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ALEXANDRE GARCIA

Chegou setembro

Já sentou a poeira das eleições e de início de governo e chegou setembro, o nono mês da atual administração federal. Na porta de setembro estão batendo prefeitos, principalmente os do Nordeste, onde Lula saiu vitorioso. Das janelas da Faria Lima, em São Paulo, já se veem rostos surpresos, apreensivos e talvez arrependidos por terem assinado a tal “Carta pela Democracia”. No Congresso, o calor da eleição já baixou e perdeu-se a oportunidade de agir sob a força de votos ainda frescos. A picanha não se coletivizou e essa pode ser a pior parte. A favor do governo, não há restrições de pandemia e o fato de a mídia ser sempre antiBolsonaro, desde que ele entrou na política e, por consequência, agir pró-Lula. Isso gera notícia em favor do governo e emudece a saudável crítica.

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No entanto, números não são opiniões, mas fatos. Em julho, os crescentes gastos do governo federal já superaram a decrescente arrecadação em R$ 36 bilhões. Para o ano que vem, ano eleitoral, faltam R$ 168 bilhões. Claro que quem pagará isso somos nós. O Arcabouço – eufemismo para o arrombamento do teto de gastos – vai permitir em 2024 um acréscimo de R$ 129 bilhões nas despesas. O governo quer uma reforma tributária que o permita arrecadar mais. Anuncia que vai cobrar dos ricos, mas o cobrado por cima se derrama para baixo.

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O consumidor vai pagar o imposto que estará embutido nos preços. Quer cobrar do assalariado três vezes mais de imposto sindical para garantir a boa vida das cúpulas sindicais que apoiam o governo.  Como não se saiu bem na eleição para deputados e senadores, o governo os atrai com liberação de emendas e oferta de cargos. E tudo tem um custo, inclusive o de ampliar o ministério. E a mexida agrada a uns e desagrada a outros. Trocar PT por Centrão tem ônus político-eleitoral. Assim como voltar ao antigo sistema de contratar publicidade estatal em troca de apoio. Aliás, a propaganda é a alma do governo.

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Na Câmara, é grande a animação em torno de uma reforma administrativa que limite o inchaço do Estado. O governo não quer porque sua ideologia é a do Estado grande se impondo a uma nação fraca e obediente. Lula já expressou sua admiração ao sistema chinês, onde o governo fala e o povo cala. E não conseguiu impedir a prorrogação da desoneração da folha. Na política externa há muitas viagens. Mas só isso. A desta semana é a 13ª e vai à Índia. A ideologia está atrapalhando. Até a Human Rights International criticou o governo Lula por suas omissões ante as agressões aos direitos humanos na Venezuela, Cuba, Nicarágua, China e Rússia.

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A tentativa de impor Maduro na reunião regional em Brasília pegou mal até ante o esquerdista chileno Boric. As declarações do presidente sobre o conflito Rússia-Ucrânia têm sido desastrosas. Enfim, terminam-se as preliminares e já é tempo de medir resultados. Nota-se muita propaganda e um sinuoso rumo político, junto com a inglória tentativa de fechar contas com gastos inchando. Ao chegar setembro, as expectativas criadas começam a gerar frustrações pela constatação de que o governo atual está menos parecido com os dois mandatos passados de Lula e mais semelhante aos períodos Dilma.

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