Recebi com alegria o e-mail com a Normativa 02/2024 do Colégio Mauá, onde o Antônio, meu filho, acaba de ingressar no segundo ano. O título é claro: “restrição ao uso de celular no ambiente escolar”. Já na primeira linha, o texto diz que “a tecnologia, em especial o celular, pode contribuir muito para o desenvolvimento humano, desde que usado com responsabilidade”. E segue lembrando que em caso contrário, pode gerar dependência e provocar doenças, dificuldades de concentração, de aprendizagem além da chamada “intoxicação digital”, mal que atinge muitas pessoas, tendo como maiores vítimas as crianças e adolescentes. A orientação ainda ressalta que um aluno é capaz de levar até 20 minutos para voltar a se concentrar na sala de aula após ter ouvido uma notificação em seu celular.

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O colégio decidiu vedar o uso de celulares e/ou aparelhos eletrônicos sem a devida orientação do professor. Até o quinto ano do fundamental, nem mesmo no intervalo o telefone poderá ser usado nos corredores e demais espaços. “Orientamos aos pais para que aconselhem seus filhos a não trazer celular para o ambiente escolar. O aluno, quando necessário, poderá ligar para os pais usando o serviço de telefonia da Recepção ou da Secretaria Escolar”, complementa a normativa que recebi.

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Dias antes, ao ler que a Prefeitura do Rio de Janeiro publicou decreto que restringe uso de celulares nas redes sociais, torci que a medida se multiplicasse. São Paulo também fez algo parecido bloqueando redes sociais em escolas estaduais. Na Assembleia Legislativa Gaúcha, o deputado Gustavo Victorino (Republicanos) protocolou, no último dia 6, o projeto que proíbe o ingresso e uso de telefone celular nas salas de aula estaduais. Justificou que o objetivo é potencializar o processo educativo e garantir um ambiente propício ao aprendizado e desenvolvimento dos estudantes. Argumenta ainda que essa prática vem sendo adotada em diversos países e cita o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019, que alertava para o risco de exposição excessiva às telas.

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Neste debate, há quem diga que o acesso aos dispositivos se dá em todos os locais e impedir em aula não vai mudar muita coisa. Ao contrário, o aluno vai à escola para aprender com os professores, não com mensagens de WhatsApp e publicações de Tik Tok. É lá que o conhecimento está e é lá que deve ser absorvido.

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Além do que as escolas estão propondo, o que é louvável e necessário, cabe a nós pais também fazermos a nossa parte. Sempre me achei radical ao vetar o celular nas mãos do meu filho, hoje com 7 anos. Mas é simples, ele ainda não precisa. Hoje, vendo que estamos cercados por uma geração que vive grudada nas telas, exposta a riscos, desatenta e alienada, inclusive nos ambientes profissionais, identifico as consequências do descontrole.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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