A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira, 27, a Operação Harém, que visa desarticular uma organização criminosa que atuava no tráfico de mulheres para exploração sexual. O grupo teria sede em São Paulo, mas atuação internacional. Entre os nove mandados de busca e apreensão cumpridos, um tinha como alvo um endereço em Venâncio Aires.
Em coletiva de imprensa na sede da Delegacia da Polícia Federal de Sorocaba, o delegado João Luiz Moraes Rosa, responsável pela investigação, detalhou o esquema, que era chefiado por um homem preso em um apartamento de luxo, no Bairro Granja Julieta, em São Paulo. Na residência do investigado, foram apreendidas provas que serão analisadas. O método utilizado pelo homem era recrutar vítimas se apresentando como representante de uma marca de maquiagem e produtos de beleza.
“Ele se aproximava, com ideias apenas para fazer fotos para a marca, até chegar, em momentos posteriores, aos fins de exploração sexual”, comentou o delegado. Segundo a PF, algumas das mulheres aliciadas são conhecidas da mídia, incluindo misses de estados brasileiros. “A maioria dos criminosos que faziam conexões com o líder do grupo eram mulheres. Essas aliciadoras tinham a função de recrutar vítimas junto a concursos de miss”, complementou Rogério Giampaoli, chefe da delegacia de Sorocaba.
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O esquema, em geral, era feito de várias formas, com recrutamento via redes sociais, testes de agências, incluindo em menores de 18 anos, que eram enviadas ao Paraguai para prostituição. “Temos ainda um caso gravíssimo, de uma vítima que pode ter sofrido uma tentativa de estupro na Bolívia. Estamos avançando para tentar esclarecer esses fatos”, disse Giampaoli.
As mulheres eram contratadas para realizar viagens por um período. Os criminosos, então, ganhavam a confiança das supostas clientes e ofereciam para fazer ensaios fotográficos até o momento em que ofertavam emprego, quando as vítimas eram aliciadas. Elas então sofriam pressões psicológicas para atender clientes, e permanecer mais tempo do que havia sido acordado no local.
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Uma mulher foi presa na Espanha. Ela é investigada como sendo uma “despachante” do grupo criminoso, que seria responsável por facilitar e falsificar a documentações para enviar as vítimas a outros países. Outra mulher foi presa em Portugal. Ela teria envolvimento com uma rede de prostituição nos Estados Unidos.
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Um homem foi preso em Foz do Iguaçu, no Paraná. Este seria um cliente que contratou programas com menores de idade no Paraguai. Houve ainda prisões em Goiânia (Goiás) e Rondonópolis (Mato Grosso). Os casos mais graves podem render aos culpados até dez anos de prisão.
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“É importante frisar que se trata de um crime contra os direitos humanos, contra as mulheres. A Polícia Federal busca, com essa operação, tentar reprimir condutas que podem ter tratado mulheres na forma de objeto, mercadoria, produtos tipo exportação”, comentou o delegado João Luiz Moraes Rosa.
Os crimes investigados são:
- favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (Código Penal, artigo 218-B, caput e § 2º, I);
- tráfico de mulheres para fins de exploração sexual (Código Penal, artigo 149-A, V);
- falsidade material e/ou ideológica e uso de documento falso (Código Penal, artigos 298, 299 e 304);
- favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (Código Penal, artigo 228);
- Rufianismo (lucro através da exploração de prostituição alheia) (Código Penal, art. 230).
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