A maioria dos casais que tenta engravidar, e busca os serviços de fertilidade e reprodução assistida, se preocupa com a possibilidade de doenças genéticas no bebê. Quase todas as pessoas são portadoras de alguma alteração nos genes, mas nem todas manifestam. Por isso, mesmo quando não existe histórico familiar, sempre há uma pequena chance de a criança ter uma patologia hereditária, como fibrose cística e atrofia muscular espinhal, por exemplo.
O Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos, em Porto Alegre, é o primeiro do Sul do Brasil a oferecer o exame de painel genético. A investigação avalia a probabilidade de mais de 300 doenças hereditárias recessivas antes do cruzamento dos gametas. “A diferença da pesquisa de portador para os outros testes genéticos disponíveis no mercado é que permite verificar a compatibilidade dos pais ou de um paciente e o doador de gametas antes da fertilização. Todos os outros estudos oferecidos hoje só são possíveis com o embrião já formado ou com a gestação em andamento. Com o painel genético, já começamos eliminando esse dilema ético”, explica a coordenadora do centro, Isabel de Almeida.
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O exame é feito a partir da coleta de amostras da saliva do paciente. O resultado fica pronto em até três semanas. O custo é baixo, semelhante ao valor que se paga por um exame de sangue comum. O serviço conta com psicólogo e geneticista para aconselhamento pré e pós-teste.
As patologias genéticas representam 20% da mortalidade infantil nos países desenvolvidos. Na maioria dos casos, os casais não sabiam do risco e as mutações foram herdadas de várias gerações. Mas existem testes para avaliar se a pessoa é portadora de um gene que aumente o risco de o bebê ter algumas doenças hereditárias. A escolha do exame indicado depende da história pessoal e familiar, origem étnica e de orientação médica.
O chefe do Serviço de Fertilidade e Reprodução Assistida do Hospital Moinhos de Vento, Eduardo Pandolfi Passos, ressalta que o aumento na procura por clínicas de fertilização fez o assunto ganhar destaque. “Como cresceu a importação de material genético, seja óvulo ou sêmen, e os gametas de doadores já vêm com essas informações, os pacientes querem ter acesso também ao seu painel genético. Com as informações se são ou não portadores de doenças hereditárias, é possível verificar a compatibilidade com o doador e até do casal e avaliar os riscos antes da fertilização”, diz o ginecologista.
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