Pela segunda vez em pouco mais de duas semanas, Santa Cruz do Sul foi atingida por uma chuva torrencial, semelhante em volume e intensidade à que foi vista no dia 28 de janeiro. Equivalentes, também, foram os prejuízos causados aos moradores de diversos bairros do município, especialmente os localizados na zona norte, como Avenida, Universitário, Cohab/ Independência, Germânia, Renascença e Santo Inácio.
A estação meteorológica da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) chegou a registrar, em determinado momento, chuva com intensidade de 252 milímetros por hora, com volume total que ultrapassou os 90 milímetros em pouco mais de 40 minutos. Em algumas ruas em que a última enxurrada já tinha provocado estragos, mais uma vez os moradores tiveram as residências invadidas pela água e pelo barro, deixando um novo rastro de destruição onde a limpeza sequer havia acabado.
Agora, além da tristeza pelas perdas, a população demonstra também um sentimento de revolta, e cobra do poder público providências para que novos desastres como esse não se repitam.
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Uma das ruas mais atingidas pela enxurrada de sexta-feira foi a Boa Esperança, no trecho que passa ao lado da Unisc, no Bairro Universitário. Diversos vídeos e imagens que circulam pelas redes sociais mostram a via tomada pela água e por uma forte correnteza, que acabou invadindo mais uma vez as residências. Uma delas foi a de Juraci Quoos, de 59 anos.
Visivelmente emocionada, ela conta que os familiares e amigos ainda nem haviam concluído a limpeza da enxurrada anterior, e agora tudo terá de ser feito novamente. Além disso, os móveis e eletrodomésticos que haviam sido recuperados foram, agora, perdidos.
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Em função de um acidente que sofreu há alguns meses, quando quebrou o braço direito e a perna esquerda, Juraci está em uma cadeira de rodas, impedida de caminhar e de realizar os afazeres da casa. Quando o nível da água começou a subir e tomar conta da casa, ela teve de pedir socorro à filha e ao genro, que a resgataram.
“Isso aqui era um rio, com a água que vinha da rua em frente e também da Unisc. Já tiveram que me tirar daqui no colo duas vezes”, relata. Moradora do Universitário desde que nasceu, ela diz que nunca havia presenciado nada parecido. “Agora em 15 dias acontecer isso duas vezes, eu estou assim, entregando os pontos.”
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Bairro Renascença foi um dos mais atingidos
Cercado por morros que integram o Cinturão Verde, o Bairro Renascença foi um dos mais atingidos pela chuvarada. Ao circular pela Avenida Independência em direção ao entroncamento com a RSC-287, o barro e os entulhos nas calçadas denunciavam o estrago feito pela enxurrada.
Na Rua Oscar Hugo Martin, a correnteza que desceu pela Escola José Ferrugem arrastou carros, derrubou muros e invadiu as casas que ficavam abaixo do nível da via, causando prejuízos generalizados. Morador do local há pouco mais de um ano, o marceneiro Daniel Ferreira teve a casa e a oficina inundadas. “Dessa vez foi bem pior. Vem água lá do morro, desemboca na escola e desce pela rua. Tinha correnteza dos dois lados, parecia um rio”, comenta.
Muitos dos equipamentos de trabalho utilizados por ele foram danificados ou perdidos, assim como madeiras e outros materiais. A família dedicou a manhã de sábado para começar a contabilizar os prejuízos e iniciar a limpeza da moradia.
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Na casa ao lado, uma imagem rapidamente chamou a atenção. Um muro que dividia dois terrenos foi seriamente danificado pela enxurrada e, na tentativa de evitar um acidente, dois moradores trabalhavam para derrubar a estrutura. Depois de vários minutos, os esforços de Jackson da Rosa e Vanderlei da Silva foram suficientes para colocar no chão a parte mais perigosa do muro.
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