Há 16 anos, prendas de Santa Cruz do Sul se encontram no Chimarrão da Saudade, um evento que integra os festejos farroupilhas e valoriza a participação feminina na cultura gaúcha. A reunião congrega prendas que foram eleitas ou ocuparam cargos de liderança na Semana Farroupilha, na Associação Tradicionalista Santa-Cruzense (ATS) ou na 5ª Região Tradicionalista (RT).
Na noite dessa quinta-feira, 15, cerca de 30 prendas estiveram no CTG Rincão da Alegria para a 16ª edição do evento, que todo ano escolhe um tema. Na última edição, as homenageadas foram as prendas enfermeiras que participam do grupo. Neste ano, o chimarrão foi o assunto principal. A ideia, segundo a tradicionalista Zoraia Pereira dos Santos, foi debater os diferentes tipos de chimarrão, desde os mais tradicionais até os mais enfeitados.
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“Nós ficamos naquela dúvida: qual é o chimarrão oficial do Rio Grande do Sul? Porque hoje em dia a gente vê a cuia de madeira, mas o porongo permanece. Mas na cuia de madeira há muitos enfeites de chimarrão, em forma de bandeiras, em forma de churrasco, da Nossa Senhora Aparecida, que é nossa santa padroeira. E o chimarrão tradicional, o topetudo ou o formigueiro, com chá ou sem chá. O que a gente quer na verdade é mostrar que não existe um oficial”, afirma.
Zoraia, que foi prenda da Semana Farroupilha em 1990, explica que a intenção é promover a integração entre as pessoas, seguindo o tema “Etnias do gaúcho” proposto pela coordenação estadual dos festejos farroupilhas.
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Um encontro entre diferentes gerações
A prenda mais antiga do encontro foi Sônia Mara Barboza Pommerehn, 1ª Prenda de Santa Cruz do Sul em 1985. Ela foi eleita durante um baile no Pavilhão Central da Oktoberfest, aos 18 anos, representando o CTG Tropeiros da Amizade. Para Sônia, o mais importante é cultivar a cultura por meio do chimarrão. E os enfeites da bebida favorita dos gaúchos auxiliam a trazer cada vez mais jovens para o meio tradicionalista. “A gente se encontra com as mais jovens, e para mim é uma honra. Eu acho positivo, acho legal o debate porque eu também enfeito o meu chimarrão, conforme a época do ano, como a Páscoa e o Natal.”
A jovem Laura Pereira Faleiro de Lara, de 10 anos, aproveitou o encontro para pôr em prática a habilidade de cevar um mate de respeito. Ela participa dos festejos farroupilhas desde mais jovem e foi prenda do CTG Tropeiros da Amizade em 2019. Laura garante que domina a arte de preparar a bebida, e quer seguir os passos das prendas mais antigas no culto à tradição. “Fazer o chimarrão é fácil, eu aprendi com a minha mãe e faço desde pequena. Eu gosto muito da cultura gaúcha, estou aprendendo na escola sobre Revolução Farroupilha”, explicou a prenda mais jovem no salão de festas do CTG.
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Após o Chimarrão da Saudade, foi realizado um jantar, seguido de apresentações culturais do Projeto Borzeguito, do DTG José Altivo dos Santos, do Clube dos Subtenentes e Sargentos. E para abranger o tema da Semana Farroupilha, que destaca as diferentes etnias do gaúcho, também houve uma apresentação do grupo de danças italianas do Colégio Petituba.
Homenagem para heroína esquecida
A tradicionalista Zoraia Pereira da Silva explica que o Grupo das Prendas Caetanas existe para reparar um tipo de erro que, infelizmente, acontece frequentemente e não é restrito ao período da Revolução Farroupilha: o esquecimento da participação das mulheres nos grandes momentos de nossa história. O nome do grupo é uma homenagem a Caetana Gonçalves da Silva, esposa do general Bento Gonçalves, um dos maiores expoentes da Revolução Farroupilha.
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Zoraia ressalta que Caetana teve um papel fundamental na Guerra dos Farrapos. “¨Ela foi esquecida na história da Revolução. Quase não se ouve falar nela. Ouve-se muito de Anita Garibaldi, mas Caetana foi uma mulher extremamente importante para a Revolução”, destaca. “Exímia administradora, cuidou da estância de Bento enquanto ele estava na guerra. Administrou várias famílias que trabalhavam para eles. Cuidou da casa, do campo, do gado, da plantação, guerreou quando foi preciso.”
Segundo Zoraia, a única pessoa que acabou escrevendo sobre Caetana foi Leticia Wierzchowski, na Casa das Sete Mulheres. “Nós decidimos trazer esse nome para o nosso grupo justamente para reverenciar essa mulher.”
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