Em época de estiagem, cada gota conta. A chuva que caiu sobre o Vale do Rio Pardo na última segunda-feira, 11, ficou longe do ideal para compensar os efeitos da estiagem que assola rios e lavouras, mas pode significar um alívio para muitos agricultores, principalmente os que cultivam grãos hoje em período de desenvolvimento, como o milho e a soja.
O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise, informou que as lavouras do baixo Vale do Rio Pardo e os reservatórios de água não sofreram grande impacto com a recente precipitação. Segundo informações dos próprios produtores e também dados da Emater, o Vale do Rio Pardo registrou entre 8 milímetros de chuva em alguns pontos e até 40 milímetros em outras localidades. De acordo com a Estação Meteorológica da Unisc, o volume de chuva no mês até agora foi de 26 milímetros em Santa Cruz do Sul.
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No caso da soja, as últimas precipitações serviram para amenizar o recente período de seca. “De Santa Cruz até Encruzilhada já estava fazendo três semanas sem chuva, a situação se complicou devido ao calor e umidade baixa. As plantas apresentavam estresse hídrico generalizado com relação à soja no baixo Vale do Rio Pardo, que teve a sua atividade fisiológica paralisada. Ela ficou com aspecto de murcha, as folhas enroladas, como uma defesa da planta para não perder umidade, evitar perda maior de água. Mas não houve perdas significativas em função disso”, explica Parise.
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Segundo o extensionista da Emater, caso o volume semana de chuva mantenha uma média entre 20 e 35 milímetros, a cultura de soja tem potencial para voltar ao seu desenvolvimento normal, evitando maiores perdas na produção.
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Na questão do milho, a Emater calcula uma quebra de 35% a 40% na produção do Vale do Rio Pardo. Essa média é relativa às plantações de julho a setembro do ano passado, antes da entressafra do tabaco, que ainda estão em época de plantio, a chamada safrinha.
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“Para o milho com o plantio no cedo, entre julho, agosto e setembro, está se encerrando o ciclo, a planta está em fase de maturação. As perdas que eram para acontecer já aconteceram, e estima-se lavouras com potencial de 80 a 120 sacas por hectare, o que pode variar para cima ou para baixo, dependendo do local. Alguns locais têm perdas elevadas pontuais, mas na média, o preço ainda é bom ficando em cerca de 70 reais a saca”, afirma Parise.
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MANEJO APROPRIADO DO SOLO DIMINUI PERDAS
O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise, afirma que em alguns casos produtores de milho tiveram quebras superiores à média. Já em outras situações, em municípios como Sinimbu e Venâncio Aires, nas lavouras que contaram com um manejo de solo apropriado, mesmo com um mês de estiagem em outubro, a produção estimada fica acima de 140 sacas de milho por hectare. “No caso de lavouras que tiveram perdas significativas acima da média, sempre existe a opção de acionar o seguro agrícola”, observa Parise.
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O agricultor, colunista da Gazeta do Sul e comunicador da Rádio Gazeta, Giovane Weber, também comemorou a recente chuva. Em sua propriedade, em Cerro Alegre Alto, interior de Santa Cruz, foram registrados 20 milímetros na última precipitação. Ele ressalta a necessidade de que as chuvas sigam frequentes para evitar maiores perdas na produção.
“O milho, a gente não sabe ainda o que vai fazer. Hoje vamos dar o adubo de cobertura, a ureia, e torcer que continue a chover. Isso vai fazer, se continuar a chover, que pelo menos a gente colha um pouco de milho para manter a propriedade. A gente vê que o preço da saca está subindo dia após dia, e para quem tem animais é complicado. Para o agricultor que vende o grão é uma coisa boa, porque ele está tendo uma valorização do seu produto”, comentou.
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