Polícia

Casal responsável por fortaleza de luxo do tráfico no Bom Jesus é condenado

Responsáveis por vender entorpecentes na chamada fortaleza de luxo do tráfico no Bairro Bom Jesus, em Santa Cruz do Sul, um casal foi condenado pelo juiz Assis Leandro Machado, da 2ª Vara Criminal. O homem, conhecido nos meios policiais pelo apelido de Zóio, tem 35 anos, e sua esposa, 31. A Gazeta do Sul teve acesso com exclusividade ao despacho do magistrado.

Zóio foi sentenciado a oito anos e dois meses de prisão pelos crimes de tráfico de drogas e corrupção ativa. Ele está detido no Presídio Regional de Santa Cruz. A mulher também foi condenada por tráfico e recebeu pena de quatro anos, que está sendo cumprida em regime aberto. Ambos foram absolvidos do crime de associação criminosa. A defesa dos acusados recorreu da sentença ao Tribunal de Justiça (TJ-RS).

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Já o promotor de Justiça Eduardo Ritt, responsável pela 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Santa Cruz do Sul e autor da denúncia, apelou para que a pena seja aumentada e se reconheça o crime de associação criminosa para Zóio e a sua esposa. No documento, o juiz Assis autorizou o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) a destruir os entorpecentes apreendidos na residência do casal. Além disso, ele determinou que a quantia em dinheiro apreendida no flagrante seja revertida.

“Tendo em vista ter havido suficiente comprovação de que o total de R$ 12.437,00, depositados judicialmente, foi obtido com o exercício da narcotraficância, declaro-os perdidos em favor da União, valor esse que deverá ser revertido ao Fundo Nacional Antidrogas, via Secretaria do Tesouro Nacional”, destacou o magistrado. Os nomes dos condenados foram mantidos em sigilo pelas autoridades.

Ação da BM quebra esquema criminoso

A ação da FT quebrou paradigmas. Os acusados eram conhecidos dos meios policiais por manterem um dos principais pontos de venda de drogas na cidade, sobretudo para a classe alta de Santa Cruz. O imóvel no Bom Jesus era monitorado fazia muito tempo pelas forças de segurança, mas ninguém até então tinha conseguido desmantelar o esquema criado por Zóio e a esposa.

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Conforme os agentes, não há dúvidas de que era a boca que mais repassava entorpecentes em Santa Cruz. “E ele só vendia droga quando reconhecia o usuário pelas câmeras. Tocavam o interfone e faziam o pedido. Daí ele olhava nas câmeras quem era e fazia a entrega”, revelou um policial, a respeito do cuidado que o traficante tinha no comércio de entorpecentes em sua residência.

Ainda conforme a Brigada Militar, durante a condução de Zóio e sua esposa à delegacia, o traficante tentou ofertar dinheiro aos policiais para que fossem liberados. Um dos PMs perguntou a ele sobre a procedência do alto valor em espécie que havia no imóvel, e ele teria dito: “Pega para você e solta a gente”. Em virtude disso, o homem foi autuado por corrupção ativa.

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O prejuízo ao tráfico na operação foi considerado significativo, não só pela quantidade de porções que seriam vendidas a usuários, mas por retirar das ruas um dos principais traficantes da cidade. Conforme a polícia, as porções mais baratas apreendidas pela FT custavam R$ 20,00. Vendendo mil nesse modelo, entre a madrugada de sexta para sábado e o final de domingo, o casal faturaria R$ 20 mil em apenas dois dias. Multiplicando no mês, daria R$ 80 mil contando somente a venda média realizada nos fins de semana.

Câmeras monitoravam a passagem

O casal foi preso em flagrante pela Brigada Militar (BM) na madrugada de 15 de abril deste ano. Por volta de 2h30, quatro policiais da Força Tática (FT) que, escondidos, monitoravam o local flagraram quando Zóio abriu o portão da residência murada para entregar uma droga pedida por três homens. Nessa hora, armada com fuzis, a guarnição do 23º Batalhão de Polícia Militar avançou e prendeu o traficante. Após a captura no portão, os agentes entraram no imóvel.

A casa, na Rua Dom Pedro II, é uma fortaleza de luxo. Por fora, pouco se vê. É cercada, murada e com um grande portão. Dentro, os PMs encontraram móveis sob medida de alto padrão, piscina, quiosque e câmeras de segurança que monitoravam a passagem dos usuários e da polícia pela rua. Até uma saída nos fundos foi localizada. Nos meios policiais circula o boato de que foi nessa saída, que dá para uma viela e desemboca na Avenida Gaspar Bartholomay, que Zóio teria escapado de um mandado de busca anos atrás.

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Próximo à piscina, na frente de um quiosque, havia uma mesa com grande quantidade de drogas. Ali estava a esposa de Zóio. Segundo a BM, a mulher, de 31 anos, cortava as pontas das buchas de cocaína dos papelotes. Parte do entorpecente já estava fracionada, em porções divididas em quatro cores, de acordo com cada quantidade em gramas. Na mesma parte da moradia, os policiais apreenderam outros itens.

Ao todo, a guarnição apreendeu no local 748 buchas de cocaína já fracionadas para venda; duas colheres com resquícios da mesma droga; um tijolo de cocaína; 34 porções de ecstasy (droga sintética); duas balanças de precisão; quatro rolos de fita crepe nas cores verde, amarelo, branco e transparente; três iPhones; um aparelho de gravação de câmeras e R$ 12.437,00 em dinheiro.

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Cristiano Silva

Cristiano Silva, de 35 anos, é natural de Santa Cruz do Sul, onde se formou, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em 2015. Iniciou a carreira jornalística na Unisc TV, em 2009, onde atuou na produção de matérias e na operação de programação. Após atuar por anos nos setores de comunicação de empresas, em 2013 ingressou no Riovale Jornal, trabalhando nas editorias de Geral, Cultura e Esportes. Em 2015, teve uma passagem pelo jornal Ibiá, de Montenegro. Entre 2016 e 2019, trabalhou como assessor de imprensa na Prefeitura de Novo Cabrais, quando venceu o prêmio Melhores do Ano na categoria Destaque Regional, promovido pelo portal O Correio Digital. Desde março de 2019 trabalha no jornal Gazeta do Sul, inicialmente na editoria de Geral. A partir de 2020 passou a ser editor da editoria de Segurança Pública. Em novembro de 2023 lançou o podcast Papo de Polícia, onde entrevista personalidades da área da segurança. Entre as especializações que já realizou, destacam-se o curso Gestão Digital, Mídias Sociais para Administração Pública, o curso Comunicação Social em Desastres da Defesa Civil, a ação Bombeiro Por Um Dia do 6º Batalhão de Bombeiro Militar, e o curso Sobrevivência Urbana da Polícia Federal.

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Cristiano Silva

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