O ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró afirmou ao juiz federal Sérgio Moro que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), “apoiou” o lobista e operador de propinas do PMDB Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, no recebimento de parte de uma propina de US$ 20 milhões da coreana Samsung Heavy Industries. O dinheiro seria relativo à contratação de uma segunda sonda da Petrobrás da série 10.000. O negócio foi acertado em 2006 – na ocasião, Cunha já exercia mandato parlamentar, mas não ocupava a presidência da Câmara.
Cerveró citou Eduardo Cunha em audiência nesta segunda-feira, 18. Ele foi ouvido no processo contra o pecuarista José Carlos Bumlai, acusado de participar da fraude do empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin, em outubro de 2004, cujo destinarário final era o PT, então com dificuldades de caixa após a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
No início da audiência, o juiz Moro advertiu Cerveró, que fez delação premiada para se livrar da prisão – o ex-diretor foi condenado em dois processos na Operação Lava Jato a 17 anos e três meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. “O que interessa à Justiça é apenas a verdade dos fatos”, disse o juiz, acrescentando que Cerveró “não deveria excluir nada nem exagerar qualquer afirmação”.
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Cerveró foi diretor de Internacional da Petrobras entre janeiro de 2003 e março de 2008. Ele falou sobre a contratação de duas sondas Petrobrás 10.000 e citou, além de Eduardo Cunha, o lobista Fernando Baiano. “Houve um acerto de propina com a Samsung de US$ 15 milhões e, na segunda sonda, a Samsung aumentou essa propina para US$ 20 milhões, propina essa que não foi paga. Acabou derivando uma série de dificuldades. Finalmente, só depois de vários anos é que o Fernando Soares conseguiu, através de um apoio do deputado Eduardo Cunha, receber parte da propina devida dessa segunda sonda”, relatou. Segundo Cerveró, a Samsung “ofereceu esses lotes”.
Eduardo Cunha é réu em processo no Supremo Tribunal Federal por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele teria recebido US$ 5 milhões em propinas da Samsung Heavy Industries. O presidente da Câmara tem negado o recebimento de dinheiro desviado da Petrobras.
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