Duas das investigações que mais geraram comoção ao longo dos últimos meses, na comunidade de Vera Cruz e região, estão próximas da conclusão. Os inquéritos acerca das mortes do empresário Gilson Celmar Timm, no dia 27 de junho, em sua fábrica de barcos em Linha Ferraz; e do jovem Pedro Mans, no dia 2 de agosto, após trágico acidente na estrada de Vila Progresso, ambas em Vera Cruz, estão sob responsabilidade do titular da Delegacia de Polícia Civil do município, Paulo César Schirrmann.
Segundo ele, até o fim deste mês, os inquéritos devem chegar à mesa da juíza Fernanda Rezende Spenner, da Comarca de Vera Cruz. “São duas investigações em fase final. Do Timm, eu tinha apenas uma prova que estava pendente. Agora com tudo em mãos, sem mais depoimentos para colher, estou produzindo o relatório final. Já do Mans, embora eu ainda aguarde uma perícia técnica nos veículos envolvidos, não há mais depoimentos para colher e tudo está praticamente pronto. Pretendo encaminhar as duas à Justiça até o fim da semana que vem”, comentou o delegado.
LEIA MAIS: Homem é morto a tiros em Vera Cruz
Publicidade
De acordo com Schirrmann, a conclusão de ambos os inquéritos demorou mais do que ele previa, em razão de uma série de fatores. “Tivemos uma morte dolosa, a do Timm, e uma culposa, a do Mans. Por envolver o falecimento de pessoas, são casos que necessitam de uma investigação bastante detalhada. Em ambos também houve a necessidade de perícias técnicas por órgãos que não a polícia, então a gente perde um pouco o controle em relação aos prazos.”
O delegado ressalta que no caso Timm, em específico, houve até a exumação do corpo e foi necessário ouvir pessoas de fora do município – o que resultou na espera das precatórias para realizar a tomada das oitivas.
A pandemia do novo coronavírus também contribuiu para a demora na conclusão dos inquéritos. “As delegacias trabalharam quase todo o ano em regime excepcional de horário. Isso dificultou bastante o encaminhamento dos procedimentos, sem contar que todos os dias entram casos novos. Por isso, não se pode apressar uma investigação, sob pena depois de ter um retrabalho. Toda a cautela foi tomada para mandar ao Judiciário ainda este mês um trabalho bem-feito, onde se procurou esgotar todas as possibilidades”, salientou Schirrmann.
Publicidade
LEIA MAIS: Motociclista ferido em acidente morre em hospital de Canoas
Assassinado
Gilson Celmar Timm, de 43 anos, foi assassinado no fim da noite de 27 de junho, junto ao portão da fábrica de barcos da qual era proprietário, em Linha Ferraz, Vera Cruz, no quilômetro 323 da RSC-153 – a três quilômetros do entroncamento com a RSC-287. Dois dias após o crime, os dois principais suspeitos apresentaram-se à Polícia Civil. Um deles, de 21 anos, é William Mateus Timm, filho da vítima; e o outro, também na casa dos 20 anos, de nome Henrique, é primo da namorada de William.
Publicidade
Uma relação de conflito e animosidade já existiria entre Gilson e o filho. Segundo o depoimento da dupla à polícia, ocorreu uma luta corporal com a vítima, que estaria armada. Em certo momento, os dois teriam desarmado Gilson, e Henrique teria feito os disparos em legítima defesa. Após a morte, os dois deixaram a cena do crime. Quem acionou a Brigada Militar foi a esposa de Timm, Angela Terezinha Freese, que mora na cidade, após ser informada sobre o fato pelo filho.
William Mateus Timm concedeu uma entrevista exclusiva à Gazeta do Sul em 18 de julho, 21 dias após o crime. Veiculada na edição de 29 de agosto, após a autorização do próprio William e de seu advogado, ele conta sua versão sobre os acontecimentos da trágica noite em que seu pai morreu. Na ocasião, ele e sua mãe Angela relataram o relacionamento complicado que tinham com a vítima.
William ainda atribui ao primo da namorada o fato de estar vivo. “O Henrique foi meu anjo da guarda, porque ele me salvou naquele momento. Eu ia acabar morrendo naquela noite nas mãos do meu pai, pois jamais ia ter coragem de tirar a arma dele e matá-lo. Se não fosse ele a morrer aquele dia, com certeza seria eu ou a minha mãe”, disse o rapaz na ocasião.
Publicidade
Investigação sobre acidente ouviu 13 pessoas
Pedro Mans morreu às 21 horas do dia 2 de agosto, um domingo, no Hospital de Pronto Socorro de Canoas, para onde foi transferido após receber atendimento no Hospital Vera Cruz. O acidente do qual foi vítima envolveu dois veículos: um Fiat Punto branco e a motocicleta Honda CG Titan azul que ele conduzia.
Publicidade
A colisão aconteceu por volta das 4h15 na estrada de Vila Progresso, em Vera Cruz, a cerca de seis quilômetros de sua residência. O motorista do automóvel teve apenas escoriações leves. Pedro, no entanto, sofreu graves lesões.
Já em Canoas, fez uma cirurgia onde recebeu mais de nove litros de sangue, após ter uma das pernas amputadas. Acabou não resistindo aos ferimentos e morreu vítima de um choque hemorrágico, em razão de politraumatismo de membros. Segundo o delegado Paulo César Schirrmann, a investigação ouviu os depoimentos de 13 pessoas, entre testemunhas, socorristas e o motorista envolvido no acidente. “Poucas vezes ouvimos tantas pessoas em um caso de trânsito”, ressaltou.
LEIA MAIS: Homenagem: Pedro Mans e sua marcante passagem na vida da família
O inquérito sobre o acidente vai definir se o delegado indicia ou não o motorista do automóvel envolvido na colisão com a moto pilotada por Pedro Mans. Um dos itens analisados pela Polícia Civil é o exame de necropsia no corpo do motociclista.
As perícias técnicas que, segundo Schirrmann, ainda estão faltando analisam o estado dos pneus, parte elétrica e estragos gerais, e fornecem estimativas da velocidade dos veículos no momento da colisão. Elas encontram-se a cargo do Instituto Geral de Perícias (IGP), de Porto Alegre.
Não havia nenhuma câmera nas redondezas do local do acidente. Também não foi realizado o teste de alcoolemia no motorista do Fiat Punto. Inicialmente levantada como uma possibilidade pelo delegado, a reconstituição do acidente foi descartada. Os pais Paulo e Kátia Mans, as irmãs Ana Paula e Amanda Luiza e os colegas de CTG Candeeiro da Amizade, Bruna Kohl e Alex Von Martin, receberam a equipe da Gazeta do Sul no dia 6 de agosto e relembraram a passagem marcante do jovem pela comunidade.
“Mesmo sem a perna dele, eu daria o resto da minha vida para pular com ele em uma perna só. Mas eu não estava preparada para perdê-lo”, disse a mãe Kátia, na oportunidade.
LEIA MAIS: ‘Vai fazer muita falta’: o triste adeus ao alegre e dedicado Pedro Mans
This website uses cookies.