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VIDA

Chegada de Roberta: um nascimento de esperança(s)

A pequena Roberta rodeada pela família no aconchego do lar | Fotos: Gazeta da Serra/Juliano Morais

Quando uma criança nasce a vida de uma família se renova. Para o casal Dieice Reimann Frese e Régis Ivan Frese, moradores de Linha Barrinha, interior de Arroio do Tigre, o nascimento da pequena Roberta foi sol, calor, luz em meio aos dias difíceis que o estado passou em decorrência de chuvas históricas. Em razão das circunstâncias, o nome, escolhido antes mesmo de saberem que teriam uma filha, vai ao encontro do significado encontrado na internet para ‘Roberta’, como brilhante, gloriosa, representação de força.

Dieice foi uma das grávidas gaúchas que necessitou de transporte aéreo durante este período de calamidade. Na manhã do dia 9 de maio, em uma operação com helicóptero da Polícia Rodoviária Federal, embarcou rumo a Porto Alegre, acompanhada de uma equipe com suporte médico e de enfermagem. Conforme ela, a operação foi intermediada pela Secretaria Municipal de Saúde de Arroio do Tigre, com apoio de outras equipes e órgãos, incluindo os bombeiros voluntários.

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Com 37 semanas de gestação, embarcou para o primeiro voo da vida quando a aeronave pousou junto ao Estádio Municipal Carlos Ensslin. A partir daí a narrativa transcorre sobrevoando as cidades fortemente afetadas pelas enchentes, com rastros de destruição, e a chegada à capital gaúcha, onde vinha sendo acompanhada em pré-natal de alto risco. “Conforme iam passando os nomes de onde estávamos sobrevoando, ia identificando os lugares. O cenário era muito triste”, revela Dieice.

Agricultores, ambos com 30 anos de idade, Dieice e Régis estão juntos há uma década, sendo casados há oito anos. Sonharam e planejaram a chegada de um bebê. Em conversas, imaginando o futuro, chegaram a definir até mesmo o nome se fosse menina. Conforme recorda Dieice, a descoberta da gravidez foi recheada de alegria. Contudo, em meio aos preparativos para um novo integrante à família, com cerca de 25 semanas de gestação, foi descoberta uma malformação na coluna do bebê, o que traria a necessidade de uma operação cirúrgica, e da realização de um parto cesária com acompanhamento especializado de referência em Porto Alegre. “A partir das 25 semanas foi uma gestação de incertezas e preocupação. Graças a Deus ela nasceu bem, só a questão da cirurgia que teria que fazer. No hospital, após a cirurgia, a cada dia era uma notícia melhor que nos passavam. Logo já começou acompanhamento com fisioterapeuta, o que seguirá, assim como com pediatra, o que de início é mais frequente e depois se torna mais esparso”, relata a mãe.

Com acompanhamento mensal junto ao Ambulatório de Medicina Fetal de Alto Risco de Porto Alegre, e devido a aproximação do parto, foi necessário o deslocamento à capital, onde o desembarque ocorreu em estrutura do Corpo de Bombeiros. Roberta então nasceu na tarde do sábado, 18 de maio, no Hospital da Criança Conceição. No dia seguinte passou por procedimento cirúrgico, permanecendo na Unidade de Terapia Intensiva por alguns dias.

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Os pais Dieice e Régis com Roberta, a avó Marciana e o tio Renan

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Régis relata que não conseguiu acompanhar o momento do nascimento, pois estava programado para viajar à capital com a previsão do parto em 20 de maio. “Eu iria me deslocar para lá na sexta, mas deu mais chuva e não consegui. Então ela se antecipou e nasceu no dia 18. Só a vi uns dias depois”, conta o pai. A mãe dele, Marciana, foi então a acompanhante de Dieice em Porto Alegre. Com a primeira neta, revela no dia a dia a emoção de ser avó.

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A alta de Roberta, do hospital, foi há uma semana. A mãe e a avó permaneceram ao longo do período em uma casa de apoio na capital, revezando-se nos horários de visita e acompanhamento no hospital. Em casa, os pais de primeira viagem dedicam toda atenção e carinho à bebê. Reforçam o agradecimento a todos que auxiliaram e estiveram mobilizados para o transporte e atendimento a Dieice, para que tivessem todo suporte neste momento delicado e especial envolvendo o nascimento da filha, e também ao longo de toda a gestação. “Só temos a agradecer a todos eles”, enfatiza o casal.

Agradecem também a bênção de tê-la nos braços. “Vamos ter muita história para contar para ela no meio de tudo isso. Agradecer a Deus mesmo, porque acho que sem Ele não seria nada possível. Pensar no futuro dela. Até agora foi Ele quem fez tudo. A gente só tem a agradecer, porque pedir a gente pediu. Agradecer e deixar na mão de Deus, que já fez o impossível para nós”, ressalta Dieice.

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