O setor agrícola do Vale do Rio Pardo comemorou as chuvas da última semana diante dos benefícios para a recuperação das lavouras de grãos. Nas duas primeiras semanas de dezembro de 2020, a precipitação em Santa Cruz do Sul alcançou 32% do total esperado para o mês, de acordo com as médias dos últimos anos. O montante é o suficiente para frear as perdas que produtores vinham tendo em culturas como a do milho e garante uma esperança de dias melhores para a soja e o arroz.
O plantio da soja, segundo a Emater/RS-Ascar, segue dentro da normalidade, com quase 100% da área semeada. Segundo o extensionista Josemar Parise, a maior parte da soja na região encontra-se em estágio de desenvolvimento vegetativo e foi favorecida pelas chuvas das últimas semanas, consideradas satisfatórias. “A soja está encerrando o plantio e a semeadura. Uma parte está em germinação e emergência, mas a maior quantidade, no desenvolvimento vegetativo inicial. No momento são realizados os manejos de controle de plantas invasoras e aplicação de adubos de cloreto de potássio em cobertura, quando for o caso.”
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Na semana passada, alguns pontos do Vale do Rio Pardo registraram até 70 milímetros de chuva, mas a média ficou entre 25 e 30 milímetros. Para a cultura do milho, a falta de chuva já afetou cerca de 30% da produtividade das lavouras do Vale do Rio Pardo, que até o momento apresenta 65% de sua área semeada. Cerca de metade da produção da região é plantada após a colheita do tabaco. “Grande parte dessas lavouras semeadas mais no cedo, entre julho, agosto e parte de setembro, foi atingida pela estiagem no mês de outubro. Afetou a planta na fase de florescimento, causando perdas estimadas de 30% na produtividade da cultura”, relatou o técnico da Emater/RS-Ascar.
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Apesar da perda na produtividade do milho, a cotação do produto, com o valor em alta, pode diminuir uma parte do prejuízo ao agricultor, principalmente se o nível de chuvas for mantido.
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Plantio de arroz
Dos 1.700 hectares de arroz irrigado semeados em Santa Cruz do Sul, 1.650 já estão em estado vegetativo, segundo o coordenador do Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) de Candelária, o engenheiro agrônomo José Fernando Rech de Andrade, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). O cenário é similar em municípios da região, como Venâncio Aires, Vera Cruz e Vale do Sol. A continuação de um período com chuvas consideradas satisfatórias é o que os produtores aguardam para os próximos dias.
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“Na safra passada, a partir de meados do mês de novembro, começou a estiagem mais drástica e a escassear os mananciais hídricos. Os produtores não conseguiram repor a água. No arroz, a irrigação é contínua, inundada por 80 a 100 dias. Este ano, até o momento, as lavouras estão inundadas. Embora os mananciais se encontrem em níveis baixos, as lavouras estão abastecidas. Mas é necessário repor esses mananciais com chuvas. Os rios e arroios como Andreas, Plumbs e Taquari-Mirim estão mantendo as lavouras, mas são necessárias chuvas mais fortes para abastecer e normalizar os mananciais.”
O engenheiro agrônomo do Irga explicou que em dezembro do ano passado os produtores de arroz já contabilizavam perdas na produção, o que não deve se repetir em 2020/2021, onde a instalação da lavoura em outubro foi considerada muito boa, assim como as condições climáticas, que foram melhores do que em 2019. O controle de espécies invasoras e a fertilização inicial foram executadas com bons resultados.
“Agora é sol na cabeça e água no pé para produzir o grão tão necessário para a segurança alimentar de nossa população”, completou Andrade. Para o Brasil, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa é de aumento de 3,5% na produção de arroz em 2020 no comparativo com o ano passado.
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