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SÉRIE ASTÚCIA

Cássio Alves teria subornado policiais para fugir, revela Menezes

Foto: Reprodução

Era 23 de junho de 2018. De dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), por mensagem de celular, Antônio Marco Braga Campos, o Chapolin, de 40 anos, determina uma ordem a um subordinado. O número 1 da facção Os Manos manda o santa-cruzense Cássio Alves dos Santos, 35 anos, depositar R$ 100 mil na conta da mãe de sua companheira. Posteriormente, decide pela entrega em espécie do valor e marca o encontro para o dia seguinte. Na tarde de 24 de junho, quatro pacotes de dinheiro – três com R$ 30 mil em notas de R$ 100,00 e um com R$ 10 mil em notas de R$ 20,00 – foram entregues no interior da Catedral São João Batista, maior templo neogótico da América Latina, no centro de Santa Cruz do Sul.

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O episódio foi descoberto pela Polícia Civil e documentado como uma das evidências do crime de lavagem de dinheiro realizado pela facção Os Manos. Durante cinco anos, alguns dos principais segredos da organização criminosa foram descobertos na investigação, que culminou em uma denúncia de 108 páginas do Ministério Público (MP), aceita na íntegra no último dia 28 pela 2ª Vara Estadual de Processos e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro.

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Ao todo, 24 pessoas, entre elas Chapolin, Cássio Alves, o advogado Jean Severo e mais oito santa-cruzenses, foram denunciadas por organização criminosa, lavagem de dinheiro e receptação.

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Atualmente, Chapolin cumpre 86 anos de prisão em Mossoró. Recentemente, foi renovada por mais um ano a sua permanência na penitenciária federal. Cássio Alves, por sua vez, está na Pasc. Ele havia sido capturado pela Polícia Civil na manhã de 18 de janeiro de 2019, uma sexta-feira, em um triplex de luxo avaliado em cerca de R$ 1 milhão no Bairro Avenida, em Santa Cruz do Sul.

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Após um tempo na prisão, recebeu o benefício da tornozeleira eletrônica, mas em agosto do ano passado rompeu o equipamento e fugiu. Foi recapturado em dezembro, em Foz do Iguaçu, no Paraná. “No iPhone apreendido do Cássio, que foi aberto depois em nível de perícia, foram reveladas coisas que não sabíamos. Tem fotografia dele enfardando R$ 1 milhão dentro do apartamento, pra dar pro tráfico”, explicou Menezes.

Menezes investiga a atuação da facção

“Deu pra dar uma dimensão maior da organização criminosa, no sentido de que, por exemplo, estavam negociando aviação pra vir de Ponta Porã direto trazer 200 quilos de droga para o aeroclube de Santa Cruz. São coisas que só soubemos através das informações no telefone do Cássio. A partir disso, essas informações todas subsidiaram o Gabinete de Inteligência do Estado”, complementou.

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Ainda de acordo com Menezes, detalhes apurados na época em que ele esteve foragido indicam que Cássio chegou a ser capturado no Rio de Janeiro, mas subornou policiais e escapou. “Ele foi preso pela Polícia Militar. Mas depois que descobriram que ele era daqui, no foco de uma célula de corrupção, cobraram R$ 500 mil pra liberar. O pessoal do tráfico aqui e em Venâncio tirou dinheiro de tudo que foi boca de fumo, enfiaram meio milhão em um carro alugado e foram pra lá entregar o dinheiro, aí a PM liberou ele.”

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