Quem passa pela Avenida Gaspar Bartholomay, em Santa Cruz, não deixa de observar o antigo sobrado que existe na esquina com a Rua Castro Alves. Ele guarda muitas histórias e já foi uma das principais referências do Bairro Bom Jesus. Hoje, a região pertence ao Bairro Senai.
O casarão, de dois andares, sacada e três portas de acesso, foi construído pelo espanhol Lino Garcia com o auxílio de Henrique Fernandes (também espanhol). Com mais de 200 metros quadrados, trouxe conforto para ele, a esposa Leopoldina Dockhorn e os 13 filhos.
Lino se estabeleceu aqui em 1920, juntamente com o espanhol Jesus Gil. Os dois vieram a convite do intendente Gaspar Bartholomay para edificar as antigas pontes de pedras da estrada que liga Santa Cruz a Vila Tereza (Vera Cruz), na várzea do Rio Pardinho. Eles gostaram da cidade e acabaram ficando.
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Pronta a moradia, Garcia abriu um mercado no térreo. O local era movimentado e tornou-se uma espécie de rodoviária, pois os ônibus que vinham de Cachoeira do Sul, Santa Maria, Vila Tereza e outros, paravam na esquina. No segundo piso, funcionou até uma escolinha, com almoço oferecido pelo Exército.
Antigos moradores lembram que na frente do casarão existia uma engraxateria, dos anões Arlindinho, Francisquinho e Letícia. O pai, Cristiano, era bodegueiro e pescador. Ele conduzia os irmãos até a Bartholomay em um carrinho de mão, feito em madeira. Apesar de terem um metro de altura, os homens não levavam desaforo para casa e às vezes se envolviam em brigas no Beco do Laçaço.
Lino viveu seus últimos anos de vida em um sítio no interior. O armazém foi alugado para outros arrendatários, até que o filho Valdomiro adquiriu o imóvel dos demais irmãos. Hoje, quem mora no local são seus netos Tibiriçá (Juja) e Ibanez (Xireco).
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