O aumento nas exportações de carne para a Ásia e a correção de valores na comercialização do boi vivo são ingredientes que irão deixar o churrasco de fim de ano meio indigesto. Nos últimos meses, o preço médio dos cortes de carne bovina sofreram um reajuste na faixa dos 50%, impulsionando para cima o custo da carne em açougues e supermercados.
Conforme o empresário Luis Fernando Gassen, do Frigorífico Gassen, de Santa Cruz do Sul, há vários anos o preço da carne bovina vinha estável, com pequenas variações de valor, de acordo com a sazonalidade. “Agora estamos em um momento diferente. Há uma falta de proteína animal ao redor do mundo e uma baixa no número dos rebanhos do Brasil”, explica.
De acordo com o empresário, estes cenários colaboram para a elevação de preço da carne. “A China, um dos maiores consumidores de proteína animal do mundo, teve uma baixa de 40% no rebanho suíno do país. Somado a isto, a alta do dólar acaba favorecendo as exportações de carne.”
Para o gerente comercial do Frigorífico Gassen, Márcio Gideon, o reajuste no custo do boi ficou na casa dos 50%. “Além desta condição internacional, favorável à exportação e ao consumo de carne fora do Brasil, temos perda de área de criação de gado para o plantio de soja. Este reajuste está corrigindo um deficit de três anos”, justifica Gideon.
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Santa Cruz do sul
Supermercado Muller
Vazio R$ 32,98
Maminha R$ 49,95
Picanha R$ 59,95
Costela 1ª (janela) R$ 19,98*
Alcatra R$ 49,98
Supermercado Zaffari
Vazio R$ 26,90**
Maminha R$ 54,90**
Picanha R$ 79,90**
Costela 1ª (janela) R$ 32,90**
Alcatra R$ 59,90**
Supermercado Imec
Vazio R$ 29,90
Maminha R$ 43,90
Picanha R$ R$ 49,90
Costela 1ª (janela) R$ 21,90*
Alcatra R$ 45,90
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Supermercado BIG
Vazio R$ 26,90
Maminha R$ 35,90
Picanha R$ R$ 49,90
Costela 1ª (janela) R$ 18,90*
Alcatra R$ 29,90
*Valores dos cortes de costela de 1ª, colocados em promoção durante o fim de semana.
** Na Comercial Zaffari são vendidos cortes de carne bovina da raça angus, considerada um tipo de gado superior em qualidade de carne.
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IMPORTANTE: A pesquisa da Gazeta foi feita durante a tarde dessa sexta-feira, 30, no horário das 14 às 15 horas.
Pesquisa na hora da compra
Para quem vai às compras, com a intenção de fazer o churrasco da família no fim de ano, a dica principal é pesquisar. Na tarde de sexta-feira, a reportagem da Gazeta do Sul percorreu as principais lojas de redes de supermercados do município (veja tabela acima). Na comparação direta, a diferença de preços entre a peça mais cara e a mais barata, usando como exemplo o quilo da picanha, chega a 60%.
Nos fins de semana, supermercados e açougues realizam promoções de cortes utilizados em churrasco. Um deles é a costela, encontrado em promoção em três das quatro lojas visitadas pela Gazeta.
Preços deverão continuar elevados
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, confirmou que os reajustes no valor da arroba do boi gordo estavam represados há pelo menos três anos. De acordo com ela, o mercado irá levar alguns meses para estabilizar o valor, que em todo o país sofreu reajustes que variam de 40% a 50%, a partir do segundo semestre deste ano.
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Para o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, desde outubro alguns cortes de carne sofreram correções médias de 30%. Atualmente, o valor da carne bovina está 12% mais alto. “Este reajuste está totalmente fora da curva, muito acima do que normalmente a carne sobe no período de festas.”
Conforme o empresário, o principal fator que impacta o custo da carne no Rio Grande do Sul, são as exportações para a China. Com o surto de gripe A no país, boa parte do rebanho teve que ser sacrificado. Somando-se à escassez de proteína animal, as seguidas altas do dólar têm favorecido as exportações de carne do Estado, reduzindo o volume e a oferta do produto nos supermercados.
Segundo o empresário Celso Müller, há pelo menos cinco anos o preço da carne estava sem reajuste real. Ele confirma que as exportações para a Ásia têm papel fundamental na elevação de preços neste fim de ano e espera que a venda do produto seja um pouco menor a partir de janeiro de 2020. “Ainda durante o mês de dezembro a tendência é de uma venda maior, pois o consumidor está com poder de compra, já que receberá o 13º salário. No entanto, a partir da virada de ano, espera-se uma retração do consumo.” O empresário acredita que ao longo do próximo ano os preços tenderão a se estabilizar. “Estávamos com preços fora da realidade global”, complementa.
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