Em novembro próximo, o casamento de Norberto e Loni Hentschke, moradores da área central de Santa Cruz do Sul, completa 55 anos. Mesma idade têm a residência da família e a horta do casal. Como uma ilha em meio a um oceano de construções, eles cultivam verduras, legumes, frutas, flores, temperos e chás, ensinando que a vida pode ser mais saudável e sempre há espaço para a natureza.
O dia começa cedo na residência do casal. Por volta das 6 horas da manhã, o aposentado Norberto, de 82 anos, acorda. A fiel companheira Brida, a cachorrinha, traz a Gazeta do Sul para dentro de casa e troca o jornal por um biscoito. Enquanto isso, dona Loni, 75 anos, faz o chimarrão. Após a leitura matinal, o marido pega o regador e a enxada, e vai para a horta.
O terreno da família é grande. São 13 metros de frente por 68 de comprimento. Nesse espaço, a maior parte é ocupada pela plantação – aproximadamente 40 metros. “É lá que eu passo as minhas manhãs. Sou eu quem planta e cuida da horta. Pelo menos três vezes por ano, eu viro toda essa terra para deixá-la melhor”, contou Norberto.
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Loni, por sua vez, cuida das flores e prepara a comida com o que brota da horta da família. “Eu amo flores, elas alegram o nosso dia, nesta época do ano ainda mais”, destacou a dona de casa. Na cozinha dela só há produtos naturais, sem agrotóxico, oriundos da horta ou das criações e pomares, que ficam na chácara da família.
A plantação do casal Hentschke inspira quem passa pelo terreno deles. Localizada ao lado de um estacionamento de supermercado, a lavourinha chama atenção. “Esses dias uma senhora parou com duas crianças e pediu para eu explicar como se planta comida. Os jovens não se interessam muito por horta, isso é coisa da gente mais velha”, disse Norberto. No entanto, ele revela que casou, e deu início à horta, com 27 anos – ou seja, quando era jovem. Uma demonstração de que gostar de mexer na terra independe da idade.
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Tudo ali é feito por ele mesmo, do trato com o solo ao plantio e preparação de mudas. As plantas são aguadas com o regador, com água tirada de uma cisterna conectada às calhas da casa. “Ela tem 3 mil litros, dá cem regadores cheios. A gente usa esta porque não dá pra desperdiçar a água tratada”, comentou.
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Produção na ponta da caneta
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Antes de receber a Gazeta do Sul, Norberto fez a contabilidade da horta. Entre frutas, folhosas, verduras, legumes e chás, são mais de 30 itens. “São 460 mudas de couve, 350 pés de alface, 550 famílias de cebolinha para conserva, 340 pés de alho…” e a lista segue, longa.
O chá de camomila em flor lembra que uma vida tranquila passa por uma boa noite de sono. “É o melhor chá para se tomar antes de dormir. Sempre faço uma xícara”, receita Loni.
Norberto e Loni não conseguem consumir tudo o que é plantado. O filho do casal mora nos Estados Unidos, e a filha é casada com o proprietário de um mercado colonial, situado ao lado da residência dos Hentschke. É para esse estabelecimento que vai o excedente da horta. “Nosso genro vende parte da nossa produção. Também é uma forma de contribuir para que outros também tenham uma alimentação mais saudável”, diz o aposentado.
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Antes de encerrar a conversa, Norberto assume o papel do entrevistador. “Eu tenho uma pergunta para ti”, e faz suspense. Ele queria saber há quantos anos assina a Gazeta do Sul, trazida para dentro de casa por Brida todos os dias. Sabendo que sua história irá ilustrar o jornal, ele brinca: “Será que a Brida não vai estranhar?”. Atendendo ao pedido dele, aqui vai a informação: a família assina a Gazeta do Sul há 36 anos, desde 1984.
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