A chuva que atingiu o Vale do Rio Pardo entre sábado e a madrugada dessa segunda-feira, 13, provocou prejuízos em vários municípios. Além de transtornos como alagamentos e queda de árvores, em algumas regiões o vendaval foi tão forte que destelhou casas e derrubou galpões. Na agricultura, o excesso de chuva e a baixa incidência de sol também causam danos às culturas de grãos e hortaliças, bem como no tabaco que sofreu com o granizo. E pode piorar: para o restante da semana, a previsão é de grandes acumulados de chuva.
Um dos municípios mais atingidos foi Candelária, sobretudo nas localidades de Bom Retiro, Capão do Valo e Rincão da Lagoa. Segundo o coordenador da Defesa Civil, João Vicente de Oliveira Carrão, cinco residências foram destelhadas e postes foram derrubados com a força dos ventos, o que provocou falta de energia elétrica. Também ocorreram quedas de árvores, algumas delas sobre as estradas. O órgão prestou atendimento com a distribuição de lonas e está em alerta para outras eventualidades.
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Relatos de moradores indicam que a pior parte do temporal aconteceu entre 3h30 e 5 horas, quando a chuva e o vento se intensificaram. As pessoas só conseguiram perceber a destruição e calcular as perdas quando o dia amanheceu. Com galpões destelhados ou mesmo inteiramente derrubados, máquinas, implementos, sementes e outros itens foram danificados ou perdidos.
Já Encruzilhada do Sul teve grandes volumes de chuva e enfrentou alagamentos em alguns pontos do município, com destaque para a população que vive no entorno do Arroio Lava-Pés. De acordo com a Defesa Civil local, foram mais de 20 chamados para desentupimento de bueiros, galerias pluviais e arroios. Não há famílias desalojadas ou desabrigadas. A Prefeitura informou que vai construir dez casas para transferência desses moradores da área de risco, com previsão do início das obras para dezembro.
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Em Santa Cruz do Sul, o Rio Pardinho subiu rapidamente ao longo da segunda-feira. No fim da tarde já ultrapassava os sete metros e continuava subindo, em medição feita nas réguas existentes na Praia dos Folgados. Na Rua Irmão Emílio, a água chegou a invadir a via em alguns pontos, mas a fina lâmina não impediu o trânsito de veículos e pedestres.
A expectativa da Defesa Civil é que a situação se normalize aos poucos, visto que o nível do Rio Pardinho em Sinimbu já começou a baixar. O vendaval da madrugada ainda destelhou três residências nos bairros Rauber e Dona Carlota e derrubou galhos de uma árvore na Rua Thomaz Flores, no Centro.
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Os prejuízos provocados pelas condições climáticas severas não ficam apenas nos bens materiais, mas também na agricultura. Com muitos dias de chuva, céu nublado e baixa incidência de luz solar, o excesso de umidade já provoca transtornos tanto para as culturas de grãos como para as hortaliças. Conforme a Emater/RS-Ascar, há dificuldade no plantio, manejo e colheita, mas ainda existe tempo hábil para recuperação se o clima colaborar.
De acordo com o engenheiro agrônomo Assilo Martins Corrêa Júnior, de Santa Cruz, o trigo foi um dos cultivos mais prejudicados. “A área plantada no nosso município é pouco expressiva, mas foi muito impactada em produtividade e também qualidade dos grãos”, afirma. No caso do milho, as áreas plantadas estão com bom desenvolvimento, mas há dificuldade em dar continuidade ao plantio em razão da umidade.
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Para a soja, o cenário é semelhante nos locais que se encontram em fase de preparo de solo e início de plantio. “A chuva está dificultando o prosseguimento das tarefas, mas ainda existe tempo hábil conforme o zoneamento agrícola.” Os produtores de arroz, por outro lado, estão correndo contra o relógio. Os dados mais recentes do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) mostram que somente 35% das áreas da Depressão Central estão semeadas, número que era de 80% no mesmo período do ano passado.
Conforme o chefe do 5º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate), Ricardo Tatsch, a umidade impede não somente a preparação do solo e o plantio, mas também o manejo das lavouras já plantadas. Com isso, a maior parte das áreas da região será semeada fora da janela considerada ideal, que vai até o dia 20 de novembro. “Com o cenário atual, é provável que esta safra tenha uma produtividade muito mais baixa em relação ao ano passado”, avalia.
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Já as hortaliças sofrem com danos mais extensos e visíveis. Na região de Linha João Alves, a Gazeta do Sul identificou diversas variedades com tamanho reduzido, folhas amareladas e outros problemas. Corrêa salienta que esses vegetais são sempre mais suscetíveis ao clima. Ainda assim, não se observa desabastecimento. “Apesar das perdas em quantidade e qualidade, a oferta ainda se encontra normal para a maioria das espécies.”
Além dos temporais, o granizo voltou a aparecer e atingiu dezenas de lavouras de tabaco em diversas regiões do Sul do Brasil. Conforme o levantamento da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), entre domingo e ontem, 174 notificações foram emitidas pelos produtores em nove microrregiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A maior delas foi a de Santa Cruz do Sul, com 102 registros, sendo 52 deles somente em Barros Cassal. Houve ainda 20 em Vera Cruz, 15 em Rio Pardo, 13 em Santa Cruz do Sul e dois em Vale do Sol.
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