A história de Santa Cruz do Sul, ao longo dos 142 anos de autonomia política, mas também nos 170 anos de colonização regional, ou ainda nos 165 anos de criação da povoação na qual se situa o atual núcleo urbano, sempre foi marcada por frequentes saltos de desenvolvimento.
No decorrer das décadas foi mobilizada uma intensa energia empreendedora e de cooperação, entre as áreas pública e privada, para dotar a localidade dos recursos de infraestrutura capazes de impulsionar a concretização de bons níveis de qualidade de vida e a competitividade de suas forças produtoras e seus produtos.
Quem avalia alguns desses momentos ou ciclos de desenvolvimento e de progresso é o professor e arquiteto Ronaldo Wink. No início deste século, ele fez desse tema ou dessa reflexão o mote para o mestrado em Desenvolvimento Regional, cursado na Unisc.
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A pesquisa resultou no livro Santa Cruz do Sul: urbanização e desenvolvimento, no qual avalia os diferenciais e estratégias que, de parte da municipalidade, consolidaram o cenário econômico e social do município. Para este suplemento, Wink fez, de forma exclusiva, um apanhado, por solicitação, de momentos e circunstâncias determinantes para a efetivação do que Santa Cruz se tornou.
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O que fica evidente nesse processo é o forte engajamento comunitário, uma marca que, se aparece mais nítida na cidade, também explica o simultâneo progresso nas diferentes áreas de colonização do interior, que se transformaram em sedes de distritos ou, em muitos casos, localidades independentes. É o caso dos distritos de Rio Pardinho e Monte Alverne e dos municípios de Vera Cruz, Vale do Sol, Sinimbu, Gramado Xavier e Boqueirão do Leão.
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A cidade de Santa Cruz propriamente dita começa a tomar forma em 1855, com a criação da povoação a partir de um plano urbanístico elaborado pelo capitão Francisco Cândido Castro de Menezes. Apenas quatro anos depois, em 1859, a vila é elevada à categoria de Freguesia, o que já denota a rápida e forte projeção econômica. E mais quatro anos seriam necessários para que surgisse a primeira igreja católica de São João Batista, a pioneira, que se situava defronte à atual Catedral.
Assim, em questão de poucos anos, novas obras relevantes surgiram: em 1866, o Clube União; em 1867, a primeira igreja evangélica luterana – quatro anos após a igreja católica, o que evidencia a mobilização das duas correntes religiosas cristãs presentes na comunidade.
Em seguida começou o esforço na área da educação, com o Colégio Sinodal, atual Mauá, em 1870 (acaba de completar 150 anos); o Colégio Jesuíta, atual São Luís, no ano seguinte; e o Colégio Franciscano, atual Dom Alberto, em 1875, conformando três fortes instituições educacionais. Estava pavimentado o caminho para a emancipação política em relação a Rio Pardo e a instalação da Câmara de Vereadores, em 1878, 28 anos após a chegada dos primeiros 12 imigrantes à Alte Pikade. Uma progressão simplesmente vertiginosa, e muito rara de verificar.
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Com isso, também ganharam impulso todos os demais aspectos de infraestrutura. Em 1880, dois anos depois da emancipação e 30 após a colonização, veio a iluminação pública, com lampiões a querosene ao longo da rua principal; em 1886, o início da construção da Casa de Câmara, atual Prefeitura (que seria ocupada em 1889); em 1891, a fundação do jornal Kolonie, que fortaleceu a difusão de informação e conhecimento; em 1893, a fundação da Sociedade Ginástica; em 1897, a inauguração da sede da Loja Maçônica; e no novo século, em 1900, a fundação da Sociedade Aliança Católica.
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Com o século 20, muitas obras
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Santa Cruz ingressou no século 20, com apenas meio século de existência desde a chegada dos colonos alemães, em forte ciclo de desenvolvimento. As principais áreas da infraestrutura passaram a merecer a atenção das lideranças locais e regionais. Em 1904 era criada a Caixa Santa-cruzense, primeira instituição bancária local, e no ano seguinte era concretizado o ramal ferroviário ligando com Ramiz Galvão e, a partir de lá, com o mundo. Foi um passo determinante para que no mesmo ano de 1905 Santa Cruz fosse elevada à categoria de Cidade, como recorda o professor e arquiteto Ronaldo Wink.
Em 1906, ao mesmo tempo em que finalmente era concluída a Casa de Câmara, atual Palacinho da Praça da Bandeira, surgia a primeira usina de geração de energia elétrica, uma novidade de grande impacto na vida da população. Em sequência era instalada a rede telefônica, em 1907, e inaugurado o Hospital Santa Cruz, de propriedade das Irmãs Franciscanas, com direção do médico alemão Heinz von Ortenberg. Seguindo com as providências em serviços essenciais, sempre prioridade em comunidades alemãs, ao lado da educação e das instituições religiosas, em 1908 surgiam os primeiros reservatórios públicos de água, no atual Parque da Gruta.
Em 1910, mais um logradouro: o novo prédio do Presídio e da Guarda Municipal, hoje Biblioteca Municipal Professora Elisa Gil Borowsky. E então chegavam, para revolucionar de vez a região, os empreendimentos industriais, viabilizados com o ramal ferroviário. Em 1917, instalava-se na cidade a empresa The Brazilian Tobacco Corporation, atual Souza Cruz, e no ano seguinte era criada a Companhia de Fumos Santa Cruz, união de cinco empresas fumageiras locais. No mesmo ano de 1918 era instalado o 24o Batalhão de Infantaria do Exército, seguido da primeira concessão para o transporte público urbano, para a H. Gerhardt.
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Com a elaboração da segunda planta da cidade, que crescia a olhos vistos, a terceira década do século 20 trazia a inauguração do novo prédio do Banco Pelotense, atual Casa das Artes Regina Simonis, em 1922; a construção de novos reservatórios de água, também no atual Parque da Gruta; e a inauguração da nova Igreja Evangélica Luterana. No início dos anos 30, mais um sinal do progresso local: a inauguração da primeira linha aérea com destino à Capital, pela Varig, com pista localizada em Dona Carlota, atual Distrito Industrial. Afinal, a cidade dialogava com o mundo por causa do tabaco.
Em meados daquela década era inaugurada a nova usina elétrica municipal, na Rua Coronel Oscar Jost, atual prédio da Secretaria Municipal de Educação. E em 1939 a cidade ganhava seu grande cartão-postal, após forte empenho e mobilização: a nova Igreja Católica, a Catedral São João Batista. Em simultâneo, era elaborada a terceira planta da cidade, e em 1941 era instalado o III Batalhão do 7º Regimento de Infantaria do Exército. Ainda antes do primeiro centenário de existência da localidade, em 1943 ocorria a pavimentação da primeira via: a Rua Ramiro Barcelos, em frente à igreja católica.
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