Produtores de tabaco do Vale do Rio Pardo, principalmente da parte baixa, já iniciaram os trabalhos para a safra 2017/2018. Em torno de 95% dos fumicultores da região estão se movimentando para preparar as sementeiras e alguns deles já fizeram a semeadura. No litoral de Santa Catarina, onde é costume plantar mais cedo, há produtores que até transplantaram mudas para lavouras. Na região de Araranguá (SC), em torno de 10% dos agricultores já executaram o transplante e parte deles pode iniciar a colheita daqui a um mês, segundo o gerente técnico da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Paulo Vicente Ogliari.
No entanto, a preparação da nova safra está ocorrendo com cautela em relação à área a ser plantada, porque o preço pago ao produtor está bem abaixo do esperado. Na região, um dos produtores que já fez semeadura e até tem pequenas mudas em formação é Miguel Pick, 47 anos, de São José da Reserva, interior de Santa Cruz do Sul. Ele está com seis canteiros semeados e em 1º de junho semeará outros dois. O transplante para a lavoura deve começar no início de julho e será em três etapas. Ele, assim como outros fumicultores entrevistados pela Gazeta do Sul, pretende seguir a dica das federações de produtores e da Afubra, que é manter ou reduzir a área plantada.
Pick plantou 78 mil pés de tabaco na safra anterior e fará o mesmo este ano. “Se aumentar, piora o preço”, salienta, observando que a comercialização atual está difícil. Segundo Pick, o agricultor está recebendo em média R$ 120,00 ou R$ 125,00 pela arroba de tabaco. Para ele, deveria-se ganhar no mínimo R$ 150,00. Miguel Pick relata que, assim como ele, os outros fumicultores que têm propriedades próximas à sua já iniciaram ou concluíram a semeadura. “A maioria deles vai manter a quantidade plantada na safra passada e alguns vão reduzir. Ninguém pensa em ampliar”, destaca.
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A produtora Luzia Rodrigues da Rosa, 35, de Passo da Areia, interior de Rio Pardo, também pretende manter a quantidade – 32 mil pés. Já Onira Santos Silva, 43, também de Passo da Areia, vai reduzir em 5 mil pés. Foram 30 mil pés cultivados na safra 2016/2017. Na próxima, serão 25 mil. No espaço que vai sobrar, ela fará uma horta para diversificar a produção.
O agricultor Derli Barbosa, 50 anos, da localidade de Serra das Nascentes, interior de Encruzilhada do Sul, vai plantar só a metade da safra anterior, quando cultivou 50 mil pés. Barbosa revela que o próprio orientador informou que tem fumo sobrando no mercado. “O preço teve queda de 20%. As empresas apertaram na classificação”, salientou.
As federações e a Afubra estão finalizando um folheto para distribuir aos fumicultores, no qual orientam a reduzir ou a manter a área plantada, para evitar nova queda no preço. A produção do ciclo anterior nos três estados do Sul, que ainda está em comercialização, é estimada em 695 mil toneladas, podendo ser maior. As entidades representativas dos produtores acreditam que a produção ideal para uma boa remuneração no próximo ciclo deve ser de 588,5 mil toneladas.
Comercialização passa de 80% na região
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Conforme o gerente técnico da Afubra, Paulo Vicente Ogliari, a comercialização nos três estados do Sul até agora atingiu em torno de 70% da safra de tabaco 2016/2017. Já do fumo produzido na região do Vale do Rio Pardo no mesmo ciclo, cerca de 80% foi vendido até a última sexta-feira. Os preços, que estão bem aquém da expectativa, se mantêm na média de R$ 9,00 o quilo do Virgínia e de R$ 8,78 o quilo do Burley. A previsão é que a venda seja concluída no final de julho.
Plantio mais cedo
O fumicultor Miguel Pick está mobilizado nos preparativos para a próxima safra porque prefere plantar mais cedo. “A qualidade do tabaco transplantado mais cedo é melhor, uma vez que não é queimado pelo sol”, defende. Com o início do transplante das mudas para a lavoura previsto para os primeiros dias de julho, ele pretende começar a colheita em outubro e estar com toda a produção colhida até 10 de janeiro.
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O gerente técnico da Afubra, Paulo Ogliari, entende que é um risco muito grande o plantio cedo porque logo vai começar a fazer frio e podem ocorrer geadas, que prejudicam as lavouras. Ogliari acredita que o melhor momento para o transplante das mudas é meados de agosto ou em setembro.
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