Colunistas

Centelhas iluminadoras para 2024

„Das neue Jahr sieht mich freundlich an,
und ich lasse das alte
mit seinem Sonnenschein und Wolken
ruhig hinter mir.”
O novo ano me contempla acolhedor e deixo o velho,
com o brilho do sol e das nuvens, tranquilamente para trás
Johann Wolfgang von Goethe

Assim como o grande poeta alemão e universal Goethe, eu pressinto acolhimento para este 2024, quando o Brasil celebrará 200 anos da Imigração Alemã e nossa gentil Santa Cruz, 175. Não tenho como ter certezas, quem as tem? Apenas ouço em mim um presságio que vem de longe, acalentado, entre outros motivos, pelos muitos projetos nos mais diferentes espaços da região, do estado e do país, voltados para eventos, atividades, pesquisas, edição de livros com o intuito de iluminar o passado, revalorizar o legado cultural e celebrar a participação alemã no desenvolvimento de nosso país.

Por outro lado, meu olhar se volta para a realidade do mundo em que vivo – assalta-me apreensão. Por razões diversas das do físico e pensador Georg Christoph Lichtenberg, concordo com ele em seu pensar diante de um novo ano – „Ich kann freilich nicht sagen, ob es besser wird, wenn es anders wird, aber soviel kann ich sagen: Es muß anders werden, wenn es gut werden soll.” – “Decerto não tenho como afirmar que vai melhorar, se for diferente, mas uma coisa eu posso dizer: precisará mudar, se for para ficar bem.”

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Pensando nas palavras de Lichtenberg, ponho-me cá a cismar no que deveria mudar em nossa vida coletiva, para em 2024 ficar bem. Entre muitas urgências que me vêm à mente, penso que precisamos de:
– menos promessas, mais realização;
– menos discórdia, mais caráter;
– menos conversas vazias, mais reflexão;
– menos julgamentos apressados, mais conhecimento;
– menos superficialidade, mais profundidade;
– menos individualismo, mais cooperação;
– menos destruição, mais preservação;
– menos agitação, mais tranquilidade;
– menos ignorância, mais educação;
– menos desmatamento, mais árvores. Acima de tudo, precisamos de respeito. Respeito é a maneira mais simples para lidar com a vida, com todas as vidas.

Pensando em 2024 – ano do jubileu da imigração alemã –, uno-me a uma pequena reflexão em final de ano do grande escritor do realismo alemão Theodor Fontane:

Was werden die Tage bringen?

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Wird’s werden wie es immer war,
halb scheitern, halb gelingen?

Ich möchte leben, bis all dies Glühn
zurücklässt einen leuchtenden Funken.

Und nicht vergeht wie die Flamm’ im Kamin,
die eben zu Asche gesunken.

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O que os dias trarão?

Será como sempre foi,
Meio malogrado, meio exitoso?

Eu gostaria de viver até todo esse fulgor
Deixar para trás uma centelha iluminadora.

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E não esvanecer como a chama na lareira,
Que acaba de se extinguir em cinzas.

Que cada um saiba cuidar de sua herança cultural, da vida e do lugar coletivo em que vive; que cada um de nós possa legar em 2024 uma centelha iluminadora, sinalizadora de dias melhores!

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