A Fifa vai oferecer à CBF a possibilidade de triplicar a renda que obtém atualmente com a seleção brasileira e embarcar em um projeto de criação de uma Liga Mundial de seleções, competição que seria realizada nas datas reservadas para os amistosos do time nacional. Por ano, a entidade poderia levar para seus cofres até US$ 50 milhões (cerca de R$ 172 milhões) com a renda do novo torneio, acima até mesmo do prêmio dado ao vencedor da Copa do Mundo.
A proposta será debatida amanhã, em Zurique, pelos presidentes de confederações regionais e pelo chefe da Fifa, Gianni Infantino. Ele surpreendeu ao apresentar ao Conselho da entidade, em março, a ideia de investidores chineses, sauditas e norte-americanos de colocar US$ 25 bilhões (R$ 86 bilhões) em competições oficiais. Os fundos estariam interessados em dois torneios: um Mundial de Clubes a cada quatro anos e uma Liga de Nações, disputada ao longo de todo um ano.
Infantino convocou a uma reunião de emergência para os próximos dias e enviou a todos os conselheiros da Fifa uma avaliação do impacto financeiro da proposta, na esperança de conquistar o voto de muitos deles.
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O projeto que envolve a CBF é um torneio entre nações que utilizaria as hoje conhecidas como datas Fifa. As fases iniciais da competições ocorreriam entre seleções das mesmas regiões geográficas e apenas em quadrangulares finais haveria um cruzamento dos melhores de cada continente.
Na América do Sul, o pacote propõe criar diferentes níveis de renda. Brasil e Argentina poderiam arrecadar até US$ 50 milhões por ano, algo que nem a Copa a cada quatro anos tem condições de gerar. Em 2014, no Mundial do Brasil, a campeã Alemanha ficou com US$ 35 milhões (R$ 120,4 milhões).
Num segundo grupo, seleções como a do Uruguai e Colômbia teriam direito a renda que poderia variar de US$ 25 milhões (R$ 86 milhões) a US$ 35 milhões/ano. Por fim, as equipes mais fracas, como a Venezuela, poderiam chegar a faturar até US$ 20 milhões (R$ 68,8 milhões), algo impensável para equipes modestas.
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No total, o novo torneio poderia gerar uma renda equivalente a US$ 3,2 bilhões (R$ 11 bilhões). Mas viria repleto de obstáculos. O primeiro deles é o de congelar as disputas em regiões, impedindo que o calendário internacional seja aberto de forma mais ampla para amistosos entre times sul-americanos contra europeus.
Por longos períodos, portanto, o Brasil apenas enfrentaria times da América do Sul e não poderia testar sua força contra os europeus, salvo nas fases finais dessa Liga Mundial.
Outro problema é o controle dos torneios por investidores, e não pela Fifa. Na nova competição, a entidade teria 51% das ações. Mas fundos, bancos e empresas passariam a determinar o destino da competição.
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O Estado apurou que a CBF ainda avalia o impacto financeiro do projeto e seus aspectos esportivos. Mas, dentro da entidade, há um sentimento de que, se optarem por barrar a iniciativa, existirá o risco de que os europeus sigam adiante com sua proposta de Liga Europeia.
Na prática, isso encerraria qualquer chance de o Brasil disputar amistosos contra as grandes seleções do Velho Continente e, ainda assim, ficaria de fora do novo torneio.
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