Categories: Clóvis Haeser

Cenário político instável

Estava assistindo aos noticiários na TV. A reportagem falava dos protestos em Brasília. Todos os revoltados eram esquerdistas e pertenciam aos pretensos movimentos sociais ligados ao partido que comandou nos últimos 13 anos. Quebraram o País e continuam firmes nas suas convicções. 

A imprensa ajuda a disseminar essas atitudes irresponsáveis. Faz parte do jogo da democracia. Na minha visão, os repórteres deviam ter mais cuidado nas suas intervenções. Insistem em dizer que eram estudantes protestando contra a reforma do ensino e outras preciosidades, apostando que os telespectadores que estavam vendo as cenas eram idiotas que não possuíam o discernimento de interpretar as imagens. Na minha leitura, era uma turba de marginais que, além de saquear, virar e incendiar automóveis, colocava fogo em banheiros químicos. 

O governo Temer está vivendo um momento muito delicado. Essa transição dos dois anos que faltam para novas eleições está transcorrendo com um clima de instabilidade para as instituições democráticas. Esse acirramento de ânimos não faz nada bem para o País. Para agravar a situação, o Legislativo continua aprovando projetos de costas para o povo, com os deputados preocupados em preservar os seus mandatos e as suas mordomias nababescas e se livrar da Lava Jato.
Estamos curiosos com as delações da Odebrecht. Com certeza causarão impacto nos meios políticos. Marcelo Odebrecht e mais quase 80 executivos irão delatar. Estão costurando os últimos detalhes com o Ministério Público. E aí é que mora o perigo.

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Todos sabem da lentidão dos processos judiciais. Esse grande número de executivos envolvidos demandará centenas de testemunhas que terão que ser ouvidas… Os políticos serão julgados pelo STF, que, assoberbado de milhares de processos pendentes, tem a tendência histórica de deixar que os casos expirem por decurso de prazo. Os exemplos estão aí: Maluf, Renan Calheiros e tantos outros.

Estamos vivendo uma crise moral sem precedentes. Ainda bem que o Senado aprovou, em primeiro turno, a PEC 241/55, que trata do teto dos gastos públicos. Ele pode ser explicado com simples palavras que todos entenderão: o governo não poderá gastar mais do que arrecada.

Outras reformas terão que ser enfrentadas, com foco nas previdências privada e pública. Os debates e os protestos serão intensificados. O corporativismo das diversas categorias vai querer impor o seu ponto de vista, defendendo o direito adquirido até as últimas consequências.  

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Nesse momento de transição e de mudanças, devemos ter calma. Não é fácil transformar esse paquiderme de 516 anos. Muitas castas que vivem em torno do poder resistirão a perder suas benesses. E o povo, que paga a conta, está cansado de sustentar essa máquina inoperante que suga nossas riquezas e que esgotou a nossa paciência.

O futuro estará do nosso lado. Não devemos fomentar o perigo da ditadura ou de algum populista irresponsável. É pior. Seja de esquerda ou de direita. Precisamos, isso sim, que as leis funcionem. Chega de confundir democracia com excesso de liberdade, que virará em anarquia. Que os direitos continuem, mas que não nos esqueçamos dos nossos deveres.

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