidos. Nós temos conseguido atender praticamente todo mundo que nos pede”, acrescenta Luciana. Ela destaca que nem sempre é possível entregar os pedidos no mesmo dia, por isso é necessário um pouco de paciência. Apesar da tensão dos últimos dias, o Grupo do Bem não para. “Está muito bacana. É muito gratificante esse trabalho de ajuda. É assim que nós atuamos, entramos em becos, travessas, de onde vier a demanda nós estamos entregando.”

As doações são recebidas de pessoas comuns e também de empresas de Santa Cruz do Sul e da região. “São famílias, amigos dos amigos, e também existem muitas empresas. Chegam doações até de fora: ontem veio coisa de Vera Cruz, de Encruzilhada do Sul, Lajeado e Santa Clara do Sul. Na semana que vem chegará uma caminhonete com coisas de lá”, diz Luciana. Além dos cerca de 30 voluntários que atuam na linha de frente, existem outras 140 pessoas nas ações de apoio, recolhimento de produtos e articulação das entregas, dentre outras funções.

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Os desafios não impedem a solidariedade

Até mesmo os mais antigos moradores de Santa Cruz do Sul relatam que nunca haviam visto chuvas capazes de provocar tamanho estrago como as de 28 de janeiro. Os danos causados às ruas e residências obrigaram o Grupo do Bem a dobrar os esforços para atender tantos necessitados. “Para nós foi o período mais intenso de toda a nossa existência. Acho que a gente nunca tinha passado por isso e nunca tivemos uma vivência semelhante no que diz respeito às solicitações. Foi dos mais variados bairros, desde Verena, Xurupita, Beckenkamp… A gente não tem parada”, afirma Luciana.

Segundo a coordenadora, os voluntários têm consciência que são medidas paliativas, mas servem para amenizar o sofrimento da população atingida com a entrega de itens básicos de consumo. “O principal é o alimento. Porque a roupa você lava e amanhã pode usar de novo, mas a comida que foi consumida hoje amanhã já não existe mais. Então eu acho que a alimentação é a grande necessidade.”

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Demanda por itens é intensa em diversos bairros | Foto: Rafaelly Machado

Para 2021, o grande objetivo do Grupo do Bem é tornar-se uma organização não governamental (ONG). “Já estamos pesquisando e estruturando para começar a redigir todo o projeto e, posteriormente, encaminhar a documentação. A partir de uma ONG é mais fácil de captar recursos e inscrever projetos junto ao Poder Público. É o nosso grande objetivo para 2021, é o sonho de todos os voluntários”, enfatiza Luciana Tremea. Ela faz questão de destacar as várias empresas de Santa Cruz do Sul que apoiam o grupo, seja com doações ou com caixas de recolhimento de produtos.

Apesar dos mais de 15 anos de atuação, a coordenadora diz que o objetivo dos integrantes nunca foi a autopromoção. “Nós sempre trabalhamos quietos. Eram ações pontuais, pessoas anônimas, nunca quisemos muito alarde. Tanto é que nós só fomos aparecer nas mídias sociais em 2019. Até então eu não queria, não era para expor.” A pandemia da Covid-19 e os impactos causados por ela impulsionaram o trabalho do grupo. Antes dela, as ações se concentravam em datas comemorativas como o Natal e em incidentes como incêndios e desabamentos.

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