Uma nova vistoria técnica na chaminé da antiga fábrica da Souza Cruz confirmou que a construção histórica no centro de Santa Cruz corre risco de colapso. A situação ameaça a manutenção da estrutura, já que até o momento não há uma saída para custear a manutenção.
O assunto veio à tona após a empresa proprietária do terreno protocolar um pedido de autorização para demolição junto à Secretaria Municipal de Planejamento, em setembro do ano passado. Em função do valor histórico da obra, que tem cerca de cem anos e é considerada um marco da industrialização do município, a Prefeitura buscou a empresa para discutir uma alternativa.
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Segundo o arquiteto e urbanista Paulo Jorge Riss da Silva, que atua no Planejamento, em uma conversa ocorrida em junho, a proprietária se mostrou disposta a achar um caminho que preservasse a construção. Na ocasião, ficou acertado que o engenheiro da empresa faria uma nova vistoria para atualizar o estado da chaminé. O laudo anterior, que foi corroborado pelo Centro de Pesquisa e Qualidade Urbana e Rural (Cipur), já havia apontado os riscos.
Na prática, porém, a segunda análise apenas reiterou a conclusão original. Segundo o documento, ao qual a Gazeta do Sul teve acesso, a edificação apresenta fissuras e rachaduras em diversas partes. “Os tijolos estão se deteriorando na sua base e topo”, diz. Isso significa que não há como preservar sem uma intervenção para recuperá-la.
Conforme Riss, a Prefeitura estuda lançar uma campanha para tentar sensibilizar empresas locais para contribuírem com a obra. “De qualquer maneira, as alternativas estão se esgotando”, alertou o servidor.
A chaminé é uma construção remanescente do complexo fabril da antiga Companhia Brasileira de Fumo em Folha (CBFF), ligada à British American Tobacco (BAT) e que mais tarde se tornou Souza Cruz – hoje, BAT Brasil.
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A empresa se instalou no município em 1917 e suas edificações, incluindo a alta chaminé de tijolos à vista, utilizada para exaustão da fornalha, foram erguidas nos anos seguintes. Além da chaminé, que tem cerca de 30 metros e durante muito tempo foi o ponto mais alto da cidade, também resta no local um reservatório de água de ferro fundida, importado da Inglaterra.
Com vasta experiência em projetos de recuperação de construções históricas – como a antiga escola militar de Rio Pardo, transformada em Centro Regional de Cultura –, o arquiteto Edegar Bittencourt da Luz, de Porto Alegre, entende que a preservação se justifica em função do significado que o bem possui para a história do município. “É uma questão de haver uma mobilização da Prefeitura, do Ministério Público e da comunidade cultural da cidade”, alegou.
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Segundo ele, existem alternativas de captação de recursos externos para intervenções desse tipo, inclusive de forma emergencial. “Se a construção está correndo risco de desabamento, a intervenção não pode demorar muito, até porque está colocando pessoas em risco”, argumentou.
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Luz cita como exemplo outro projeto no qual atuou: a restauração do Solar da Travessa Paraíso, uma das residências mais antigas da Capital, localizada no Morro Santa Teresa, e que também estava sob ameaça de colapso. “Essa casa foi salva por uma intervenção imediatíssima. Estava caindo mesmo”, conta. Nesse caso, a própria Prefeitura aportou os recursos necessários.
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De acordo com ele, uma possível saída seria acionar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), que em outros casos já financiou obras desse tipo em caráter emergencial. Isso dispensaria o caminho das leis de incentivo, que demandam muito mais tempo. “O governo do Estado tem muito recurso para cultura. Seria preciso apresentar o significado e a importância desse bem para a cidade”, salienta o arquiteto.
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