Os antigos cemitérios, alguns localizados no interior de propriedades rurais, contam histórias, dramas e sofrimentos enfrentados pelas primeiras famílias que ocuparam as terras da região. Um está em Linha Verão (Sinimbu), no sítio do empresário santa-cruzense Gilberto Luis Eidt.
O local, que no passado pertencia a Santa Cruz, tem 15 túmulos. O mais antigo é do imigrante Adam Engelmann, natural de Hunsrück (Alemanha), enterrado em 1875. Ao lado, está seu filho Jacob.
O que mais chama atenção é o túmulo da pequena Metha Catharina Wegener, que nasceu em 12 de outubro de 1890 e que faleceu tragicamente em 20 de maio de 1891. Antigos moradores relatam que seus pais Gustavo e Maria trabalhavam na roça e que o bebê descansava em um balaio, na sombra de uma árvore. Quando foram pegar a criança, ela estava morta, picada por uma jararaca.
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Para externarem sua dor, os pais encomendaram uma grande cruz de ferro. No centro, há uma serpente trabalhada no aço. A obra, de um ferreiro anônimo, é digna de estar em um museu. Os detalhes da cobra são perfeitos, inclusive com as escamas que revestem o dorso.
O cemitério tem seis lápides de crianças, o que levou Gilberto a batizar o local de Cemitério dos Anjos. Além de Metha, estão enterrados Elsa e Albrecht Engelmann, Walter Wegener, Clementine e Elfrida Claas. Os pequenos, geralmente, eram vítimas da difteria.
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O último enterro foi em 1972, de um homem que ganhou muito dinheiro na loteria. Ele gastou sem controle e, quando morreu, não tinha sequer espaço nos cemitérios comunitários. Com isso, foi liberado o sepultamento na área particular.
Eidt conta que muitos questionam por que ele não remove os túmulos, que ficam ao lado da sua casa de campo. Ele responde que não pensa nisso. “Este local centenário só traz paz e tranquilidade. Vou preservar a memória destas pessoas enquanto possível.”
Colaboraram: Gilberto Eidt, Emigdio Engelmann, Vagner Vilasboa, Márcio Scheibler e Nerci Martin.
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