Para quem é de Santa Cruz do Sul, bem como para os que, vindo de perto ou de mais longe, na última década visitaram a cidade e frequentaram seus restaurantes, a marca Hilda G haverá de ter se fixado na memória. Uma das principais referências em gastronomia de qualidade na região, teve (e tem) na condução segura e inspirada da chef Fabiane Mendes Grudzinski uma de suas virtudes e de seus diferenciais.

Pois se até o momento Fabi, como é chamada, se comunicava com seus clientes e fãs basicamente pelos pratos que servia à mesa, ela firma de vez uma nova faceta: a da Fabi escritora. Seus textos até já eram compartilhados em páginas de mídias sociais, como o Facebook, mas agora ganham a perenidade do livro.

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Acaba de chegar às livrarias seu volume de estreia nessa nova vertente da arte e da cultura: A chef arrogante, em 188 páginas, vem sob o selo da editora paulista Paco, de Jundiaí, ao preço de R$ 53,90. Além de recuperar a sua própria trajetória pessoal e profissional, até firmar-se como chef e empreendedora, com a abertura do Hilda G, primeiro como escola de gastronomia e logo como restaurante, brinda o leitor com memórias culinárias. E, claro, em se tratando de obra sobre o sempre inspirador ambiente da cozinha e das boas refeições, detalha receitas legadas de geração em geração em família.

E dizer que Fabi, cuja condição de chef a identifica junto a amigos e à comunidade de Santa Cruz e da região, a princípio estava destinada a atuar em uma área profissional bastante distinta. Oriunda de Lagoa Vermelha, no Noroeste do Estado, ela se formou em Direito em Porto Alegre e começou a atuar nessa área, como advogada. Casada, veio morar em Santa Cruz. Foi quando se tornou mãe pela primeira vez (dada a proximidade do Dia das Mães, cumpre mencionar que foi mãe três vezes) que um divisor de águas se instalou em sua vida.

Ainda em licença-maternidade, achou que era chegada a hora de uma guinada, em busca de novos ares para seus voos: encantou-se pela culinária. Frequentou cursos e oficinas na área, aperfeiçoou-se (no que também lhe valeu de incentivo uma temporada em Valência, na Espanha) e logo teve a inspiração de abrir um estabelecimento. No qual homenagearia, no nome, a sua avó paterna, Hilda Grudzinski, a Hilda G da marca do seu futuro restaurante, ela uma referência de alimentação de qualidade em família.

No livro, além de referir essas circunstâncias de formação e de homenagem a dona Hilda, cuja foto ela compartilha (ao lado do acervo de imagens com as diferentes fachadas de seu estabelecimento, e ainda de pratos), Fabi também detalha as peripécias que motivaram o próprio título do livro. E, para o leitor, além de se deliciar com as memórias e as histórias de Fabiane, parte das quais ela recupera de seções que assinava em jornais ou publicava em suas páginas na internet, fica o adendo de conhecer (e poder testar, conforme interesses) receitas de família ou de pratos da preferência da autora.

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A exemplo do que fizeram outros chefs, nacionais ou internacionais, que se projetaram para além dos restaurantes (um Jamie Oliver, uma Nigella Lawson, um Érick Jacquin, uma Rita Lobo, tantos outros), Fabiane Grudzinski também faz do livro uma bancada de cozinha, elevando a culinária ou a gastronomia a um saboroso nível cultural. Em contemplação, com protagonismo, e para ser referência, como sugere, em um inspirado texto.

E se lá no princípio ela substituiu os pratos da balança da justiça pelos pratos em que prepararia deliciosas, suculentas e nutritivas refeições, agora serve, num prato em forma de livro, seus enredos, suas histórias e suas memórias de chef: da cozinha e do restaurante para a mesa de cabeceira de cada leitor.

Ficha

A CHEF ARROGANTE, de Fabiane Mendes Grudzinski. Jundiaí (SP): Paco Editorial, 188 p. R$ 53,90.

“O novo amor é uma paixão, daquelas que, no meio de uma noite fria, me tira da cama, e que enche de sorrisos meus dias no descascar de abacaxis. Sim, estou entregue à escrita, quero uma história de amor com ela, quero vivê-la intensamente num livro, ou páginas, ou textos. Seja o que for, que seja com ela. Meus dias entre panelas de geleias de frutas agora estão mais doces. A alegria, que por vezes parecia estar guardada em conserva, foi aberta.”

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Fabiane Mendes Grudzinski

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