A primeira visão da nave principal de grandes catedrais causa uma reação quase física. Uma pausa na respiração e um silêncio contemplativo se tornam necessários para absorver a carga artística, histórica e, principalmente, o simbolismo espiritual das milenares estruturas góticas e romanescas. Líderes políticos e religiosos as construíram, porém, bem mais do que esguios pilares de pedra, elaborados vitrais e esplêndida ornamentação, a piedade e a fé as solidificaram.
Colunas, arcos e contrafortes se abraçam para sustentar o peso de altas torres e paredes. Independentemente de crença ou espiritualidade, é natural que locais aclamados como centros de peregrinação e templos históricos transmitam, no mínimo, perplexidade e reflexão. Preces, agradecimentos e adoração são componentes da intangível catedral da riqueza humana.
Westminster foi concebida como um palco ricamente decorado para os rituais da monarquia. Construída pelo rei Eduardo o Confessor (1003-1066), a Abadia de Westminster só foi consagrada uma semana antes de sua morte. O monarca, canonizado pela igreja católica em 1161, não foi coroado na abadia, mas está sepultado na igreja que idealizou.
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Desde Guilherme o Conquistador, em 1066, foram realizadas 40 coroações de soberanos ingleses e britânicos, afora 16 matrimônios reais. Além das tumbas de 18 reis e rainhas ingleses, escoceses e britânicos, há mais de 3 mil pessoas enterradas no templo gótico. O entorno da nave principal (ambulatório) e as magníficas capelas formam um conjunto de túmulos e memoriais de celebridades políticas, culturais e históricas.
A capela de Henrique VII, posterior ao altar principal, é considerada uma das maiores realizações arquitetônicas do Reino Unido, com extravagantes abóbadas em leque, pendentes e uma decoração inesquecível para homenagear os vários monarcas que ali jazem. Impactou-me ver, frente a frente, os túmulos e as efígies de Maria I (1533-1603), rainha dos escoceses e herdeira de direito do trono de Henrique VIII, e de sua algoz, a “Rainha Virgem” Elizabeth I (1558-1603), que sancionou a decapitação da prima escocesa após aprisioná-la por 19 anos.
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Embora tenha sido uma catedral por um curto período, a Abadia possui hoje o status de Royal Peculiar na Igreja Anglicana, diretamente sob a jurisdição do monarca e fora de uma diocese. As coroações se dão sobre o estupendo pavimento Cosmati, um tapete feito com 90 mil pedaços de vidro colorido e pedras construído por artistas italianos no século 13.
A tradição de enterrar celebridades de fora da realeza na abadia iniciou no século 18. Destacam-se as tumbas dos cientistas Isaac Newton, Charles Darwin e Stephen Hawking, dos artistas Laurence Olivier e George Frideric Handel, dos escritores Charles Dickens e Rudyard Kipling, entre tantas outras. O único túmulo sobre o qual é proibido pisar é o do soldado desconhecido, situado na entrada da igreja desde 1920.
Em frente ao monumento de Isaac Newton, está enterrado o almirante Thomas Cochrane, Marquês do Maranhão no império brasileiro e fundador das Marinhas do Brasil e do Chile. Em visita oficial ao Reino Unido, o então presidente José Sarney pisou sobre o túmulo e exclamou: “Corsário!”. O maranhense aludia ao saque de São Luís, em 1824, promovido pelo comandante escocês pouco antes de retornar ao Reino Unido.
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Além de ter inspirado o nome de um estado e da cidade mais populosa dos Estados Unidos, York se orgulha de seu religioso palácio perpendicular, a maior catedral do norte da Europa. O templo gótico é a principal atração da cidade murada de 180 mil habitantes. Fundada como Eboracum pelos romanos no ano 71 d.C., York foi ocupada no século 9 pelos vikings, que a rebatizaram como Yorvik.
Após a invasão normanda, York tornou-se a segunda maior cidade inglesa e o porte da catedral deriva desse período de abundância. O termo “Minster”, usado em vez de “catedral”, tem origem anglo-saxã, como no caso da Abadia de Westminster. Imerso na esplêndida decoração, marcaram-me os espetaculares vitrais medievais, os mais antigos do mundo.
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