Marlene* tem 47 anos e convive com um dilema todos os dias. Quando retorna das faxinas depara-se com o marido, quase sempre alcoolizado e agressivo. Por conta da mudança de temperamento dele, já perdeu as contas de quantas noites ela e a filha, de apenas três anos, tiveram que passar a noite na casa de vizinhos. Marlene já sugeriu que o esposo procurasse ajuda, porém, ele não aceita.
Casos como o do companheiro de Marlene acontecem com frequência, no entanto, de acordo com a psicóloga Juliana Schenkel, do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (Caps AD III), a maioria dos dependentes químicos busca ajuda por iniciativa própria. “Os pacientes procuram o serviço por estarem em sofrimento, buscando o cuidado especializado”, explica ela.
No Brasil, mais de 8,9 milhões de pessoas com mais de 18 anos têm o hábito de ingerir de uma a duas doses de álcool por dia. Já aqueles que costumam ingerir mais de quatro doses em uma mesma ocasião respondem por nada mais nada menos do que 19,9 milhões de pessoas.
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De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, o consumo de álcool começa a fazer parte da vida do brasileiro a partir dos 19 anos, em média. A ingestão de bebida uma vez ou mais por semana é comum para mais de 35 milhões de pessoas, o equivalente a 24% da população.
Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), 5 a 7% das pessoas que fazem uso esporádico da bebida podem desenvolver problemas decorrentes do álcool. Ainda conforme o CISA, cerca de 30 milhões já tiveram, pelo menos, um problema associado ao uso de bebidas alcóolicas.
Um dos exemplos é o do senhor Mateus de Almeida Castro, de 56 anos. Há dois meses, ele está sendo acompanhado periodicamente pelos profissionais da instituição. “Me sinto bem aqui. Toda vez que me dá vontade de tomar uma purinha, busco conselhos com eles”, conta.
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Uma das oficinas de que Mateus mais gosta de participar é a de artesanato. “Enquanto me ocupo com coisas boas, não penso na bebida”, afirma Castro. Segundo o enfermeiro Daniel Petry, também são oferecidas oficinas de culinária, jardinagem, atividade física e momentos de leitura.
Acolhimento
O acesso ao CAPS AD III é por livre demanda. Assim, ao chegar na instituição, o usuário passará por uma primeira escuta, chamada de acolhimento, onde é construído o Projeto Terapêutico Singular. “O plano de tratamento é constituído entre paciente e profissionais”, explica Juliana. Visitas a domicílio também são realizadas conforme a avaliação da equipe técnica, buscando vincular o usuário ao serviço. Juliana esclarece também que o Caps AD III atende situações de desintoxicação leves a moderadas. Situações mais graves são encaminhadas para casas de saúde.
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Consultório na Rua
Outro serviço oferecido pela instituição é o Consultório na Rua. Uma equipe móvel de saúde presta atenção integral à saúde da população em situação de vulnerabilidade. Profissionais desenvolvem ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Atendimento Psicossocial (Caps), Serviço de Atendimento Móvel de Saúde (SAMU) e hospitais.
Estrutura
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O CAPS AD III conta com 30 profissionais da área de saúde. Médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, nutricionista, assistente social, educador físico, psicólogos, redutores de danos e equipe de apoio. São realizados cerca de três mil atendimentos ao mês, incluindo procedimentos. Podem procurar a instituição maiores de 18 anos. A instituição também conta com a modalidade de acolhimento noturno, com 10 leitos disponíveis.
*Nome fictício para preservar a identidade.
CapsAD III
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Endereço: Rua Marechal Floriano, 1592
Contatos: (51) 3713-3103 e 3713-1851.
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