Aos 41 anos, o técnico Jeverson Wilson Walter Balbino, conhecido como China Balbino, pode dizer que nasceu de novo. Vítima da Covid-19, o ex-técnico do Avenida ficou 13 dias intubado no Hospital Geral de Caxias do Sul. Mesmo residindo em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, ele precisou ser transferido para a Serra por causa da gravidade do seu estado de saúde.
Febre alta, cansaço, dores no corpo e diarreia foram alguns dos sintomas que quase o levaram à morte. “Sempre fui um cara ativo, me movimentei e daqui a pouco me vi em uma cama de hospital, debilitado. Eu não conseguia tomar um iogurte com uma colher de plástico, não tinha coordenação motora. Tudo isso fui recuperando após a saída do hospital, com as fisioterapias. Tive medo de deixar a família”, contou China, que comandou o Periquito na reta final do Gauchão e na Série D do Brasileiro de 2019. Atualmente está no São Paulo, de Rio Grande, que disputará a Divisão de Acesso.
Casado e pai de três filhos, ele conversou com a reportagem da Gazeta do Sul um mês depois de se recuperar da doença. Até porque, antes, não lembrava de nada. O resultado de ter contraído o coronavírus foi a perda de 18 quilos. “Me disseram que eu cheguei (ao hospital) quase morto. Deus me deu uma oportunidade de respirar de novo”, celebrou o treinador, agradecendo as mensagens de amigos de todo o Brasil.
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Entrevista
Quais foram os primeiros sintomas?
Nos quatro primeiros dias, deixei passar despercebido que minha garganta realmente estava muito dolorida. Tive muita febre, diarreia, cansaço, dores nas costas, falta de ar. Estava em Rio Grande e viajei debilitado para as reuniões no Esporte Clube São Paulo. Quando retornei, isso se agravou mais. Comia bem, não perdi o apetite, o cheiro, não tive dor de cabeça, mas a febre foi o que mais me marcou nesses sintomas.
Em que momento foste para o hospital?
Foram cinco dias de febre, junto com dores no corpo. Às vezes, ela chegava a 39, 39,7. Um dia, voltando de Rio Grande para Cachoeirinha (onde reside), cheguei em casa queimando de febre. Foi quando se deu minha ida para o hospital. Fiz a triagem e já me deixaram internado. Passei a noite bem, a princípio, tomei os medicamentos que tinha de tomar e a febre passou. No dia seguinte, depois do meio-dia, eu comecei a piorar. Fiquei com muitas dores nas costas, não conseguia mais respirar direito. A partir daquele momento, comecei uma luta para os médicos me salvarem.
O que aconteceu depois?
Desde então, não vi mais nada, fiquei dormindo, sedado. Fiquei mais uns dias no hospital em Cachoeirinha e os médicos ligaram para minha família, falando que não tinha mais leito de UTI e precisavam me tirar de lá, porque o meu estado era grave.
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Até que conseguiram um hospital em Caxias do Sul. Quando cheguei, os médicos que fizeram a primeira avaliação disseram que eu não iria sobreviver. Fizeram de tudo, mas eu não reagia aos medicamentos. Alguns dias depois, começaram a fazer efeito e, por causa da sedação, não lembro de nada do que aconteceu nesse período.
E após a sedação?
No 13º dia, voltei a respirar. Me acordei e me assustei, porque não tinha a dimensão de quantos dias eu tinha ficado lá. Na hora em que acordei, me assustei, achando que tinham me trocado de ala apenas. Arranquei os tubos de oxigênio que estavam atravessados na minha garganta. Estava meio alterado, por não saber onde eu me encontrava.
Queria saber para chamar minha esposa, minha mãe, para me tirarem de lá, porque estava bem. Aí me explicaram que estava em uma UTI já fazia 13 dias. Perdi 18 quilos. Me disseram que eu cheguei quase morto. Deus me deu uma oportunidade de respirar de novo, de estar vivo. Poderia ter morrido, meu pulmão ficou quase 80% comprometido. Me deu muito medo, agradeci a Deus, vi o quanto ele me ama. Ainda tenho muita coisa para fazer nesta terra.
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