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Celular, o novo cigarro

Assistindo a uma reportagem sobre os 50 anos da internet no final de semana e o que vem por aí, fiquei preocupado e triste. Preocupado porque as previsões indicam que não teremos qualquer tipo de privacidade. E triste porque a vida será muito chata, sem surpresas ou novidades.

Todos os equipamentos de casa serão acionados através de comandos de voz, realidade presente em vários países, inclusive no Brasil. Vamos aposentar definitivamente os controles remotos que devoram pilhas, baterias e energia. O “grande irmão”, preconizado pelo escritor George Orwell no romance 1984 deixou de ser ficção.

Desde a mais tenra idade, os eletroeletrônicos integram o cotidiano de todos nós. É cada vez mais comum ver bebês manuseando smartphones para ouvir músicas, assistir a desenhos animados ou exercitar habilidades através de jogos. Em restaurantes e qualquer lugar público, essa é uma realidade que chega a chocar.

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A internet transformou a vida moderna. A revista Superinteressante traz na capa da última edição a manchete Smartphone: o novo cigarro. A reportagem, realizada no ano passado, relata as armadilhas que transformaram o telefone celular no objeto mais viciante que já existiu. Revela que quase 42% dos brasileiros são viciados ou teledependentes.

As grandes corporações do setor de comunicação mantêm equipes de psicologia e engenharia para que os usuários fiquem mais conectados. O volume de informações cresce vertiginosamente, mas a pergunta que se impõe é: qual a utilidade de tanto conteúdo num mundo onde o tempo é cada vez menor e os temas cada vez mais específicos.

O Brasil é o quinto país no mundo no ranking do uso diário de celulares. No ano passado, os brasileiros passaram mais de três horas por dia usando o celular. Os países onde esse vício tem maior popularidade são Indonésia, Tailândia, China e Coreia do Sul. À primeira vista, os dados podem impressionar, mas o prezado (a) leitor (a) já parou para pensar no tempo gasto todos os dias para sacar o celular do bolso ou da bolsa para ver as novidades? Trata-se de um gesto instintivo já incorporado ao cotidiano.

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Férias, almoços, eventos solenes ou informais. Nada escapa do vício onipresente. É constrangedor constatar que até autoridades de alta patente não resistem a registrar cada momento, fazer um vídeo ou uma selfie. Tudo acaba nas redes sociais. Não há privacidade. Não só pela onipresença das câmeras de segurança interligadas que cruzam informações, mas pela própria incapacidade da maioria dos usuários em manter sua vida privada.

Paradoxalmente, o índice de depressão e solidão só aumenta. No Brasil, mais de 75 mil pessoas foram afastadas do trabalho por depressão em 2016. Somos os campeões nesse quesito na América Latina. E a previsão é de que até 2020 será a doença mais incapacitante do mundo. Para que serve, então, tanta exposição pública, tanta informação pessoal e imagens públicas?

 

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