Acontece com todo mundo. Quanto toca o celular e aparece determinado nome no visor, o pensamento é imediato:
– Este aí ligou pra pedir alguma coisa!
É inevitável. Tento pensar em outra coisa. Lembrar possíveis virtudes do interlocutor, resgatar bons momentos da convivência em comum, mas é impossível. Não tem como fugir.
A primeira reação é de raiva.
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– Puxa vida! Este cara não se manca! Tô cheio de coisas pra fazer e ele vai pedir um favor, o número de telefone de alguém ou, pior, dinheiro emprestado! – costumo imaginar.
Depois fico até com pena. Penso que trata-se de uma pessoa carente, sem um parente, amigo ou companheiro(a) para adverti-lo desta mania que afugenta os mais próximos.
Infelizmente a vida não é feita apenas de momentos agradáveis, de gente interessante, inteligente e bonita. Ou exclusivamente de episódios gratificantes.
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Não!
Isso só existe nas redes sociais. Ali, todos viajam para lugares paradisíacos, só frequentam restaurantes chiques (incrível a mania de fotografar/postar imagens de comida!) e todos estão sempre sorrindo!
Uma das vantagens do convívio com os chatos – talvez – seja a oportunidade para valorizar as pessoas legais. Muitas vezes não temos noção da importância dos parceiros leais, daqueles sempre prontos a ajudar, sugerir ou simplesmente oferecer o ombro para desabafar.
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Pessoas inoportunas existem em todos os ambientes. Proliferam numa velocidade impressionante, se multiplicam como o Aedes aegypti, o maldito mosquito da dengue. Às vezes a quantidade de chatos de plantão excede a capacidade de tolerância. Mesmo que nos cumprimentem de maneira gentil, o encanto dura pouco. Segundos depois aparece um pedido.
– Tu conhece um pintor bom, caprichoso e de confiança? Daqueles que dá pra deixar a chave do apartamento sem medo e que cobra pouco? – pergunta o “mala” com a maior desfaçatez.
O segredo é dar o troco.
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– Bah… Ainda bem que te encontrei! Tive uns imprevistos e preciso de dinheiro…
É tiro e queda! O vivente dispara porta afora. Sem olhar para trás…
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